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Defensoria abre ação contra o GDF por falta de cateterismo na rede pública

Órgão pede informações sobre a fila de espera do SUS para a realização do cateterismo cardíaco no Hospital de Base e no ICDF

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Hospital de Base, administrado pelo Iges-DF
1 de 1 Hospital de Base, administrado pelo Iges-DF - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) ajuizou uma ação civil pública contra o GDF devido à suspensão de cateterismo cardíaco em unidades da rede pública de saúde. No processo, o órgão pede informações detalhadas e atualizadas sobre a fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS) local, para a realização do procedimento, além da regularização do atendimento nos hospitais do DF.

Em agosto, admissões de novos pacientes no Instituto de Cardiologia do DF (ICDF) foram interrompidas por falta de recursos. A situação afetou diretamente o serviço de cateterismo cardíaco e sobrecarregou as demais unidades executantes.

A Defensoria Pública informou que, em novembro, a sobrecarga também levou à suspensão de atendimento no Hospital de Base. Como consequência, também ficaram bloqueados vários dias de atendimento na única unidade em funcionamento, o Hospital Universitário de Brasília (HUB).

Conforme a DPDF, o total da demanda reprimida alcançou, no último dia 11, o número de 942 pacientes em fila de espera pelo procedimento na rede pública. Entre outubro e novembro, de acordo com o órgão, a fila de pacientes na prioridade vermelha aumentou 80%.

“A principal consequência dessa situação é o prolongamento do tempo de internação de pacientes cardiopatas, que seguem hospitalizados sem acesso ao tratamento devido e com riscos de agravamento de sua condição de saúde, inclusive com risco de óbito”, argumenta a defensoria no documento.

Ao Metrópoles, o defensor Ramiro Santana, um dos envolvidos no processo, informou que o principal objetivo da ação é que a disponibilidade do serviço seja ampliada “com urgência”.

“A situação é mais grave do que parece. Além de não dar conta de atender os graves, fica uma fila de pacientes não graves que também têm de ser atendidos. Então, esse retrato é muito preocupante”, alerta.

Sem atendimento

Paciente do ICDF, Carlos Augusto de Souza Soares, 42 anos, tentou realizar um cateterismo cardíaco na unidade durante dois meses, mas sem sucesso. Ele fez um transplante de coração, em 2009, e acompanhamento médico no instituto desde então. No último dia 7, ele conseguiu o procedimento, mas, pela rede particular, após pagar R$ 5 mil.

“Eu fui três vezes ao ICDF, mas não fui atendido. Já não estava aguentando mais de dor. Aí, graças a Deus, um grupo de amigos fez uma vaquinha para me ajudar e eu consegui fazer o cateterismo, em Luziânia”, conta.

“Já estava com a veia do coração totalmente entupida. Eu iria morrer, teria um infarto a qualquer momento por conta dessa falta de atendimento. Tive muita sorte que meus amigos me ajudaram, porque eu não tinha condições, fiquei desempregado por conta da crise e não tinha como pagar isso sozinho”, relata Carlos.

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Hospital de Base
HUB também foi afetado, segundo a DPDF
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Instituto de Cardiologia do DF passa por crise financeira

EBC/DIvulgação
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Hospital de Base

Mike Sena/Especial para o Metrópoles
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HUB também foi afetado, segundo a DPDF

Divulgação
O que dizem os hospitais envolvidos

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), que gerencia o Hospital de Base, negou a suspensão de cateterismo na unidade. Sobre a ação civil, o Iges-DF acrescentou que não foi notificado.

“O HB está atendendo a todos os pacientes que precisam de cateterismo de emergência, para os quais os estoques de materiais estão sendo direcionados neste momento. A partir dos próximos dias, quando os estoques serão novamente reabastecimentos, pacientes eletivos também serão atendidos”, disse, em nota.

Da mesma maneira, o HUB também destacou que, “em nenhum momento, os procedimentos de cateterismo cardíaco foram suspensos”. “Em novembro, o número de atendimentos dobrou em comparação com outubro, e a previsão é encerrar o mês com 140 procedimentos realizados.”

Em nota, o ICDF disse que não recebeu a notificação sobre a ação da DPDF e que, portanto, não comentará o documento. No entanto, o instituto confirmou que, desde 20 de agosto, enfrenta redução de atendimentos devido à escassez de insumos.

“Desde essa data estão suspensas todas as internações eletivas. Exceção feita à hemodinâmica, que também estão suspensos os tratamentos agudos. Não houve interrupção do atendimento de cirurgias cardíacas de emergências, principalmente pediátricas e transplantes”, diz o texto. “A diretoria segue empenhando todos os esforços na solução do problema, para o mais breve possível, permitir a retomada de todos os atendimentos, com qualidade e segurança à população”, finaliza a nota.
Também procurada pela reportagem, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal informou que não foi intimada na ação.

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