CPI: bolsonarista admite que caiu em fake news sobre abrigar sem-teto
Preso horas após as invasões do 8/1, Armando Valentin disse ter se motivado a agir por causa de notícia falsa sobre abrigar pessoas sem teto
atualizado
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Um dos bolsonaristas presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 confessou ter se motivado a agir na data por causa de uma notícia falsa. O autônomo Armando Valentin Settin Lopes de Andrade (foto em destaque), 46 anos, acabou detido em flagrante horas depois de participar da invasão às sedes dos Três Poderes.
Em depoimento nesta quinta-feira (31/8), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa (CLDF), ele disse temer um suposto cenário divulgado em fake news sobre governos de esquerda.
“Antes, quando a Dilma [Roussef] tinha saído [da Presidência da República], eu me lembro de uma ocasião em que [diziam que] quem tinha uma casa com três quartos ou quatro quartos, e [se] alguém estivesse na rua, sem teto ou casa, eu teria de ceder um dos quartos [do imóvel onde morasse]. Eu fiquei traumatizado. Isso me chocou. A televisão faz isso”, alegou.
O presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), questionou se Armando viu alguma casa ser invadida ou se alguma pessoa em situação de rua foi abrigada nas condições mencionadas pelo depoente. O bolsonarista negou.
Em outro momento da sessão, Armando disse ter sido chamado de “infiltrado da esquerda” entre os demais extremistas na prisão. Além disso, teria recebido ameaças de agressão física e criticou a comida da cadeia: “Nem meu cachorro come”.
Atualmente, o bolsonarista está fora do presídio, mas é monitorado por tornozeleira eletrônica. Armando se disse arrependido pela tentativa de golpe após o resultado das eleições de 2022. “Desculpas pelo Brasil”, declarou.
Assista à sessão:
Armando chegou a admitir à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que lideranças do acampamento bolsonarista montado em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília planejavam atentados a bomba na capital do país.
O apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contou, também, ter frequentado o acampamento diariamente, por mais de 40 dias, e estabelecido relação de confiança com lideranças na área.
Essa proximidade teria lhe garantido participar de três reuniões restritas com esses líderes, momento em que teria ouvido sobre planos de ataques. “Vários organizadores sugeriam colocar bombas para derrubar a ponte da Rodoviária [do Plano Piloto] de Brasília e também sugeriam incendiar veículos em estações de energia”, detalhou o depoente.