Cratera na Asa Sul: Defesa Civil aponta erro na execução da obra
De acordo com o subsecretário do órgão, chuvas e trânsito de carros deveriam ter sido considerados. Precipitações podem aumentar o buraco
atualizado
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A Defesa Civil afirma que houve falha na execução do projeto de engenharia na obra que cedeu e engoliu quatro carros nessa terça-feira (10/12/2019). “Algum erro ocorreu entre o que foi planejado e o que foi executado. Quando você executa um projeto, todas as variáveis precisam ser consideradas”, aponta o coronel Sérgio Bezerra, subsecretário do órgão.
“Devem ser considerados fortes chuvas e trânsito de veículos. Inclusive o tipo de carro que vai passar pelo local, exatamente para se evitar acidentes. Além disso, é preciso calcular tubulações e construir a contenção para evitar o rompimento e desabamento da estrutura”, frisa Bezerra.
As chuvas ainda preocupam porque, segundo o subsecretário, a água tem o potencial de fazer escavações. “Isso vai continuar contribuindo para o problema, se a empresa não fizer as contenções devidas, conforme determinado pela Defesa Civil”, alerta.
Daí, a necessidade de monitoramento também dessas exigências, argumenta Bezerra. Isso passa pela recuperação da cortina de contenção e das tubulações de esgoto e água pluvial existentes nas proximidades.
De acordo com o subsecretário, os especialistas notaram que, sobretudo no local do ocorrido, há uma inclinação muito grande do terreno. O fenômeno é voltado para a obra. Então, a água da chuva caiu em grande volume, com muita força e velocidade no buraco.
“(A água) Ultrapassou as barreiras de contenção, começando a escavar a estrutura de sustentação. Isso contribuiu significativamente para o problema”, explica o responsável pela Defesa Civil no Distrito Federal.
Veja fotos do deslizamento:
Riscos aos vizinhos
Ainda de acordo com Bezerra, não há risco às construções vizinhas — ninguém saiu ferido. O órgão fez avaliação tanto na terça-feira (10/12/2019) como nesta quarta (11/12/2019), e não existe nenhum comprometimento em virtude do acidente às estruturas dessas edificações.
“As pessoas podem voltar ao trabalho e uso funcional. O único inconveniente é em relação ao estacionamento, reduzido em função da necessidade de trânsito de equipamentos pesados como tratores e guinchos”, pontua.
O subsecretário salientou que, para fazer a recuperação da área, a empresa terá de refazer e recompor a cortina de concreto. “O concreto não é como uma cola que seca em uma hora. Leva aproximadamente 21 dias”, ressalta.
Esse prazo pode ser reduzido em função de aditivos, mas são necessários um período para organização da estrutura e novas escavações, além de colocação de ferragens — o que os especialistas chamam de cura e secagem do concreto. “Isso deve levar no mínimo três semanas. O incômodo causado na vizinhança deve durar em torno desse tempo”, conclui Bezerra.
Veja vídeos do incidente:
Acompanhamento
Ainda conforme destacado pela Defesa Civil, a tribulação de esgoto do Edifício Fape, ao lado da área atingida, será fechada e feita temporariamente por sucção para não comprometer a recuperação da obra.
Órgão como Novacap e Caesb, por exemplo, estão auxiliando na recuperação do espaço. O Corpo de Bombeiros e perito da Polícia Civil também acompanham os trabalhos. E um drone da Defesa civil sobrevoa o local do desabamento.
Na terça-feira, o engenheiro responsável pela obra, Carlos Medeiros, disse que a empresa tem mais de 30 anos de atividade e mais de 200 obras no Distrito Federal. “Trabalhamos como sempre fizemos e, em todo esse tempo, nunca tivemos problemas desse tipo”, ressaltou.
O serviço é executado pela D&B Construtora e Incorporadora. Os proprietários dos carros atingidos relataram que representantes da construtora se comprometeram a arcar com os prejuízos.