Delegados da PF organizam corrida contra a corrupção em Brasília
Os policiais também pedem apoio para a aprovação da PEC 412 que prevê a autonomia funcional e administrativa da categoria
atualizado
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Em 5 de junho, a Esplanada dos Ministérios vai ser palco de uma grande corrida contra a corrupção. A 1ª Corrida Contra a Corrupção – Autonomia e fortalecimento da Polícia Federal tem como objetivo conscientizar os brasileiros sobre a importância dos trabalhos da PF e pede apoio para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 412/2009 (PEC 412) – que prevê a autonomia funcional e administrativa da categoria. O evento integra uma série de ações programadas pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF).
A partir das 9h, atletas ou amadores de todas as idades poderão correr ou caminhar, além de visitar estandes com informações sobre a campanha. A associação busca o apoio da comunidade para acelerar o processo da PEC que, antes de ser promulgada e passar a valer efetivamente, ainda precisa ter a admissibilidade aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), da Câmara dos Deputados, e depois ser aprovada, em dois turnos, por três quintos dos deputados e dos senadores.“A proposta é de 2009 e está pronta para ser apresentada na comissão. Precisamos de todo apoio possível para pressionar os parlamentares. A PF vem fazendo um ótimo trabalho, mas um órgão que investiga o poder público não pode ser tão dependente do governo”, explicou o diretor regional da ADPF, Luciano Leiro. “Queremos apoio porque, sem interferências financeiras, orçamentárias e administrativas, temos melhores condições para ter autonomia nas investigações”, completou.
A corrida terá três modalidades distintas: 3km de caminhada (aberto para crianças), 5 e 10Km (a partir dos 15 anos) de corrida com largada e chegada na Esplanada dos Ministérios (próximo à Catedral de Brasília). As inscrições podem ser feitas pelo site até o dia 27 de maio.
O valor da inscrição é de R$ 50 para as modalidades de corrida. Quem quiser caminhar paga R$ 40. Pessoas com idade superior a 60 anos, ganham 50% de desconto no valor integral da inscrição. Parte do dinheiro arrecadado será doado para o projeto brasiliense Cão-Guia.
“Fazer essa corrida no meio da esplanada tem uma representatividade muito grande. Uma vez que a corrupção está sempre atrelada ao poder público. A corrupção impede que investimentos cheguem aos hospitais e escolas. Precisamos melhorar a imagem do Brasil”, ressaltou Luciano Leiro.
Categoria dividida
A PEC 412/09 é criticada por outros servidores da PF. Alguns policiais defendem que o texto representa mais as demandas classistas dos delegados do que os interesses institucionais.
Entre as críticas, policiais federais dizem que a PEC nasceu errada por ter sido promovida, pensada e construída pela entidade de delegados, “sem qualquer participação, discussão, colaboração ou qualquer tipo de acordo em qualquer nível com outras categorias”.
“E é justamente por interessar apenas aos delegados que essa PEC tem uma tramitação tão lenta”, disse o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Boudens. A entidade representa majoritariamente agentes (7 mil), escrivães (1,7 mil), servidores da área administrativa (3 mil) e papiloscopistas (400) da PF.
Integrantes da ADPF se defendem afirmando que as mudanças beneficiarão toda a instituição. “Aumentos salariais precisam de autorização do Congresso Nacional. Temos 500 vagas abertas para delegados, mas precisamos da autorização do Ministério da Justiça. São profissionais que poderiam investigar outras operações Lava Jato ou Zelotes, por exemplo”, disse Luciano Leiro. Ainda segundo a ADPF, PEC também vai permitir que a PF não dependa de autorização do Ministério da Justiça para fazer operações. (Com informações da Agência Brasil)