Defesa pede adiamento de oitiva de Mauro Cid na CPI do DF, mas presidente do colegiado nega
Segundo presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos do DF, depoimento de Mauro Cid para a próxima quinta-feira está confirmado
atualizado
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O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em andamento no Distrito Federal, negou o pedido da defesa de Mauro Cid para adiar o depoimento do ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o indeferimento do pedido, a oitiva de Cid fica confirmada para a quinta-feira (24/8), a partir das 10h.
“Ele já havia confirmado a participação. Depois, o advogado fez um pedido de adiamento, dizendo que não leu o processo. Mas eu indeferi, porque não tem esse trâmite de processo em uma CPI. Então, está confirmado o depoimento, e o Mauro Cid tem a obrigação de comparecer, até porque o ministro Alexandre de Moraes já autorizou”, ressaltou o presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT).
Na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), em 11 de julho, Cid fez uso do direito ao silêncio em praticamente toda a oitiva. Ele se recusou a responder perguntas em mais de 40 ocasiões, e se calou durante mais de sete horas. O depoente se recusou, inclusive, a responder questões básicas, como informar a própria idade (veja aqui).
Preso desde maio no âmbito de investigação sobre falsificação de cartões de vacina, Cid foi o braço direito de Bolsonaro ao longo do último governo, que acabou não sendo reeleito. A Polícia Federal cumpriu o mandado de prisão dentro da operação que investiga uma associação criminosa acusada pelos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
As inserções de dados falsos ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e tiveram como consequência a alteração da verdade sobre a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários. O próprio Bolsonaro teria o cartão de vacina adulterado, além da filha mais nova dele, Laura, 12 anos; Mauro Cid, a esposa e a filha dele.
“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”, diz a PF.
O objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação às suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19. Ao Metrópoles, nesta segunda-feira (21/8), o advogado de Mauro Cid negou preocupação com Bolsonaro: “Ele se preocupa com ele”.
“Ele tem muitos problemas para se preocupar com o outro lado. Ele se preocupa com ele, com a família dele, só. É indiferente [com Bolsonaro]. Não tem preocupação com o outro lado. Não sou contra nem a favor do Bolsonaro, nem ele”, afirmou Cezar Bitencourt. Desde que assumiu a defesa de Cid, na semana passada, Bitencourt tem falado que Cid vai admitir a venda do relógio Rolex nos Estados Unidos.
Apesar de versões conflitantes, o advogado tem mostrado que pode complicar a vida de Bolsonaro, ao afirmar que o tenente-coronel cumpriu ordens do então chefe.