“De repente, meu filho morreu”, diz pai de estudante esfaqueado
Corpo do universitário é velado no cemitério da Asa Sul. Bandidos levaram celular dele e da namorada durante o roubo
atualizado
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O corpo do universitário morto após ter o celular roubado na rodoviária do Plano Piloto é velado neste domingo (08/03) na presença de familiares e amigos. Márcio Ribeiro Rocha Júnior, 28 anos, tomou uma facada no peito.
O pai da vítima, Márcio Ribeiro Rocha, 55, ainda não consegue acreditar. Ele diz, chorando, que foi dormir com o filho vivo, mas acordou com a notícia da morte. “Como se recebe uma notícia dessas? De repente, meu filho morreu”, se emociona.
Dono de uma pequena imobiliária, que ainda está se estabelecendo, Márcio pretendia empregar o filho — estudante de redes de computadores na UDF — no negócio para dar experiência. “Moleque novo, cheio de energia. Tinha altos projetos para ele. Agora, fica assim”, diz.
A vontade do pai é apenas que os envolvidos sejam presos. “Tirar a vida por causa de um celular? Uma vida vale R$ 2 mil? Isso tem que mudar. A gente tem que ter mais tranquilidade nessa vida”, argumenta.
A noiva dele, Thaís Araújo, 27, diz que Márcio foi morto por um homem que eles conheceram na saída de uma festa — um vídeo mostra os três caminhando juntos. “A gente saiu do Conic e comprou bebida em uma barraca. Lá, o Marcinho começou a conversar com um cara que foi acompanhando a gente”, conta (veja vídeo abaixo).
Cansada, Thaís pediu uma corrida por aplicativo e avisou que se sentaria na calçada para esperar o carro. Ela ficou de costas para o noivo e não percebeu o que aconteceu. “Não vi nada. Só veio um sujeito por trás e roubou meu celular. Tentei ir atrás, mas perdi de visão. Foi quando olhei e o Márcio estava encostado na mureta”, explica.
Ao se aproximar do companheiro, ela relatou que foi assaltada, mas não esperava o que recebeu como resposta. “Ele disse que roubaram o dele também e ainda recebeu uma facada. A gente foi para o outro lado da rua e pediu para que o motorista de aplicativo nos levasse até o hospital”, lembra.
Atendimento
O homem se negou a realizar o transporte, mas chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que chegou pouco tempo depois. “O problema é que não tinha equipamento nenhum. Nem oxigênio colocaram no Márcio. Fui sozinha na parte de trás da ambulância, só fizeram o transporte”, reclama.
O cunhado de Márcio, Thales Araújo, 32, também reclama do atendimento. “Ele não levou uma facada letal. Foi uma no peito, corte pequeno que acabou inundando o pulmão de sangue”, lamenta. “Se o motorista de aplicativo tivesse o levado rápido ou a ambulância tivesse estrutura técnica, isso não teria acontecido”, supõe.
Thaís e Márcio estavam juntos havia dois anos e tinham pretensões de se casar. A noiva conta que ele era um homem muito amigável. “Conversava com todo mundo, era muito tranquilo. A gente tinha planos daqui para frente e não sei como vou continuar agora”, lamenta.
O crime
Márcio foi socorrido e levado para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), mas morreu cerca de dez minutos após dar entrada na unidade médica. O crime ocorreu na madrugada deste sábado (07/03).
O Metrópoles teve acesso a vídeo que mostra a vítima caminhando com a namorada em direção à Rodoviária, às 4h31. Perto dele, está um dos suspeitos. O casal e o acusado entram no terminal, mas cinco minutos depois voltam para a área externa. Começa uma discussão e outros dois homens aparecem. Os três agridem Márcio e um deles o esfaqueia.
Confira:
As câmeras flagraram dois dos três envolvidos descendo para a plataforma inferior da Rodoviária. Eles caminham tranquilamente pelas baias dos ônibus logo após o crime. As imagens também mostram a namorada de Márcio tentando socorrê-lo. Alguns minutos depois, o estudante é atendido por uma ambulância.
A namorada de Márcio prestou depoimento na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) e tentou descrever os suspeitos. A unidade policial instaurou inquérito e trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). Ninguém ainda foi preso.