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Defensoria aluga, sem licitação, prédio de investigada na Lava Jato

Contrato de edifício no Setor Comercial Norte tem o custo de R$ 5,3 milhões até junho de 2019. Imobiliária foi alvo de operação policial

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1 de 1 WhatsApp Image 2018-08-24 at 22.14.46 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) alugou, sem licitação, um prédio que pertence à Serra Bonita Imóveis. A empresa tem Sebastião Alves Correia como sócio e é investigada pela Operação Perfídia, um desdobramento da Lava Jato.

Os três pavimentos ocupados no Edifício Rossi Esplanada Business, na Quadra 1 do Setor Comercial Norte (SCN), têm quase quatro mil metros quadrados, com 10 vagas na garagem. O primeiro contrato foi fechado para o período de 23 de junho de 2017 a 22 de junho de 2018, por R$ 2.704.091,06. O acordo foi renovado até o meio de 2019, por R$ 2.649.560,71. O total chega a R$ 5,3 milhões.

O prédio locado no SCN se soma a outra polêmica envolvendo edifícios ocupados pela DPDF: a mudança de sede de um prédio no Setor Comercial Sul, em 2015, para outro no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). À época, o custo anual saltou de pouco mais de R$ 700 mil – num imóvel no centro de Brasília – para mais de R$ 1,5 milhão numa região com vocação industrial.

Naquela ocasião, também houve dispensa de licitação e o contrato foi questionado pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e pelo Tribunal de Contas local (TCDF). O imóvel no SIA pertence à família do ex-deputado Leonardo Prudente, que foi flagrado guardando dinheiro nas meias – o vídeo veio à tona na época da Operação Caixa de Pandora. Leonardo é pai do distrital Rafael Prudente (MDB).

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Defensoria Pública do DF ocupa, sem licitação, quatro mil metros quadrados em prédio da Asa Norte
Fachada do edifício Rossi Esplanada Business, onde núcleo da Defensoria Pública está instalada
Edifício sede da Defensoria Pública do DF também foi alugado sem licitação e pertence à empresa de ex-deputado condenado por improbidade administrativa na Operação Caixa de Pandora
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Prédio no SCN tem 11 guichês e presta assistência jurídica em várias áreas

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Defensoria Pública do DF ocupa, sem licitação, quatro mil metros quadrados em prédio da Asa Norte

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Fachada do edifício Rossi Esplanada Business, onde núcleo da Defensoria Pública está instalada

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Edifício sede da Defensoria Pública do DF também foi alugado sem licitação e pertence à empresa de ex-deputado condenado por improbidade administrativa na Operação Caixa de Pandora

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O acordo de locação do prédio no SCN, mediante dispensa de licitação, foi assinado pelos sócio-administradores da Serra Bonita, Maria Cleide Oliveira Correia e Sebastião Alves Correia, e pelo defensor-geral à época, Ricardo Batista Sousa, também responsável pela contratação da nova sede, no SIA. Em junho de 2018, sob a gestão da defensora Maria José Silva Souza de Nápolis, o prazo foi renovado por mais um ano.

Reprodução/Receita Federal

Dispensa de licitação
O capital social da locatária informado à Receita Federal é de R$ 578 mil, cerca de um quinto do valor que recebe por ano apenas com o aluguel do imóvel para a Defensoria. Na ficha do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica da imobiliária, datado de novembro de 2005, consta como atividade econômica principal o aluguel de imóveis próprios.

Nos dois casos nos quais não houve concorrência, a Defensoria Pública do DF alegou dispositivo da Lei de Licitações n° 8.666/93, art. 24, o qual considera o procedimento dispensável para compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades básicas da administração.

O texto autoriza a dispensa nos casos “cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia”. O local, de acordo com a DPDF, foi escolhido devido ao fácil acesso e à grande circulação de pessoas. É possível percorrer a distância entre o prédio e a Rodoviária do Plano Piloto em menos de 10 minutos.

A unidade do SCN oferece serviços de assistência jurídica nas áreas de execução de medidas socioeducativas, saúde, direito do consumidor, execuções penais, fazenda pública e outros tipos de atendimento para a população de baixa renda.

Reprodução/DODF

Na época em que o contrato com a Serra Bonita foi renovado, um boato surgiu entre os servidores. O rumor era de que a DPDF iria transferir a sede do SIA para o imóvel na Asa Norte, onde as instalações são menores.

O caso repercutiu dentro do órgão e motivou a Defensoria a divulgar uma nota pública na qual negou a intenção de transferir a sede no SIA para o núcleo na Asa Norte. Segundo o órgão, o próximo certame será realizado na modalidade concorrência pública, de forma a garantir a maior participação possível de eventuais interessados.

Reprodução

 

Investigações
A Operação Perfídia, na qual Sebastião e sua empresa são citados, investiga lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e evasão de divisas. A ação resultou no cumprimento de 100 mandados, sendo 55 de busca e apreensão, 43 de condução coercitiva e dois de prisão temporária em diversos endereços. A Serra Bonita teria ligação com Habib Chater, dono do Posto da Torre e um dos primeiros presos da Lava Jato.

A reportagem encaminhou e-mail, entrou em contato via telefone e esteve no endereço da imobiliária, localizada no condomínio Beach Park, no Setor de Hotéis de Turismo Norte (SHTN), à procura de representantes da empresa. Em nenhuma das tentativas os sócios foram localizados.

O Metrópoles forneceu todos os contatos da reportagem para que a imobiliária manifestasse sua posição sobre as acusações feitas durante a Operação Perfídia e a respeito do contrato de locação com a Defensoria. No entanto, até a última atualização deste texto, a Serra Bonita não havia dado nenhum retorno.

Outro lado
Após a publicação desta reportagem, a Defensoria Pública do DF divulgou uma nota na qual expõe as razões da contratação de aluguel sem licitação. O órgão informou que tomará todas as medidas cabíveis, inclusive judiciais, e, em caso de constatação de qualquer irregularidade, determinará a instauração de sindicância interna para fins de apuração. Além disso, se colocou à disposição de todos os órgãos de controle para esclarecimentos.

Segundo a Defensoria, na unidade do SCN, a eventual paralisação dos serviços prestados pela Instituição provocaria lesão irreparável a incontáveis pessoas em situação vulnerável. “A prorrogação do contrato era imperativa para a preservação dos direitos de pessoas que necessitam e confiam nos serviços da Defensoria Pública para a restauração de seus direitos e a proteção de sua dignidade”, defendeu, em nota, o órgão.

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