Crime da 113 Sul: Kakay diz que foi alvo de “ataque pessoal”
Advogado de Adriana Villela responde à acusação de integrante do MP de que defende corruptos: “Tenho muito orgulho da minha advocacia”
atualizado
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A tréplica da defesa de Adriana Villela começou com mais um embate entre advogados e representantes do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Desde o fim da manhã desta quarta-feira (02/10/2019), os dois lados batem boca durante o julgamento do crime da 113 Sul. Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay (foto em destaque), defensor da denunciada, afirmou que tinha sido alvo de “ataque pessoal”.
A arquiteta é acusada de mandar matar os pais, o ex-ministro do TSE José Guilherme Villela e a advogada Maria Villela, e a doméstica da família, Francisca Nascimento Silva, em agosto de 2009.
Mais cedo, Kakay acusou o MPDFT de prevaricação, ao afirmar que o órgão deveria ter investigado denúncias de irregularidades na apuração do crime. Durante a réplica, o promotor Marcelo Leite revidou e disse que o advogado “enriqueceu defendendo os maiores corruptos da República”.
Kakay rebateu as falas do promotor. “Pensei em não falar nada, mas vou fazer dois registros. Faço essa advocacia, eu e meu escritório, absolutamente gratuita. Não cobramos sequer despesa. Atendi o pedido de quatro grandes amigos, ministros amigos do José Guilherme. Pouco me conhece quem agride”, discursou.
“Vi um ataque pessoal. Tenho muito orgulho da minha advocacia. Parte dela conhecia, outra não. É correto o Ministério Público criticar o fato de termos contratado alguém para nos assessorar?”, questionou Kakay. O promotor Marcelo Leite ressaltou aos jurados que Adriana contratou assessoria de imprensa.
Reconstituição
O advogado confrontou a reconstituição apresentada pelo MPDFT durante a leitura das peças do processo. No vídeo, Leonardo Campos Alves, porteiro do edifício onde moravam os pais da acusada e condenado pelo crime, conta suposta conversa com Adriana sobre os assassinatos. “A reconstituição é unilateral e sem nenhum vínculo com a realidade. Temos que ter provas. Estamos lidando com a vida dessa mulher, da família e dos amigos dela”, disse Kakay.
O defensor apontou para a plateia a fim de identificar apoiadores da ré. “Nós estamos vivenciando aqui, e repito, na presença dos amigos, família, filha, irmão. Se estão chamando de robô aqueles que atacaram a página do MP, estão chamando de robô as pessoas que estão aqui”, enfatizou.
“Por isso, excelências, tenho que novamente voltar, e voltei para a personalidade da Adriana. Estou falando de prova técnica, de acusação formal. Não quis me manifestar na hora, até em respeito às vossas excelências, mas vi que a Adriana fez um gesto quando, pela terceira vez, o MP veio dizer que ela era chacota dos amigos. Que chacota é essa de amigos que dão apoio? Fico feliz em ver o grau de harmonia espiritualizada ao redor de Adriana”, destacou Kakay.
O advogado frisou que Adriana apontou Leonardo como suspeito do triplo homicídio. “Estamos aqui para comprovar que essa senhora não estava na cena do crime, não entrou em contato com o Leonardo, não participou absolutamente de forma alguma”, asseverou.
Pontuou, ainda, não haver vácuo no álibi de Adriana para o dia 28 de agosto de 2009. “Veio uma testemunha compromissada e disse: ‘Eu estava lá na Cultura Hispânica. Vi a Adriana, conversei com ela no intervalo. Eu a vi até o momento em que saí, ao entardecer’”.
Laudo 15.000
Marcelo Turbay, outro advogado de defesa, voltou a falar do Laudo nº 15.000. “Surge na data de aniversário de um ano do crime. As conclusões desse laudo são completamente improcedentes.” O documento é uma das principais provas da acusação, pois, a partir da identificação de impressões digitais no apartamento dos Villelas, indica que Adriana esteve no local em uma janela de tempo que inclui o dia do crime, em 28 de agosto de 2009.
Kakay voltou a defender Adriana, que, de seu lugar no plenário, chorava. “Efetivamente, nós não queremos aqui uma injustiça. Eu tenho, minha equipe tem e meus amigos de escritório têm a certeza de que fizemos um trabalho técnico. Muitas pessoas são condenadas injustamente como nessa série [Olhos que condenam] porque não têm condições de fazer defesa técnica”, declarou.
A série mencionada pelo advogado diz respeito a um crime ocorrido em 1989, em Nova York, em que cinco jovens negros foram condenados por agredir e estuprar uma jovem. A obra mostra que a investigação e o processo foram contaminados por racismo. Kakay finalizou dizendo que precisava “só de um minuto” para fazer a defesa de Adriana. “Adriana é inocente”, concluiu.
Suspeita
O objetivo do julgamento é saber se Adriana Villela mandou matar os pais e a doméstica da família. Eles foram executados com 73 facadas. Segundo a acusação, Adriana contratou Leonardo Campos Alves, porteiro do edifício onde moravam os pais, para matar as vítimas por R$ 60 mil.
Alves, por sua vez, teria prometido dar R$ 10 mil a Francisco Mairlon Barros Aguiar para executar o crime. Sobrinho de Leonardo, Paulo Cardoso também foi acusado pelo esfaqueamento do trio. Os três foram condenados e estão presos.
A última etapa do rito em plenário começou por volta 9h desta quarta-feira (02/10/2019). A sessão foi iniciada com o MPDFT, que teve uma hora e meia para falar. Em seguida, é a vez dos advogados de defesa, que dispõem do mesmo tempo. No caso de réplica e tréplica, acrescenta-se uma hora para cada parte. No total, portanto, a fase pode durar cinco horas.
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