Artistas do DF fazem manifestação contra suspensão de edital do FAC
Eles pedem a liberação dos R$ 25 milhões de investimento para a promoção das atividades culturais na capital da República
atualizado
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Cerca de 300 artistas e produtores culturais do Distrito Federal se reuniram em frente à Biblioteca Nacional de Brasília, na tarde desta quinta-feira (09/05/2019), em manifestação contra a suspensão do edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Eles pedem a liberação dos recursos para a promoção das atividades na capital da República.
A Secretaria de Cultura (Secult) suspendeu nesta semana o edital lançado em outubro de 2018, no valor de R$ 25 milhões. Na justificativa divulgada pelo órgão, foi informado que a ordem do secretário da pasta, Adão Cândido, “é temporária, uma vez que aguarda posicionamento da Assessoria Jurídico-Legislativa quanto à legalidade dos processos, à luz da Lei Complementar nº 934/2017, da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei Orgânica do Distrito Federal”.
A ação gerou reação da comunidade artística, que contava com os recursos para tocar cerca de 300 projetos, conforme revelado pelo Metrópoles. Rita Andrade, da Frente Unificada do DF, classificou a suspensão como “falta de respeito com o setor cultural”. “Estamos falando de uma área que movimenta rendas, desenvolve lucro e promove inclusão social. Neste momento, o governo está cometendo um erro. O secretário de Cultura está dando um tiro no próprio pé.”
“Estamos sendo violentamente atacados pelo GDF [Governo do Distrito Federal]. Estão nos tirando o direito de trabalhar”, disparou a partir de um megafone o maestro Rênio Quintas. Por sua vez, o ator e diretor Alaor Rosa disse que o ato teve por objetivo “fazer cumprir a lei”. “Não só os artistas irão sofrer. Porteiros, costureiras, seguranças também ficarão desempregados”, destaca o curador do Cena Contemporânea.
“O que as pessoas fariam sem cultura? É parte fundamental da comunidade”, destacou Alaor Rosa. Ele ainda ressaltou a importância do Teatro Nacional para a sociedade. “É uma vergonha [o atual estado do local], mas não queremos abrir o espaço às custas do sangue dos artistas”, completou. Isso porque a ideia do GDF seria usar os recursos previstos no FAC para bancar a reforma do local, fechado há cinco anos.
“O que está em jogo não é só o edital de 2018, mas toda cadeia produtiva cultural. Representa um retrocesso ao desenvolvimento do cenário cultural do DF. Vamos voltar aos anos 1980”, disse a produtora cultural e atriz Clarice Cardell. Durante o encontro, os manifestantes reclamaram da ausência do secretário de Cultura para a realização do diálogo com a classe. “Cadê o Adão?”, cantaram os artistas (veja vídeo abaixo).
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) acompanhou o movimento, que teve momentos de tensão quando os manifestantes ocuparam as faixas do Eixo Monumental. No entanto, eles foram convencidos pela corporação e recuaram na interdição.