CPI do DF tem pedido de indiciamento de general, coronel e mais de 100
Relatório de CPI do DF, que durou 9 meses, será apresentado nesta quarta-feira, com pedido de indiciamento de general, coronel e outros
atualizado
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Todo o trabalho de nove meses da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), será sintetizado em um relatório final apresentado pelo deputado distrital e relator da comissão, Hermeto (MDB), nesta quarta-feira (29/11). A previsão é que o documento tenha mais de 300 páginas e 100 pedidos de indiciamento. São centenas de pessoas que, segundo a investigação, cometeram crimes relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Entre elas, há general, coronéis e muitos “patriotas”.
Antes mesmo de ser lido, o relatório já tem gerado polêmica e brigas internas na CLDF. Como o Metrópoles adiantou nessa terça-feira (28/11), o texto pedirá o indiciamento de Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula (PT), e da coronel Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF.
Além da discordância entre deputados da CPI em indiciar G. Dias, vem sendo debatida a inclusão do nome de Cíntia, já que o então chefe da coronel no 8 de Janeiro, Anderson Torres, deve ser poupado.
Com esse cenário, nomes fortes no âmbito federal acabam blindados pelo relatório. É o caso dos generais Augusto Heleno, ex-GSI de Bolsonaro (PL), e Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-comandante do Comando Militar do Planalto (CMP). Também não deve constar no documento final o nome de Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Planejamento
A principal linha de Hermeto no relatório será a culpabilização dos responsáveis pelo planejamento que deveria evitar o que foi visto no 8 de Janeiro. É nesse cenário que, segundo entendimento do deputado, Cíntia falhou. O texto vai citar uma reunião realizada na SSP-DF na véspera dos ataques, quando a Polícia Federal alertou sobre a gravidade dos protestos marcados para o dia seguinte.
Naquela ocasião, o então diretor-geral da PF, Andrei Passos, reuniu-se com Cíntia e o secretário adjunto de Segurança Pública do DF, Fernando de Souza Oliveira, advertindo-os para ações violentas com tentativa de tomada do Poder no dia 8.
O coronel Marcelo Casimiro, que chefiava o 1º Comando de Policiamento Regional (CPR), também pode ser apontado como omisso pela falta de planejamento, por parte da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Durante depoimento na CLDF, Casimiro afirmou que “não foi atribuída ao 1º CPR” a função “de planejar”.
Mas, em setembro, chegou à CPI um relatório feito pela própria PMDF que tem como objetivo dar o “máximo de informações sobre o planejamento, as medidas tomadas e os fatos que ocorreram na manifestação popular ocorrida no 8 de Janeiro de 2023”. Já na primeira das 11 páginas, consta a informação de que todo o planejamento começou pelo Comando de Casimiro.
“O planejamento iniciou pelo 1º CPR. O sr. Cel PM Casimiro determinou que o 6º BPM [Batalhão de Polícia Militar] empregasse 3 viaturas de SVG nos horários das 7h às 15h e das 15h às 23h para os dias 6 a 15 de janeiro de 2023”, traz o texto.
Relatório paralelo da CPI
Embora o relatório final de Hermeto ainda não tenha sido lido, já existe um texto paralelo pronto. Elaborado por Fábio Felix (PSol), o documento quer evitar que o resultado final da CPI acabe blindando figuras-chave da tentativa de golpe.
“Ele já está pronto e será apresentado caso o relator decida blindar figuras centrais do processo golpista. Não podemos deixar que todo o trabalho da CPI seja desconsiderado”, disse Fábio ao Metrópoles. Felix quer indiciar nomes como o ex-presidente Jair Bolsonaro e os generais Heleno e Dutra.
Além disso, no entendimento do distrital do PSol, toda a cúpula da PMDF denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) teria que ser indiciada.
Apresentado pela manhã, às 9h, o relatório de Hermeto será votado no período da tarde do mesmo dia, após o almoço. São previstas três horas para leitura do texto e mais 15 minutos de discussão entre os deputados titulares e 10 minutos para os suplentes.