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Criança autista quebra braço em creche do DF; família aponta descaso

Pai do garoto de 2 anos disse que ele mesmo teve de imobilizar o braço do filho com um pedaço de papelão e atadura usada

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Imagem colorida de um menino, de pele clara, deitado em uma maca com um cobertor cinza cobrindo parte do corpo. Ele tem o braço direito enfaixado
1 de 1 Imagem colorida de um menino, de pele clara, deitado em uma maca com um cobertor cinza cobrindo parte do corpo. Ele tem o braço direito enfaixado - Foto: Material cedido ao Metrópoles

A família de um menino de 2 anos e 8 meses, diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA), acusa de maus-tratos a creche onde o garoto estuda, em Santa Maria. De acordo com os pais de Benjamin Dutra, o garoto quebrou o braço direito no Centro Educacional Samar na última quinta-feira (28/11) e não recebeu atendimento médico e o cuidado devido. A direção nega negligência.

O menino estuda no centro de ensino particular com uma bolsa pública paga pela Secretaria de Educação do Distrito Federal. O pai de Benjamin, o empresário Diego dos Santos, 41 anos, relata que, no último dia 28, recebeu uma ligação da creche via WhatsApp, pedindo para que os pais fossem buscar o garoto e levá-lo ao hospital.

“Minha esposa perguntou o que havia acontecido, e eles informaram que ele teria deslocado o braço após cair de um escorregador do parquinho, mas sem entrar em detalhes”, conta Diego. “Acontece que é a segunda vez que eles informam que o Benjamin cai desse brinquedo”, completa.

Conforme o pai disse, Benjamin já havia caído desse brinquedo uma vez, no dia 16 de setembro. Na ocasião, ele ficou com a testa roxa. “A diretora afirmou que foi um fato isolado e se comprometeu garantir a segurança dele”, relembra. “Apesar de a minha esposa não ter concordado com aquela justificativa, nos acalmamos, pensando que estava tudo resolvido. Agora, tivemos essa triste surpresa.”

Papelão e atadura velha

Diego alega que a creche não prestou os primeiros socorros ao Benjamin e nem acionou Corpo de Bombeiros ou Samu. “Não tinha ninguém na creche preparado para esse tipo de ocasião. Chegando lá, procurei algo que pudesse servir como uma tala improvisada para imobilizar o braço dele, e não havia nada”, comenta.

“Alguns minutos depois, me deram um pedaço de papelão e uma atadura usada”, revela o pai. “Se não me engano, foi a própria diretora que arrumou esse material, a creche não tinha.”

Benjamin passou por cirurgia na sexta-feira (29/11), pela manhã, e recebeu alta no dia seguinte. Ele recebeu três pinos para correção óssea no cotovelo direito e deverá ficar assim durante um mês.

Respostas

Em nota enviada ao Metrópoles, a creche lamentou profundamente o acidente e negou negligência. “O Centro Educacional SAMAR nega veementemente qualquer acusação de negligência. Todos os monitores e professores da instituição são devidamente treinados para lidar com crianças de todas as idades e com necessidades especiais, incluindo aquelas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)”.

O centro educacional afirmou que segue um protocolo específico para garantir a segurança de alunos com TEA, que inclui monitoramento constante e a adaptação das atividades para o bem-estar e desenvolvimento. “No momento do acidente de 28 de novembro, Benjamin estava sob supervisão da professora a qual o acolheu no momento da queda”, afiançou a escola.

Segundo a direção, a escola segue rígidos critérios de segurança, tanto em atividades pedagógicas quanto recreativas, e sempre realiza uma avaliação de risco antes de autorizar qualquer atividade. “A equipe pedagógica estava atenta e acompanhava os alunos durante o período em questão, conforme evidenciam os registros de supervisão de rotina”, reforçou.

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De acordo com a escola, o acidente ocorreu em um momento em que a criança estava participando de atividades recreativas, que são parte do plano pedagógico de desenvolvimento motor e social. “Durante o evento, Benjamin foi acompanhado pelos profissionais da escola e a família foi comunicada no mesmo instante do acidente. A escola se ofereceu para levar a criança até o hospital, porém, os pais alegaram que estavam chegando à escola naquele momento e que eles mesmos se encarregariam de fazê-lo. Benjamim foi acolhido, tratado com todo carinho e cuidado que o momento exigia, não havendo, portanto, nenhuma negligência por parte da escola”, declarou a instituição.

Em relação ao acidente ocorrido em 16 de setembro, a escola afirmou que também tomou todas as medidas adequadas. Após o acidente de 28 de novembro, a escola garantiu que se colocou à disposição da família e a comunicação com os responsáveis. “A instituição está sempre revisando seus procedimentos internos de segurança e, em caráter preventivo, reforçará ainda mais a capacitação de sua equipe pedagógica. A escola também está sempre vistoriando as condições físicas para identificar áreas que possam ser aprimoradas, garantindo um ambiente ainda mais seguro para todas as crianças”, prometeu.

Poder Público

A Secretaria de Educação prometeu fazer diligências na creche privada afim de apurar o ocorrido. Adicionalmente, também declarou que entrará em contato com a família da criança, oferecendo a possibilidade de transferência de matrícula para outra unidade. “Tal medida visa assegurar o suporte necessário tanto à criança quanto à sua família, contribuindo para a plena recuperação do estudante”, explicou a pasta.

Os pais protocolaram uma reclamação na ouvidoria do Ministério da Educação (MEC), que ainda não deu retorno à família.

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