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Delegado da PCDF diz que Luiz Estevão seria o “Dono do Presídio”

Foram apreendidos pendrives, chocolate, documentos e anotações nas celas do ex-senador e dos ex-ministros José Dirceu e Geddel Vieira

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Luiz Estevão
1 de 1 Luiz Estevão - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A Polícia Civil do DF apura se o ex-senador Luiz Estevão seria o “Dono do Presídio”. A informação foi dada pelo delegado Thiago Boeing, nesta segunda-feira (18/6), durante entrevista para explicar os detalhes da Operação Bastilha. No domingo (17), agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na cela em que Luiz Estevão divide com o petista José Dirceu.

A diligência é da Coordenação de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), chefiada pelo delegado Fernando César Costa. O ex-ministro Geddel Vieira também foi alvo da ação. Ele ocupa outra cela no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário da Papuda.

Estevão e Dirceu dividem a Cela 4 da Ala B, localizada no Bloco 5 do CDP da Papuda. Geddel também está preso no mesmo setor, mas fica na Ala A. Entre as duas estruturas não é possível a comunicação. Há um corredor separando os locais.

De acordo com Boeing, Luiz Estevão usava a biblioteca como um escritório. “Apreendemos quatro pilhas de documentos das empresas e diversas anotações”, explicou. Foram levados, ainda, cinco pendrives que estavam guardados na mão do ex-senador quando ele foi abordado pelos agentes, uma barra de chocolate Garoto, cereais e uma tesoura.

Conforme contou o policial, Luiz Estevão se mostrou tranquilo ao ser questionado sobre os objetos e afirmou que os itens sempre estiveram no local. Com Geddel e José Dirceu, foram apreendidas anotações. Segundo informação do delegado Thiago Boeing, um bilhete atribuído ao ex-ministro petista foi encontrado dentro de um caderno, onde constariam instruções de como proceder para ter autorização de receber visita de menores fora do horário. As orientações teriam sido dadas pelo ex-senador.

“As investigações vão continuar para saber se teve um outro crime cometido pelos detentos e por agentes penitenciários”, destacou Boeing, ao falar a respeito das supostas regalias.

Segundo a Polícia Civil, as investigações tiveram início há quatro meses, quando chegaram ao conhecimento da Divisão de Repressão às Facções Criminosas informações sobre supostas ameaças realizadas por internos do sistema prisional do DF contra agentes públicos, entre eles delegados de polícia e juízes.

“Foi instaurado inquérito policial para investigar os fatos e, no decorrer das apurações, as ameaças não foram confirmadas. Porém, surgiu a informação da concessão de regalias em benefício aos citados ex-agentes políticos, presos e recolhidos no Centro de Detenção Provisória (CDP)“, explicou o delegado Fernando César Costa.

Ainda de acordo com o titular da Cecor, os mandados foram expedidos em abril, mas os policiais estavam esperando o momento certo para cumprir as buscas. Segundo Fernando César, a data escolhida foi o dia da partida de futebol entre Brasil e Suíça, na estreia da Seleção Brasileira na Copa da Rússia. A operação contou com a participação de 35 policiais.

Sobre supostas regalias, o delegado também citou o fato de Luiz Estevão dividir alojamento apenas com um preso, no caso José Dirceu, “uma vez que as celas naquela ala são ocupadas por pelo menos oito pessoas”. Até o início do mês, a dupla dividia o espaço com os deputados Celso Jacob (MDB-RJ) – o parlamentar cumpre prisão domiciliar desde 7 de junho –, e com João Rodrigues (PSD-SC), que, na semana passada, progrediu para o regime semiaberto.

As buscas foram autorizadas pela Vara Criminal de São Sebastião. A ação foi gravada, mas as imagens não serão divulgadas para não expor o interior da cadeia.

Superdelegacia
A Coordenação de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF foi criada em janeiro deste ano, com o status de uma superdelegacia. Comandada pelo delegado Fernando César Costa, a megaestrutura é apontada com um instrumento do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) para intimidar seus rivais em ano eleitoral.

A operação ocorre um ano e meio depois de policiais lotados na Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe) vistoriarem o local e recolherem uma cafeteira e cápsulas de café, além de chocolate e macarrão.

O empresário Luiz Estevão é o que está há mais tempo na Cela 4. Ele cumpre pena há dois anos e dois meses por peculato, estelionato e corrupção ativa em virtude do episódio referente às obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP).

José Dirceu foi condenado a 30 anos e 9 meses de reclusão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema da Petrobras. Ele chegou à Papuda em 18 de maio de 2018.

Geddel Vieira Lima foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de investigação. Denunciado na operação Cui Bono?, também virou alvo de diligência da Polícia Federal após serem encontrados R$ 51 milhões dentro de malas em um apartamento ligado a ele, em Salvador (BA).

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