Depoimento de filho reforça que sequestro do Conic foi planejado
Filho de Cevilha contou que a mãe dizia fazer parte de projeto social voltado para crianças. Audiência nesta terça definirá futuro da mulher
atualizado
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O delegado Cristiomário Medeiros, responsável pela investigação sobre o sequestro da pequena Valentina, ouviu nesta segunda-feira (3/7) um dos quatro filhos da acusada pelo crime. Em depoimento, o jovem de 21 anos contou que a mãe, Cevilha dos Santos, 44, dizia fazer parte de um projeto social que auxiliava crianças havia cerca de três meses.
O testemunho reforça a tese de que acusada planejou cada passo do crime. Segundo o delegado, ela fazia faxinas e tem direito ao auxílio-reclusão do ex-marido, que está preso no DF por tráfico de drogas e violência doméstica. “Além disso, utilizou umas reservas de dinheiro que tinha para financiar o crime”, afirma Medeiros.
Para a polícia, Cevilha pretendia criar Valentina, filha da faxineira desempregada Arlete Bastos, 29. A hipótese ganhou força após o depoimento do namorado da acusada, na sexta-feira (30). Aos investigadores, Neilson Souza Silva, 35, disse que a companheira fingiu uma gravidez e que o relacionamento não ia bem. Afirmou ainda só não ter se separado por conta da falsa gestação.O depoimento do filho mais velho da mulher, nesta segunda (3), trouxe mais detalhes da relação de Cevilha com Neilson. De acordo com o delegado, o casamento era conturbado e o atual companheiro chegou a ser ameaçado de morte pelo ex-marido da suspeita. Também aos policiais, o rapaz teria dito que a mãe era agressiva com Neilson.
Cevilha está presa na Cadeia Pública de Planaltina de Goiás (GO), na mesma cidade onde foi localizada. A audiência de custódia da suspeita está marcada para esta terça-feira (4), às 9h30. A polícia já pediu a conversão da prisão temporária em preventiva. Os investigadores acreditam que, se liberada, a acusada pode fugir.
Também na terça (4), deve ser tomado o depoimento de um vendedor que levou Cevilha a um bairro de Planaltina de Goiás para oferecer enxovais a famílias carentes. O modus operandi foi o mesmo utilizado com a mãe da pequena Valentina. Outras duas mulheres que teriam sido aliciadas pela suspeita também já foram intimadas a depor.
Crime
O sequestro ocorreu na manhã da última quinta-feira (29) em uma clínica do Conic, no Plano Piloto. Três dias antes do crime, a acusada abordou Arlete com uma oferta de emprego. As duas então seguiram ao centro da capital para fazer um exame admissional necessário para a suposta vaga. Enquanto Arlete fazia o teste, Cevilha dos Santos desapareceu com o bebê de apenas três meses.
A suspeita só foi encontrada cerca de sete horas depois, em Planaltina de Goiás, enquanto estava em um táxi com destino a Planaltina (DF). Ao ser abordada pelos policiais, a mulher chegou a tentar fugir e ameaçou matar a pequena Valentina. A criança, no entanto, foi devolvida aos pais sem ferimentos.
Família
Aliviados por ter a filha de volta, Arlete e o marido, Valdir Rodrigues dos Santos, 32, agora têm outra preocupação: o desemprego. O pai está sem trabalho fixo há cerca de três anos e a mãe parou de fazer faxina desde o nascimento de Valentina. Desde então, o casal tem dificuldades para sustentar os filhos e a casa humilde onde moram, na Vila Rabelo 2, em Sobradinho.
“Não está sendo fácil. Temos que alimentar quatro filhos e, neste momento, não temos renda nenhuma. Apesar de toda a dificuldade, o mais importante é nós termos amor e união”, afirmou a mulher ao Metrópoles.
Ajude
Quem quiser oferecer uma oportunidade de emprego e ajudar a família de Valentina com mantimentos, fraldas e roupinhas, pode entrar em contato com a mãe da criança, Arlete Bastos, pelo telefone (61) 98567-0120.