Crime da 113 Sul: relembre caso de triplo homicídio que chocou o país
Casal Villela e funcionária da família foram mortos a facadas em imóvel da Asa Sul, em 2009. Filha do casal foi acusada de ser mandante
atualizado
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O caso que ficou conhecido como Crime da 113 Sul continua a ganhar novos capítulos 15 anos após o triplo homicídio que vitimou o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela; a esposa dele, a advogada Maria Carvalho Villela; e Francisca Nascimento Silva, que trabalhava para a família.
Apontada como mandante do crime, a arquiteta e filha do casal Adriana Villela foi condenada a 67 anos e 6 meses de prisão, no julgamento considerado o mais longo da história do Distrito Federal, em 2019. O júri popular ocorreu 10 anos após os assassinatos e durou 10 dias.
Adriana chegou a ficar 19 dias presa, mas foi solta pela ausência de antecedentes criminais e por ter comparecido a todas as audiências. Em 2022, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) rejeitou, em segunda instância, o pedido de anulação do julgamento e diminuiu a pena da ré para 61 anos e 3 meses de reclusão, além do pagamento de 17 dias-multa.
Desde então, a defesa da acusada tem recorrido das decisões, e ela responde ao processo em liberdade. Entretanto, nessa terça-feira (3/12), a subprocuradora-geral da República Andrea Szilard se manifestou a favor do pedido de prisão imediata de Adriana Villela. O posicionamento foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde tramita o processo.
Na manifestação, a subprocuradora argumentou que deve ser observada a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que validou a execução imediata da pena em julgamentos no Tribunal do Júri – ou júri popular – que determinam a prisão do réu.
O acórdão da Suprema Corte fundamentou a decisão de Andrea Szilard, que destacou: “As teses de nulidade [do julgamento pelo Tribunal do Júri] apresentadas pela defesa já foram exaustivamente debatidas e fulminadas”. A manifestação da Procuradoria-Geral da República atende a pedido de análise que partiu do ministro do STJ Rogério Schietti Cruz. Contudo, o magistrado não tem prazo definido para tomar nova decisão.
Participações
Vinte e oito de agosto de 2009 é um dia que não acabou para a família Villela. A data marca o dia em que ocorreu um dos crimes mais bárbaros da história de Brasília. Os assassinatos aconteceram no sexto andar do Bloco C da 113 Sul, quadra em área nobre da capital federal.
Desde então, o país acompanhou os desdobramentos da história, que expôs fragilidades nas investigações, ficou marcada por julgamentos cinematográficos e resultou em três condenações pela execução de José Guilherme, à época com 73 anos; Maria Villela, 69; e Francisca, 58.
Os corpos estavam em avançado estado de decomposição quando foram encontrados pela neta do casal, três dias depois dos homicídios. As vítimas foram mortas em casa, com ao menos 73 facadas pelo corpo.
Ao longo das investigações, a polícia identificou três suspeitos: Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio; Paulo Cardoso Santana, sobrinho do ex-porteiro; e Francisco Mairlon, suposto comparsa de Leonardo. O trio denunciou Adriana como a mandante dos homicídios.
Para o Ministério Público, o crime foi cometido devido a desavenças financeiras entre a filha e os pais. O ex-porteiro do Bloco C da 113 Sul foi acusado de receber dinheiro da arquiteta para simular um assalto na casa da família, antes de matar as vítimas a facadas. Leonardo acabou condenado a 60 anos de prisão; Paulo a 62 anos; e Francisco Mairlon, a 55. Os três continuam presos.
Dinâmica do crime
Ficar de tocaia nas escadas, roubar tudo o que tinha de valor e fugir. Esse era o plano de Leonardo e do sobrinho Paulo quando os dois invadiram o apartamento da família Villela.
No entanto, supostamente com receio de serem reconhecidos pelas vítimas, a dupla decidiu executar o trio com 73 facadas. Nos primeiros depoimentos prestados após ser preso, Leonardo narrou como assassinou a família e disse que Francisca só morreu porque chegou poucos minutos antes de os criminosos deixarem o imóvel.
Por ter trabalhado durante 14 anos no edifício, Leonardo conhecia a rotina do casal, o que teria facilitado a entrada dele no apartamento dos Villela. Os assassinos confessos também relataram que Maria Vilella tentou correr, mas foi alcançada e esfaqueada na costela.
Mesmo ferida, ela juntou todo o dinheiro e as joias que a família tinha em casa para entregar aos bandidos. Depois, os criminosos golpearam a advogada outras vezes.