Em crise, plano de saúde da PMDF marca consulta de menino autista só para 2025
Criança passou a sofrer de crises, com surtos e gritos, repetição de palavras e precisa de uma consulta urgente com um neuropediatra
atualizado
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A nova crise no serviço de assistência médico-hospitalar da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) submete as famílias de policiais a demoradas filas de espera por tratamento. Em dos casos, um filho diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de um militar deve esperar até 2025 para ter acesso a uma consulta.
Veja imagens da família:
Ouça o desabafo da família:
O Metrópoles entrevistou a família. João*, 7 anos, foi diagnostico com TEA em grau moderado. O menino passou a sofrer crises constantes. Por isso precisa com urgência de uma consulta com um neuropediatra.
“Disseram que só teria vaga em 2025. Se por acaso surgisse alguma vaga, seria para meados de 2024. É inviável ter que esperar dois anos para tratar uma criança TEA, que precisa com urgência de atendimento periódico”, afirmou Bruna*, mãe do garoto. “O coração de mãe aperta”, disse com a voz embargada.
João sofre crises e tem regredido no comportamento. Voltou a andar na ponta dos pés, a repetir frases e a gritar em surtos. “Meu filho está em crise. Precisa urgentemente de um neuropediatra. É desesperador. Nós pagamos. Meu marido dá vida para a PM. E quando a gente mais precisa, a Polícia Militar não está ali para ajudar a gente“, lamentou.
Segundo Bruna, além disso, o serviço de saúde da PMDF frequentemente descredencia as clínicas durante os tratamentos. Crianças com TEA criam laços com os profissionais de saúde e sentem quando há trocas abruptas. O tratamento precisa de continuidade.
“Meu filho não terá uma vida normal. Vai sempre depender de mim. Mas com o tratamento, tem a chance de melhorar um pouco”, desabafou Bruna. “Me sinto impotente como mãe. A gente vê uma evolução tão linda como ele teve. E a regressão está vindo por falta de assistência da PMDF. É uma tragédia”, disparou.
“O João vive perguntando quando verá o médico anterior. ‘Mamãe que dia que vou ver o tio de novo?’ Digo: meu amor, o tio não está mais no nosso plano de saúde. A mamãe vai achar outro tio legal. Ele diz: ‘Não, eu quero outro tio’. O que eu faço? A PM não tem tratamento nenhum para o meu filho… E ele precisando”, lamentou.
Outros dramas
A reportagem entrevistou outra família com drama semelhante. Eduardo*, 17, também tem TEA e vive com outras comorbidades. Luiza*, mãe do rapaz, também buscou uma consulta com um neuropediatra. A única vaga disponível é para o começo de 2024.
“O serviço de saúde da PM não tem fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional ou fisioterapeuta. São serviços necessários para o tratamento de TEA. A situação do dependentes com diagnóstico de pessoa com deficiência (PCD) passa por muitas restrições”, completou Luiza.
Versão da PMDF
O Metrópoles entrou em contato com o GDF e a PMDF sobre a questão. Até a última atualização desta reportagem, nem o governo local nem a corporação haviam emitido nenhum posicionamento. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.