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CPI do DF aprova quebra de sigilo telefônico de Ana Priscila Azevedo

Requerimento de dados telefônicos de Ana Priscila Azevedo foi apresentado por Paula Belmonte e aprovado em sessão da CPI desta quinta-feira

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida mostra mulher algemada - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), aprovou a quebra de sigilo telefônico e telemático de Ana Priscila Azevedo.

O requerimento, apresentado pela deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania), pede os dados entre 10 de dezembro de 2022 e 10 de janeiro de 2023.

Também foi aprovado um requerimento que pede a análise de todos os comentários do YouTube da Câmara Legislativa durante sessões da CPI, para apurar ataques contra deputados. Atualmente, a Polícia Civil do DF investiga crime de homofobia por internautas contra Fábio Felix (PSol).

Ana Priscila Azevedo é apontada como uma das principais lideranças da tentativa de golpe de Estado. Ela administrava canais no Telegram coordenando invasões e outras ações contra o resultado das urnas. Em um dos grupos, os mais de 50 mil participantes recebiam áudios quase diários da golpista, hoje presa.

Nas mensagens, ela declarou, um dia antes, que iria “sitiar os Três Poderes” e incentivou invasões. No dia dos crimes, xingou quem não compareceu à Esplanada e comemorou o vandalismo. Após as prisões de bolsonaristas, e com a iminência da própria prisão, apareceu abatida, negando tudo.

Toda essa linha do tempo foi documentada pelo Metrópoles em áudios e vídeos que mostram como Ana Priscila Azevedo, 38 anos, se tornou uma das maiores lideranças dos atos criminosos em Brasília. Presa desde janeiro e com canais banidos no Telegram por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ela comandou os ataques com ordens diretas e indiretas para bolsonaristas.

A intenção da manifestação 8 de Janeiro não era continuar pedindo intervenção militar na frente dos Quartéis-Generais do Exército, como ela mesma disse no sábado anterior ao protesto violento. “A ordem é uma só: vamos marchar para frente do Congresso Nacional na Alvorada. Está cheio de militares aí no meio. […] Nosso destino, nosso ponto, nossa parada, é sitiar os Três Poderes”, afirmou. Ouça:

Ana Priscila ainda comemora a chegada de “caravanas” em Brasília, muitas das quais ela mesma havia ajudado a organizar, compartilhando mensagens em grupos lotados de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). O ato do dia 8 tinha até nome: “A queda da Babilônia”. Esse era o título do segundo canal que Ana criou no Telegram, após a derrubada do “Resistência Civil”.

Assim como a maioria dos bolsonaristas, ela também acreditava que postagens em redes sociais do ex-presidente e de familiares dele indicavam “enigmas”. Quando Michelle Bolsonaro postou no Instagram um vídeo com crianças na piscina do Palácio do Alvorada, Ana Priscila incitou manifestantes a invadir o local e tomar um banho.

“Brasília é muita seca. Os senhores estão todos convidados a tomar um banho de piscina no Palácio do Alvorada”, disse a líder dos atos, dia 7.

Já no dia em que o Brasil viveu um dos capítulos mais trágicos da democracia, Ana Priscila começou a manhã dando dicas de onde parar os carros para ir à Esplanada e ordenando que manifestantes saíssem do QG do Exército. Segundo ela, “infiltrados” acampados não queriam permitir a mobilização rumo à Praça dos Três Poderes.

Em outro momento da manhã, ela direcionou os ataques aos moradores de Brasília, xingando quem não queria compactuar com as ideias violentas de uma “tomada do Poder”. “Vocês que não estão aqui na linha de frente com os guerreiros que vieram do país inteiro, vocês são traidores desta pátria. […] Seus cristãos de merd*! Vocês cairão, passarão no crivo do Deus todo poderoso.”

As convocações constantes dos últimos meses, porém, tinham surtido efeito e levado uma grande quantidade de bolsonaristas para a invasão. Enquanto manifestantes agrediam policiais militares, furavam barreiras de segurança, entravam à força no Congresso Nacional e depredavam símbolos da democracia, Ana Priscila Azevedo ria e comemorava.

Câmara, Senado, Palácio do Planalto e STF foram tomados por seguidores dela e outros apoiadores de Jair Bolsonaro, que quebraram patrimônios históricos e causaram prejuízos milionários, além dos danos imateriais de uma invasão contra os Poderes que regem o Estado democrático de direito.

Nas horas seguintes ao vandalismo, o DF sofreu intervenção federal na Segurança Pública, mais de mil prisões ocorreram e Ana Priscila Azevedo tentou fugir. Na segunda-feira, ela mudou totalmente o tom após observar que os atos dos golpistas tiveram consequências. Em um dos últimos áudios enviados antes de ser presa, a criminosa fala em tom bem diferente dos gritos firmes de convocação para a “guerra”.

Ana Priscila surge abatida, acuada, negando tudo o que fez e se defendendo de acusações da própria direita de que ela seria uma petista convocada para “quebrar tudo” e culpar bolsonaristas. “Não tem nenhuma prova, não tem nada que comprove que eu sou uma infiltrada, que eu sou uma criminosa, que eu participei disso daí”, alega.

A líder dos atos golpistas foi presa em Luziânia, 10 de janeiro, um dia depois de enviar aquela mensagem.

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