Cozinha do Hospital de Planaltina é interditada após irregularidades
Vigilância Sanitária identificou irregularidades em cozinha, mas Saúde informou que interdição ocorreu de maneira parcial e acabou suspensa
atualizado
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Devido a irregularidades na cozinha do Hospital Regional de Planaltina (HRP), a Vigilância Sanitária interditou parcialmente a cozinha da unidade de atendimento, nessa segunda-feira (20/3). O órgão verificou irregularidades, mas suspendeu temporariamente a medida, para evitar a descontinuidade da prestação de serviços aos pacientes, segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).
No Auto de Interdição nº 1/2023, emitido pelo Núcleo de Inspeção de Planaltina — vinculado à Diretoria de Vigilância Sanitária (Divisa), da SES-DF —, os fiscais determinaram a interdição da Unidade de Preparo e Fornecimento de Dietas Hospitalares
da Cook Empreendimento em Alimentação Coletiva Ltda, instalada no HRP.
Os motivos, segundo o documento, constam no Auto de Infração nº 17/2023 e em relatório técnico.
São eles:
- Unidade sem projeto básico de arquitetura e sem certificado de licenciamento sanitário, aprovado e emitido pela Vigilância Sanitária do Distrito Federal, respectivamente;
- Unidade apresenta condições estruturais precárias e condições de higiene e organização insatisfatórias.
Na mesma data, a Divisa emitiu um Termo de Orientação/Vistoria, no qual destaca: “A interessada [a unidade hospitalar] fica ciente de que o retorno às atividades no local está condicionado à obtenção do respectivo certificado de licenciamento e à correção das inconformidades apontadas no auto de infração e no relatório técnico retromencionados”.
O documento é assinado por auditores da Vigilância Sanitária do Distrito Federal.
Falhas estruturais
Em setembro último, a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), identificou diversas falhas na prestações de serviços alimentícios, após vistorias em 14 unidades de saúde da capital do país.
À época, as equipes constataram a situação mais crítica no HRP, onde havia recomendação para avaliação de possível interdição. Levantamento dos técnicos verificou que as instalações elétricas do prédio eram inadequadas, chegaram a dar choque nos funcionários e ficavam perto de infiltrações.
O documento apontava “situação extremamente grave” na unidade de saúde. “Segundo relatos, os funcionários sofrem choque elétrico com frequência. Risco de acidente grave com resultado morte, inclusive. Risco de incêndio. Segundo nos foi relatado, não é possível utilizar vários aparelhos ao mesmo tempo. Identificamos fios de cobre (antigos) desencapados. A coifa não funciona porque o sistema elétrico não suporta a carga”, elenca relatório elaborado pela Prosus.
Além disso, segundo o documento, a cozinha do HRP não tinha sistema de controle de temperatura nem ventilação adequada ou sistema de refrigeração. “Logo, o calor dentro da cozinha é muito elevado, especialmente quando da utilização dos fogões. Consideramos o ambiente de trabalho muito inadequado. Recomendamos avaliar a interdição do local”, enfatiza o texto.
À época, a promotoria também identificou “péssimo estado de conservação” do piso da cozinha, restos de alimento pelo chão, refeições de dietas específicas sem controle de temperatura, bem como torneiras quebradas e com vazamento.
“Interdição parcial”
Questionada pela reportagem , a SES-DF informou que a cozinha do HRP não se encontra interditada. “A equipe de Vigilância Sanitária emitiu um ‘termo de orientação’, para que fossem feitas readequações na cozinha, conforme as normas técnicas”, comunicou a pasta.
“No entanto, a interdição parcial da Unidade de Preparo e Fornecimento de Dietas Hospitalares da Cook Empreendimentos em Alimentação Coletiva Ltda foi suspensa, conforme consta documento SEI 108701318, para evitar a descontinuidade da prestação de serviços aos pacientes”, continuou a SES-DF.
A secretaria acrescentou que houve estabelecimento da apresentação de plano de ação para “saneamento das não conformidades apontadas”. “A pasta esclarece que as adequações estão sendo adotadas, dentro de cronograma previsto e por meio de contrato vigente de manutenção predial”, conclui a nota do órgão.
Por telefone e e-mail, o Metrópoles tentou contato com a Cook Empreendimentos em Alimentação Coletiva Ltda, empresa responsável pelo preparo e fornecimento de refeições no HRP, mas não teve resposta até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.