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Defensores dos animais se mobilizam contra PL que torna vaquejada em esporte

Segundo movimentos dos Direitos dos Animais, proposta pode legalizar maus-tratos contra os animais. Ruralistas discordam das críticas

atualizado

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Tramitam na Câmara dos Deputados projetos com o objetivo de transformar vaquejadas e rodeios em esportes. Segundo defensores dos animais, as propostas vão legalizar maus-tratos contra bois e cavalos durante as provas.

Segundo a secretária adjunta da Comissão Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Proteção e Defesa Animal, Ana Paula de Vasconcelos, mais 200 instituições e parlamentares estão mobilizadas contra as propostas.

Dois textos estão na Comissão de Esportes. O Projeto de Lei (PL) 2.452 foi proposto pelo deputado Efraim Filho (DEM-PB) e o PL 7.624, é de autoria do ex-deputado Milton Monti, atual secretário de Governo de Barueri (SP).

“Quando tem maus-tratos, conseguimos barrar a prova e até condenação. Se esses projetos passarem, vão criar um excludente de ilicitude. Não vamos poder fazer nada”, alertou Ana Paula.

Vídeo mostra sofrimento de animal em rodeio:

 

A Emenda Constitucional 96 regulamenta a vaquejada atualmente, como uma prática cultural. Ou seja, as provas são consideradas legais, desde que não haja crueldade.

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Mais de 200 instituições e parlamentares começaram uma mobilização contra a proposta
No DF, tramita na CLDF uma proposta para proibir as vaquejadas localmente
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Projetos tramitam no Congresso Nacional para transformar vaquejadas e rodeios em esportes

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Mais de 200 instituições e parlamentares começaram uma mobilização contra a proposta

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No DF, tramita na CLDF uma proposta para proibir as vaquejadas localmente

“Não há como ter vaquejada sem maus tratos. Os maus-tratos são inerentes às provas, à pratica”, argumentou a representante da OAB.

Escolhas

“Um jogador tem a opção de continuar jogando se estiver machucado. E ele estará ganhando milhões por isso. O animal não. É ser vulnerável”, comentou.

Parlamentares de diferentes campos políticos criticam propostas:

Segundo Ana Paula, rodeios e vaquejadas ferem o Artigo 225 da Constituição Brasileira. Neste contexto, Tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação para revogar a emenda 96.

DF

Para o deputado distrital Daniel Donizet (PL), as propostas são absurdas. “Vaquejada não é esporte. Vaquejada é violência, é tortura”, afirmou.

“Não há o consentimento do animal, não há liberdade de escolha. E depois, porque puxar o rabo de um boi a ponto de arrancá-lo é de uma crueldade extrema e só pode ser considerado maus-tratos, o que é crime no Brasil”, pontuou.

Segundo o parlamentar, neste tipo de evento, é comum encontrar bois estressados, machucados, com patas quebradas e rabos arrancados.

Proibição local

O distrital apresentou, na Câmara Legislativa (CLDF), o PL 1.155 de 2020, que revoga a lei que reconhece a Vaquejada como modalidade esportiva no DF.

“Também considero inadmissível definir a vaquejada como manifestação cultural na tentativa de legitimar sua prática. Estamos no século XXI, os tempos de barbárie ficaram para trás” acrescentou.

Para atleta reconhecida mundialmente, vaquejadas e rodeios não são esportes:

Para o distrital, não há diversão aceitável às custas da exploração e do sofrimento animal. “A cultura não pode estar acima da ética. E não existe ética alguma em explorar a violência sem liberdade de escolha”, concluiu.

Outro lado

Do ponto de vista de Efraim Filho, a proposta tem o objetivo de regulamentar o Artigo 225 da Constituição. “Que reconhece a vaquejada e outros esportes equestres, como rodeio, o laço, o tambor, como patrimônio cultural, imaterial da nossa nação”, argumentou. Na visão do deputado, rodeios e vaquejadas estão ligados às raízes e tradições em diversos pontos do Brasil, especialmente no Nordeste.

Para o parlamentar, a proposta reforça a cultura e a tradição brasileiras. “Tem sido uma atividade importante, que gera emprego, renda, oportunidades, movimenta o Turismo”, explicou. Pelas contas do setor, vaquejadas e rodeios alimentam uma cadeia produtiva com 600 mil empregos diretos e indiretos.

Bem-estar

Para o deputado, atualmente as atividades carecem de regulamentação, o que dificulta até a fiscalização. “Com essa regulamentação, a gente pode gerar regras que vão ajudar a cuidar do bem-estar animal”, afirmou.

A ideia seria estabelecer a presença obrigatória de juízes de bem-estar animal para a fiscalização, médicos veterinários. Além de estabelecer critérios para o colchão de areia, o uso de proteção para as caudas dos animais, o tamanho mínimo do curral, para evitar confinamentos.

Sobre as críticas com relação ao eventual sofrimento dos animas na provas, Efraim lembrou que elas foram apresentadas no debate pela aprovação da Emenda Constitucional 96.

“E o argumento vencedor é de que regulamentar é importantíssimo para criar regras e preservar o bem-estar animal. Por que deixar hoje na clandestinidade, deixar aberto, sem condições de fiscalização não tem como fazer a garantia que os cuidados estão sendo preservados. Ninguém hoje ama mais o seu cavalo, o seu animal do que o seu vaqueiro”, relatou.

Segundo o deputado, além dos animais, o setor busca melhorar as condições de segurança dos vaqueiros, a exemplo da inclusão de capacete, que atualmente é recomendado, mas ainda não é obrigatório.

Penalidades

Por outro lado, na avaliação de Milton Monti, o objetivo é regulamentar a Constituição Federal, no sentido de considerar os rodeios como atividade vinculada à cultura e à tradição brasileira. O PL apresentado pelo ex-parlamentar sugere a aplicações de multas para punir eventuais maus-tratos contra animais.

“Se a realização de rodeios seguirem as regras estabelecidas no Projeto de Lei, as possíveis lesões e traumas aos animais estarão proibidos e serão penalizados. O PL busca especialmente coibir atividades mambembes, que por vezes podem acontecer, e que não cumprem as normas de proteção e sanidade animal”, concluiu.

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