metropoles.com

Cresce o número de filiados a partidos políticos no DF

Número subiu 4,1% em 2017. Especialista diz, porém, que desinteresse pela política também aumentou após operações da PF

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
Brasília (DF), 04/01/2018 9,8% dos eleitores brasilienses são filiados a partidos políticos, José Bartolomeu da Silva Local: Quadra 3 Casa 33 Setor Oeste Gama Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 04/01/2018 9,8% dos eleitores brasilienses são filiados a partidos políticos, José Bartolomeu da Silva Local: Quadra 3 Casa 33 Setor Oeste Gama Foto: Hugo Barreto/Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Um em cada 10 eleitores do Distrito Federal é filiado a algum partido político. O percentual, de 9,8%, está abaixo da média nacional, de 11,3%, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas supera os de outras unidades da Federação, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde 9,7% e 9,2% do eleitorado adotou o programa de alguma legenda, respectivamente. 

Das 2.005.229 pessoas habilitadas a votarem no Distrito Federal, 197.734 são ligadas a uma das 35 siglas reconhecidas pelo órgão. A quantidade de brasilienses vinculados a algum partido em novembro de 2017 — dado mais recente do TSE — cresceu 4,1% se comparada ao mesmo mês de 2016, quando foram registrados 189.827 filiados. Em igual período, o total de eleitores cresceu 2,3%.

Moradora de Planaltina, a ativista Mayrla Silva, 20, é filiada ao PSDB-DF há quatro anos. Ela conta ter se encantado, inicialmente, com os princípios de centro-esquerda que deram origem ao partido. Assim que alcançou a idade mínima, criou laços com a sigla.

 

 

Bruno Pimentel/Metrópoles
Mayrla Silva se filiou ao PSDB aos 16 anos. Atualmente, com 20, comanda a juventude do Tucanafro

 

Atualmente, Mayrla Silva está à frente da juventude do Tucanafro — segmento voltado para o desenvolvimento de políticas públicas para a população negra. A moça ainda coordena um coletivo no Vale do Amanhecer responsável por promover ações sociais e culturais na comunidade.

Eu entendi que, quando você faz parte de um partido, consegue pensar e dizer

Mayrla Silva, 20 anos, filiada ao PSDB-DF

Morador do Gama, José Bartolomeu da Silva, 84, está do outro lado do tabuleiro. Um dos fundadores do PT, o aposentado ainda nutre paixão pela sigla, mesmo após os escândalos de corrupção envolvendo figurões do partido. “Eu continuo, sim, acreditando no PT. O partido faz parte da minha vida, da minha luta”, reafirma.

 

 

3 imagens
José Bartolomeu torce para que Lula seja o próximo presidente da República: "Eu o admiro porque é um líder. Todas as acusações são mais uma vingança política contra ele."
O aposentado guarda objetos antigos do PT, como um cofre onde ele juntava dinheiro para contribuir com o partido. No amuleto está estampada a frase: "O partido do tostão contra o partido do milhão."
1 de 3

José Bartolomeu nutre paixão pelo PT, mesmo em meio a escândalos políticos

Hugo Barreto/Metrópoles
2 de 3

José Bartolomeu torce para que Lula seja o próximo presidente da República: "Eu o admiro porque é um líder. Todas as acusações são mais uma vingança política contra ele."

Hugo Barreto/Metrópoles
3 de 3

O aposentado guarda objetos antigos do PT, como um cofre onde ele juntava dinheiro para contribuir com o partido. No amuleto está estampada a frase: "O partido do tostão contra o partido do milhão."

Hugo Barreto/Metrópoles

 

O carinho está espalhado pela casa dele. Na residência, o aposentado guarda antigos objetos, como um cofre no qual ele colocava dinheiro para contribuir com a sigla, um manifesto datado de 1984 e jornais de décadas atrás. E, claro, bandeiras com o vermelho característico.

Eu acompanho política desde quando tinha 10 anos. Para mim, só tiveram três presidentes em toda a história da República: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Lula. Os outros não fizeram nada em benefício desse povo brasileiro tão sofrido

José Bartolomeu

A servidora pública Geralda Resende, 57, diz ter encontrado no PSB-DF o espaço para lutar pela representação feminina. Para ela, a filiação partidária é importante para que possa participar ativamente das ações da legenda. “Sem isso você não tem espaço para dar opinião”, acredita. Desde 2015, Geralda Resende ocupa a função de secretária de Mulheres do PSB-DF. No Distrito Federal, o quadro da agremiação é composto por 5.665 membros — 2,8% do total.

Ranking
O PSDB detém a maior fatia dos filiados brasilienses: 27.967 são tucanos — 14,1% do total. Logo atrás, estão o PMDB e o PT, com 25.426 e 19.265 membros, respectivamente. Os números representam percentuais de 12,8% e 9,7%. Na lanterna vem o PCO, com 37 filiados.

O presidente regional do PSDB-DF, deputado federal Izalci Lucas, defende que a sigla transmite uma perspectiva de “poder”. “Muita gente hoje reconhece que não tem como fazer política sem partido”, sustenta.

O diferencial do PMDB-DF, por outro lado, é a liberdade, destaca o presidente em exercício da executiva regional, Gustavo Aires: “O filiado pode participar de todos os órgãos, núcleos e diretórios”. A meta, segundo o dirigente, é aumentar a quantidade de seguidores da ideologia da legenda.

Em nível nacional, porém, as posições se invertem: o PSDB está em segundo lugar, com 8,7% dos filiados, e o PMDB lidera o ranking, com 14,13%. No total, são 2,3 milhões de peemedebistas espalhados pelo Brasil. 

Para o professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas, o percentual de 9,8% de filiados no DF reflete o perfil do eleitor brasiliense: politizado, com média de anos de estudo maior que a nacional. Se o número fosse excessivo, diz ele, poderia gerar uma “guerra civil”.

Apesar do aumento em 2017, Ricardo Caldas acredita que há um desinteresse maior sobre a atuação política, principalmente após a deflagração de operações como a Lava Jato, que escancararam episódios de corrupção envolvendo representantes do povo.

Não há vínculo no Brasil entre eleitor e político. Não há confiança, nem nada. A relação é meramente utilitária no momento da eleição.

Professor do Instituto de Ciência Política da UnB Ricardo Caldas

O que a legislação prevê
Só pode se filiar a algum partido quem está em “pleno gozo dos direitos políticos”, segundo o TSE. A lei é enfática também sobre o prazo para se associar em ano eleitoral: seis meses antes da data das eleições. Para 2018, portanto, interessados em se candidatar para disputas majoritários ou proporcionais devem adotar o programa de uma sigla até abril.

De acordo com a lei que rege as agremiações, além de ser livre a definição dos objetivos políticos, as siglas podem estabelecer os direitos e deveres dos membros. Os limites das contribuições e as fontes de receita também são determinados por cada uma.

O Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, pode mudar as regras do jogo. Neste ano, a Corte deve julgar se as candidaturas avulsas serão aceitas nas eleições.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?