Diretor garante que Escola de Música de Brasília não corre risco de fechar
Ayrton Pisco rechaça boatos sobre especulação imobiliária em torno do terreno do espaço e critica abaixo-assinado que circula na internet
atualizado
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Diretor da Escola de Música de Brasília (EMB) desde 2011, Ayrton Pisco garante que o cenário de crise econômica não coloca em risco a existência da instituição. Um boato frequente em torno do espaço diz respeito a um possível interesse da especulação imobiliária no terreno da escola. Pisco refuta essa possibilidade. “Isso nunca existiu. Não existe forma alguma de a escola terminar”, diz.
A situação crítica que atravessa a escola acabou motivando uma petição on-line na qual os signatários apelam ao governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB) para salvar a EMB. Ayrton Pisco considera a iniciativa “maldosa”. “Esse abaixo-assinado foi feito a soldo de um grupo político. Não faz o menor sentido”, critica. “Inventaram isso para conturbar o ambiente da escola.”. Fato é que Rollemberg vai à Escola de Música na tarde desta segunda-feira (19/10) para ver com os próprios olhos as condições da instituição.
Em relação à crise econômica que afeta as contas do GDF, o diretor da EMB conta que precisa fazer “malabarismos” para manter a instituição funcionando. “Dentro desse cenário, tivemos em janeiro um dos maiores investimentos que a escola teve: R$ 900 mil para a compra de equipamentos musicais. Mas recebemos mensalmente muito pouco para mantê-la”, diz.Para gerir o espaço, Pisco recebeu, até julho, um orçamento de R$ 15.455,00 da Secretaria de Educação. Ele ainda aguarda o recebimento de mais R$ 10.618,00, quantia irrisória para bancar afinação e manutenção de instrumentos e serviços de gestão escolar, como fechaduras e fotocópias.
Situação precária
Há pouco mais de um mês, o Metrópoles visitou a EMB e conversou com alunos e professores sobre a atual crise da instituição. O cenário era um centro de ensino em penúria estrutural, vivendo uma crise interna causada por divergências entre direção, professores e alunos. O tempo passou, o quadro caótico ganhou destaque na mídia e a situação do local parece só piorar.
Aluno de clarineta, Ivan Bicudo relata alguns problemas da instituição. “Há a antiga questão dos instrumentos que não funcionam e não são afinados por falta de verba. A impressão é que, com esses cortes do GDF, a situação da escola está ainda pior”, diz. “Também existe a mudança na maneira de dar aulas. Uma aula de instrumento musical não pode ser como qualquer outra, com a sala lotada de alunos. Isso afeta a formação do discente”.
Outro aluno, Matheus Lima (viola caipira), recorda que nem só problemas estruturais afetam a EMB. “Pelo que percebo, desde o ano passado, há uma questão política envolvendo o diretor da escola. Cargos foram extintos e ficamos sem coordenadores, os responsáveis por organizar o cronograma de aulas, salas e professores. A impressão que dá é que diretor não quer cuidar da escola”, conta.
Matheus também lembra o sucateamento da Instrumentoteca e do clima de vigilância na escola. “Alguns professores compartilham parte das angústias justamente para que nós, alunos, tenhamos consciência do atual cenário. Existe um movimento forte de docentes a favor da escola. Antigamente, eles colavam cartazes, alertando sobre os problemas do local. Agora, esses materiais de divulgação são barrados, porque os pôsteres só podem ser fixados com assinatura do diretor”.