Delegado-geral da PCDF pede exoneração de delegado flagrado com plantação de maconha
Marcelo Noronha atualmente integrava a Comissão Permanente de Disciplina da PCDF. Ele será indiciado por tráfico e associação para o tráfico
atualizado
Compartilhar notícia
O delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Robson Cândido, pediu a exoneração do delegado Marcelo Marinho de Noronha, flagrado com uma grande plantação de maconha. A prisão ocorreu nessa sexta-feira (4/12) em decorrência de ação coordenada pela Corregedoria-Geral da corporação.
Noronha é delegado da 1ª classe. Ele já atuou na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) e atualmente integrava a Comissão Permanente de Disciplina (CPD) da PCDF. O policial será indiciado por tráfico e associação para o tráfico. Se condenado, pode pegar pena de até 15 anos.
Conforme revelou o Metrópoles no sábado (5/12), o delegado foi flagrado com diversas espécies de sementes e mudas, além de plantas já desenvolvidas, em um lote no Distrito Federal. Além de Noronha, foram presos a esposa e dois filhos dele, identificados como Teresa Cristina Cavalcante Lopes, Marcos Rubenich Marinho de Noronha e Ana Flavia Rubenich Marinho de Noronha, respectivamente.
Investigações apontam que eles atuavam com sementes internacionais, de forma especializada. O espaço contava com estrutura de iluminação e estufa para condicionamento do entorpecente.
Procurada pelo Metrópoles, a corporação confirmou a ação e disse que a Corregedoria-Geral de Polícia Civil tem total autonomia para trabalhar.
O outro lado
Advogado da família, Cleber Lopes disse que a plantação era para consumo próprio e faz parte de um projeto do delegado para desenvolver tecnologia referente à produção do canabidiol (substância derivada da maconha) para uso terapêutico. A defesa refuta a ligação com crime: “A polícia não reuniu nenhum elemento externo que pudesse relevar tráfico”.
Lopes pontuou que “não tem nenhum laudo nos autos dizendo que a quantidade de planta seria capaz de produzir determinada quantidade de entorpecente para consumo”. “Não há nenhuma informação de que eles se dedicassem ao tráfico de entorpecente. O Marcelo é delegado de polícia de classe especial, já foi diretor de presídio. Ele tem receita recebida nos Estados Unidos para uso da cannabis com finalidade terapêutica e achou melhor produzir do que comprar”, afirmou.
Segundo o advogado, o delegado tinha propósito de desenvolver tecnologia a fim de produzir o canabidiol para tratamento contra doenças. “É uma realidade mundial, e os juízes no Brasil já estão deferindo liminares para que pessoas façam uso do canabidiol. Ele enxergou nisso uma possibilidade interessante, passou a estudar o assunto, viajou para os EUA várias vezes, participou de congresso sobre o tema. O Marcelo chegou a fazer minuta de contrato social de empresa e estava procurando uma forma de regularizar isso na Anvisa para poder fazer pesquisa. Errou em começar antes da autorização”, assinalou. Lopes.