De tornozeleira ou presos: onde estão os principais personagens do 8/1
Personagens do 8 de Janeiro se dividem entre acusados de participar, planejar, financiar ou se omitir em tentativa de golpe
atualizado
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Um ano após a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, os principais personagens que fizeram parte do plano contra a democracia enfrentaram prisão, indiciamento e denúncias. Entre eles, há acusados de participar, arquitetar, financiar ou se omitir diante dos ataques aos prédios da Praça dos Três Poderes.
O planejamento contra o resultado das urnas, que elegeu Lula (PT), teve os acampamentos em frente aos Quartéis-Generais do Exército como pontos centrais. Nomes como Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira Sousa passaram pelo local. Ambos foram presos e já estão condenados.
A dupla teve condenação determinada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) após planejar a tentativa de explosão de um caminhão-tanque perto do Aeroporto de Brasília, em dezembro de 2022. Somadas, as penas de ambos ultrapassam os 14 anos de reclusão.
Lideranças
Outro personagem que simbolizou a tentativa de golpe de 8 de Janeiro foi o indígena José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Tserere. Após promover uma série de manifestações em Brasília contra o resultado democrático das eleições, alegando, sem provas, fraudes no pleito que elegeu Lula, ele acabou preso em 12 de dezembro de 2022.
A prisão do cacique Tserere foi o estopim para a noite de quebradeira em Brasília naquela data, quando militantes extremistas incendiaram carros no centro da capital e tentaram invadir a sede da Polícia Federal, para onde o indígena foi levado inicialmente. Em 9 de setembro de 2023, o indígena teve a soltura autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes. Com tornozeleira eletrônica, ele vai responder ao processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) em liberdade.
Tserere era considerado uma das lideranças dos atos a favor do golpe, assim como Cláudio Mendes dos Santos, major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), e Ana Priscila Azevedo, que administrava canais no Telegram organizando ações violentas em Brasília. Ambos estão detidos. Cláudio, por ser PM, está no Núcleo de Custódia da Polícia Militar.
Autoridades
Além de pessoas que estão ligadas ao 8 de Janeiro por terem participado da invasão aos prédios públicos ou incentivados as ações violentas, há autoridades acusadas de omissão. Um dos principais personagens dentro deste campo é Anderson Torres, ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) e secretário de Segurança Pública do DF na data do atentado contra a democracia.
Ele chegou a ser preso e ficou quase quatro meses detido no 4º Batalhão da Polícia Militar do DF (4º BPM), no Guará, mas, em maio de 2023, foi solto por determinação de Moraes. Anderson Torres ganhou liberdade provisória, com monitoramento eletrônico. O ex-secretário ficou proibido de deixar o Distrito Federal; de manter contato com os demais investigados; de usar redes sociais; e ficou determinado o afastamento do cargo que ocupa da Polícia Federal.
Já a alta cúpula da PMDF continua detida. Foram sete militares presos: os coronéis Fábio Augusto Vieira, Klepter Rosa Gonçalves, Jorge Eduardo Barreto Naime, Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, Marcelo Casimiro Vasconcelos, o major Flávio Silvestre de Alencar e o tenente Rafael Pereira Martins.
Uma operação da Polícia Federal de 17 de agosto terminou com as prisões. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou esses e outros investigados ao STF por crimes omissivos impróprios, em virtude de não terem agido como deveriam enquanto representantes do Estado.
Indiciamentos
Também há servidores públicos que foram apenas indiciados por trabalhos de deputados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF, e podem ou não ser detidos, a depender das conclusões do Ministério Público e da Justiça.
É o caso de Cíntia Queiroz de Castro e Fernando de Souza Oliveira, ambos da Secretaria de Segurança Pública do DF na data. Cíntia continua na pasta, mas pediu afastamento para tratar problemas de saúde. Fernando, ex-secretário executivo da SSP-DF, acabou exonerado enquanto a pasta sofreu intervenção, em 10 de janeiro de 2023.