“Dei comida e casa, mas ele a matou”, desabafa mãe de Ana Íris
Sob efeito de calmantes, Gracinha contou ao Metrópoles como era a rotina da filha e a convivência com o assassino confesso da criança
atualizado
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Revolta e dor são os sentimentos de Maria das Graças dos Santos, Gracinha, 28 anos, mãe da menina Ana Íris Mendes dos Santos. Três dias após a prisão do primo da garota, S., que confessou a morte para encobrir o crime de estupro, a raiva e o sofrimento não diminuíram.
Gracinha ainda arruma os pertences da menina e conta que os outros irmãos perguntam o tempo todo sobre ela. “Um dos meus filhos pequenos me pediu para eu ensinar ele a rezar para a Aninha voltar”, conta, ainda em estado de choque. Ela tem passado os dias sob o efeito de calmantes e tentando se ocupar para conseguir sobreviver à morte da primogênita.Na hora de falar sobre o autor do crime, a mãe se revolta: “Eu quero que seja feita justiça e ele pague pelo fez com a minha família. Eu o ajudei, dei comida, ele tomava banho aqui, dormia aqui com meus filhos”, desabafa.
Ainda no domingo do desaparecimento, o menor esteve num evento familiar. “Ele já tinha pegado a menina e estava lá comendo com a gente, como se nada tivesse acontecido”, fala Cleonice Santos, 25 anos, tia de Ana Íris. “Ele enganou a todos, é um bom ator mesmo”, conclui.
Nos dias seguintes ao desaparecimento da jovem de 12 anos, S. seguiu no convívio dos parentes. “A gente não desconfiava dele porque o comportamento foi normal todo esse tempo”, lembra Cleonice. A família conta que só soube da autoria do crime depois que o menor foi agredido por moradores do Morro do Sabão. “Quando chegamos lá, ele achou que a gente já tinha descoberto e aí confessou”.
Com 16 anos, o menor S. morava sozinho nas proximidades do Morro do Sabão – uma invasão a poucos metros de distância da casa de Ana Íris. A mãe dele desapareceu há 11 anos e o pai está preso por violência doméstica e tentativa de homicídio contra uma ex-mulher. Todos relatam que o rapaz era calmo, calado, não tinha namoradas e nunca se envolveu em nenhum episódio de violência ou com drogas. “Ele ficava com a gente muito tempo, o comportamento sempre foi tranquilo, parecia bom menino”, fala Gracinha.
Ele morou por vários meses na casa de Gracinha, dormia no mesmo quarto que Ana Íris e seus quatro irmãos. A mãe conta que ele só saiu da casa porque ela estava sem condições de manter todos. “Depois de um tempo, eu já não tinha como sustentar mais uma pessoa, aqui falta até para a comida, e pedi para ele sair de casa”. O jovem foi morar no barraco do pai, mas continuou a frequentar a casa de Gracinha normalmente.
“Não vou mais acolher ninguém aqui em casa, nem parente. Também não deixarei meus filhos com outras pessoas, só na escola”, revolta-se a mãe de Ana Íris. Gracinha se culpa por ter auxiliado a pessoa que matou sua filha. “A gente ajuda a pessoa e não espera uma coisa dessas, ele vinha aqui, eu dava um prato de comida, nunca neguei nada para ele.”
Criança de tudo
Ana Íris era ainda uma menina, não tinha “virado mocinha”. Brincava com os irmãos e primos sempre nas redondezas, só andava com familiares.
Gracinha conta que a filha era boa aluna, estava sempre brincando com os irmãos. “Não vou poder viver esse momento com a minha filha, ver ela ficar mocinha, crescer”. A mãe conta que vai guardar a mochila da escola e um vestido azul que Ana Íris adorava. “Ela ficava rodopiando quando usava ele, dizia que era de princesa. Sempre me pedia para lavar com todo cuidado, para não estragar, era uma menina muito doce”.
Familiares estão tentando ajudar a família de Ana Íris. No momento, eles precisam de doações de comida e de recursos para arcar com o enterro da garota. Quem quiser colaborar pode entrar em contato no (61) 98596-2375.