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CRM abre procedimento para investigar denúncias contra médicos do DF

Até a manhã desta terça-feira (16/07/2019), 11 pacientes haviam registrado ocorrência na 26ª DP. Profissionais são acusados de negligência

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1 de 1 WhatsApp-Image-2019-07-16-at-12.37.01 - Foto: Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) instaurou, nesta terça-feira (16/07/2019), procedimento para apurar as denúncias oferecidas contra oito médicos suspeitos de negligência e violência obstétrica no Hospital Regional de Samambaia (HRSam).

Paralela à apuração do CRM-DF, a Polícia Civil do DF também se movimenta a fim de averiguar as queixas e já intimou os profissionais de saúde envolvidos a prestarem depoimento. Conforme o Metrópoles apurou, alguns se anteciparam e, aos investigadores, negaram qualquer tipo de ilegalidade. Segundo o relato de pacientes, os procedimentos teriam, inclusive, acarretado a morte de recém-nascidos.

Até a manhã desta terça-feira (16/07/2019), 11 mulheres haviam registrado ocorrência na 26ª DP (Samambaia). Os policiais acreditam que podem existir mais vítimas, uma vez que os indícios de crimes foram constatados ao longo dos últimos quatro anos. A maior parte delas é de baixa renda e teve complicações no quadro de saúde.

“Nesta primeira fase, resolvemos focar nos profissionais especializados em obstetrícia. Estamos atuando em conjunto com a Secretaria de Saúde e compartilhando informações para que os procedimentos administrativos também sejam adotados”, detalhou o delegado Guilherme Sousa Melo, da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte).

Pedaços de gaze

Um dos casos relatados dá conta de que a curetagem em uma paciente foi malfeita e pedaços de gaze foram deixados dentro da mulher. Em outro, um feto teria sido dado como morto, mas nasceu com vida horas depois. “A médica disse que a criança nasceria morta, mas, após nove horas, o bebê saiu vivo. A demora no atendimento foi tão grande que o recém-nascido acabou perdendo a vida uma hora e meia depois do parto”, relata o delegado.

O passo seguinte das investigações, destaca Sousa Melo, é confrontar os laudos do Instituto Médico Legal (IML) com os relatórios preenchidos pelos profissionais que trabalham na unidade de saúde. “Será feita a apuração e, caso vejamos a culpa, todos eles serão responsabilizados”, diz.

O que diz a Secretaria de Saúde

Por meio de nota, a direção do HRSam informou que “todas as providências estão sendo tomadas pela direção e pela Superintendência da Região de Saúde Sudoeste”. Ainda de acordo com o texto, “um processo sigiloso foi aberto no âmbito da Secretaria de Saúde”.

A pasta não informou se os médicos investigados continuam exercendo suas funções.

Família questiona procedimentos

Em setembro de 2018, o Metrópoles mostrou o drama de uma jovem de 19 anos que acusou a equipe médica do Hospital Regional de Samambaia (HRSam) de omissão, negligência e violência obstétrica. O marido dela denunciou a unidade hospitalar à Polícia Civil após a morte do bebê durante o parto. Segundo o pai da criança, a companheira esteve em trabalho de parto por mais de um dia antes da tragédia.

A jovem, identificada como Lorrane Stefany, havia começado a sentir contrações cerca de um mês antes. À época, ela recorreu ao hospital público para atendimento médico. Porém, as aflições continuaram. Mesmo com contrações e dores nas costas, ela não foi internada. Conforme a denúncia, a equipe médica não quis interná-la, sob o argumento de que somente poderia realizar esse procedimento a partir da 41ª semana de gestação.

Sem conseguir respaldo do HRSam, Lorrane recorreu a um hospital em Santo Antônio do Descoberto (GO), Entorno do DF. No mesmo dia, a unidade a encaminhou de volta para Samambaia com indicação de cesariana. No dia 18 de setembro de 2018, por volta das 17h30 – mais de 24 horas após a internação –, a equipe médica submeteu a jovem a parto normal. O bebê morreu logo em seguida. De acordo com a família, a tragédia ocorreu em razão de procedimentos inapropriados.

À época, em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal “lamentou profundamente o ocorrido” e informou que a paciente entrou em trabalho de parto. “Porém, o bebê entrou em sofrimento durante o período expulsivo”. Na sequência, conforme comunicado da pasta, a equipe médica iniciou a reanimação neonatal imediata. “No entanto, infelizmente, não houve resposta positiva do bebê”, diz trecho do texto.

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