CPI do DF desiste de convites e convocará generais Dias, Heleno e Dutra
Após confusão com general Heleno, que mudou calendário de CPI, mas não compareceu, presidente de CPI prometeu convocações
atualizado
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa, que investiga atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro, vai transformar requerimentos de convites a generais em convocações. A decisão veio após o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), mudar todo o calendário das oitivas, pedir para ser ouvido em uma data diferente das reuniões e, mesmo assim, declinar do convite.
No caso de convocações, o investigado só pode se negar a comparecer caso tenha uma decisão da Justiça. Segundo o presidente da Comissão Parlamentar, Chico Vigilante (PT), a aprovação dos requerimentos deve ser feita na próxima semana, já que não há sessão da CPI nesta quinta-feira (20/4).
“Tomamos a decisão de convocar na próxima quinta o general Gonçalves Dias e o Heleno, que deu bolo na gente, pediu para antecipar o depoimento e não quis vir. O general [Gustavo Henrique] Dutra pediu para responder por escrito, mas uma CPI não é assim. Vamos aprovar quinta e, já sexta, encaminhamos as convocatórias com os dias dos depoimentos. Se não quiserem vir, terão que ir à Justiça”, afirmou Chico.
Relator da CPI, o deputado Hermeto (MDB), também fez coro por convocações. “No início, crucificaram a Polícia Militar. Hoje, as coisas estão se abrindo para uma investigação que tem que passar pelo Exército. Não tenho dúvidas. Eles faziam a proteção dos acampamentos, chegaram ao ponto de intimidar a PM com seus blindados. Temos que avançar na parte do Exército”, avaliou.
Conflitos
Imagens reveladas pela CNN que mostram o general Dias andando ao lado dos golpistas no dia da invasão das sedes dos Três Poderes, em janeiro último, repercutiram entre os membros da CPI. A oposição ao governo Lula (PT) na Câmara Legislativa questionou, em plenário, nesta quarta-feira (19/4), responsabilizações do atual presidente nos atos antidemocráticos no começo do ano.
Por outro lado, distritais da esquerda citaram o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, mantido durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), como fundamental para a tentativa de golpe. Houve até um clima mais ríspido entre Chico Vigilante e a deputada Paula Belmonte (Cidadania).
Chico cutucou dizendo que a CLDF tem uma distrital cujos pais estavam no acampamento, como já afirmou Paula. “Eles estavam fazendo o que lá? Rezando?”, questionou. Belmonte respondeu que sim. Ela já declarou, durante a CPI, que aquela manifestação golpista abrigava algumas “pessoas de bem”, como os próprios pais.