CRM-DF afasta neurologista denunciado por estupro de vulnerável
Neurologista Carlos Nogueira Aucelio foi afastado por seis meses. Segundo o presidente do CRM-DF, Farid Buitrago, a decisão foi “prudente”
atualizado
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O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) interditou totalmente o direito do médico Carlos Nogueira Aucelio de exercer atendimentos por seis meses, após ter sido alvo de investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) pelo crime de estupro de vulnerável.
O neurologista foi absolvido do caso, em 2019, mas inicia o ano de 2022 impedido de exercer a profissão, segundo publicação no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta segunda-feira (3/1).
Para o presidente do CRM-DF, Farid Buitrago, a decisão foi “prudente”, até que as investigações do Processo Ético Profissional nº 28/2021 sejam concluídas. “O plenário do conselho ético considerou que as acusações são graves e, sem fazer um pré-julgamento, achou prudente afastar o médico das atividades de atendimento até que se concluam as investigações”, explica.
De acordo com o representante do CRM-DF, o neuropediatra está afastado dos atendimentos por seis meses a partir da publicação do anúncio no DODF. Esse período de restrição pode ser prorrogado por mais seis meses ou encerrar-se antes, caso as investigações sejam concluídas, e o julgamento do conselho seja retomado.
Entenda o caso
O neurologista Carlos Nogueira Aucelio foi acusado pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) de manipular os órgãos genitais de cinco adolescentes e comparar, durante consultas, o tamanho dos testículos.
À época, a investigação foi conduzida pela DPCA, que chegou a cumprir mandados de busca e apreensão na residência e no consultório do médico, na Asa Norte. As equipes buscaram celulares, computadores e notebooks a fim de investigar possível armazenamento de material libidinoso.
No entanto, em outubro de 2019, o juiz substituto na ocasião, Nelson Ferreira Júnior, julgou improcedente a denúncia apresentada pelo MPDFT e absolveu o acusado. Para o magistrado, os elementos de prova até então produzidos foram incapazes de certificar qualquer intenção libidinosa. Os autos acabaram arquivados.
De acordo com a plataforma Lattes, Carlos Nogueira Aucelio é professor da Universidade de Brasília (UnB) e responsável pelo setor de Neuropediatria e pelo Laboratório de Neurofisiologia Clínica do Hospital Universitário de Brasília (HUB).
O que diz a defesa
Procurada, a defesa do neuropediatra informou ao Metrópoles que vai recorrer da decisão do CRM-DF. “Essa decisão é um grande erro, absolutamente equivocada. Não fomos notificados ainda, mas, certamente, vamos recorrer”, adiantou Cleber Lopes de Oliveira, advogado de Carlos Nogueira.
Também procurada, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que não vai se pronunciar sobre o caso por envolver menores de 18 anos.