Crea acredita que viaduto do Eixão pode ser recuperado. UnB discorda
Relatório apresentado pelo conselho ao GDF nessa quarta-feira (7/3) diz que a estrutura é sólida e não precisa ser demolida
atualizado
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Um novo parecer sobre a estrutura do viaduto que desabou no Eixão Sul em 6 fevereiro deixa o processo de reconstrução do elevado ainda mais complexo. O vaivém de opiniões contrapõe o fator mais importante para a população: a segurança da estrutura.
Depois de o GDF divulgar o possível aproveitamento da edificação da obra, um relatório da Universidade de Brasília (UnB) recomendou, nessa quarta-feira (7/3), a demolição total de 194 metros do elevado. No mesmo dia, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do DF (Crea-DF) encaminhou documento à Casa Civil atestando que a construção pode ser reaproveitada.
O relatório é assinado pelo doutor em engenharia civil de estruturas e professor da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Afonso de Oliveira Almeida. Segundo ele, a segurança é garantida com o reaproveitamento.Das inspeções realizadas nos escombros e na estrutura do viaduto, conclui-se que as lajes alveolares do tabuleiro são robustas, de concreto, com boa qualidade e resistência mecânica, e podem ser totalmente aproveitadas na recuperação estrutural do viaduto, com alguns reparos e reforços de protensão.
Trecho de relatório do Crea
As opiniões divergentes levarão o GDF a fazer uma nova avaliação das possibilidades: “O governo analisará todos os relatórios e decidirá qual é a melhor opção, considerando, em primeiro lugar, a segurança. Em segundo, o custo”, afirmou o Palácio do Buriti, por meio de nota.
Veja parte do relatório do Crea-DF:
Reaproveitamento
Na última sexta-feira (2), o GDF havia divulgado que o viaduto não precisava ser implodido. Depois de reunião de grupo criado para analisar a situação da obra, o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), Márcio Buzar, afirmou o plausível reaproveitamento dos pilares na reconstrução. Disse ainda ter sido a água o maior fator de corrosão do elevado. Por isso, as fissuras existentes no local seriam fechadas.
A única dúvida à época era em relação à laje e se os tabuleiros poderiam ser recuperados. “A UnB também está no grupo e não houve qualquer contestação sobre a recuperação. Eles disseram que fariam um laudo, mas concordaram com o reaproveitamento. A decisão veio depois de análise de engenheiros renomados na área, que conhecem o viaduto”, afirmou a presidente do Crea, Fátimo Có.
À época do desabamento, no entanto, Fátima havia afirmado que “a melhor solução era demolir”, mas voltou atrás. “A olho nu, entendemos a possibilidade de a estrutura cair. Por isso, fizemos uma análise minuciosa, com um engenheiro da área, que já havia inclusive periciado o viaduto em 2014”, afirmou.
Responsabilidade
A presidente do Crea-DF afirmou ter ficado impressionada com o resultado do laudo da UnB e com a maneira como ocorreu a divulgação. “Quando um profissional assina um relatório garantindo a segurança da reconstrução, ele está embasado em uma série de parâmetros e, automaticamente, se responsabiliza por aquela decisão”, disse.
O Crea-DF pediu a notação de responsabilidade técnica do professor da USP que fez o relatório e, agora, também solicitará o mesmo à UnB. “É o profissional o responsável por garantir a queda do viaduto caso a demolição não seja feita. Ele vai garantir se é necessário o aumento dos custos, do tempo e se a estrutura atual não pode ser recuperada”, disse Fátima.