Covid-19: hospitais do DF fazem gambiarras em oxigênio para pacientes
Situação foi registrada em algumas unidades da rede pública de saúde do Distrito Federal no fim de semana
atualizado
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Superlotados pela pandemia do novo coronavírus, 0s hospitais públicos sofrem com a carência de pontos de oxigênio e são forçados a fazer gambiarras, até entre setores, para levar ar ao pulmão dos doentes. Imagens obtidas pelo Metrópoles no fim de semana mostram a situação em algumas unidades de saúde da capital federal.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia, por exemplo, não tinha oxigênio para receber novos pacientes no domingo.
No Hospital Regional de Planaltina, a falta de pontos de oxigênio forçou a equipe de profissionais da saúde a tomar uma medida desesperada. Fizeram uma ligação improvisada, uma gambiarra, entre setores. O fio partiu de uma janela e atravessou o fosso do prédio até chegar a outro setor.
Veja imagens:
Mediante a gambiarra, foram improvisados pontos de emergência para não deixar quatro pacientes agonizando sem oxigênio. Para desespero da equipe de profissionais da saúde, por um período, não havia cilindro de oxigênio avulso disponível. O hospital também não tinha respiradores vagos. Médicos e enfermeiros lutaram para preservar a vida dos enfermos.
Taguatinga sem ar
Sem pontos de oxigênio, o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) também ficou tomado por gambiarras. “Isso é desumano”, desabafou um profissional de saúde ao denunciar a situação da unidade. Além dos problemas estruturais, há falta de profissionais. O déficit de mão de obra tornou-se um problema gritante em toda rede.
Confira as imagens do HRT:
Segundo servidores, o drama da falta de pontos de oxigênio se repete no Hospital Regional do Gama (HRG) e no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Gambiarras também mantêm pacientes vivos no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
Secretaria de Saúde
A Secretaria de Saúde afirmou que a quantidade de oxigênio contratada pela rede pública é suficiente para atender aos leitos atuais e à projeção de aberturas de novos.
“Para evitar qualquer desabastecimento da rede de saúde e dar maior segurança ao atendimento, foi solicitado um aditivo contratual no percentual máximo permitido por lei”, assegurou a pasta, em nota.
De acordo com o órgão, o consumo de oxigênio é monitorado permanentemente pela empresa contratada, por meio de sistema próprio. O oxigênio não é estocado, mas fornecido conforme a demanda.
Os contratos atuais são com as empresas White Martins Gases Industriais Ltda. (oxigênio líquido e tanque criogênico) e Air Liquide Brasil Ltda. (oxigênio em cilindros).
No entanto, a Secretaria de Saúde admitiu os problemas estruturais relacionados à falta de pontos de oxigênio, agravados pela superlotação na pandemia.
“A demanda de pacientes é muito alta para os pontos fixos de oxigênio nas unidades. É preciso entender que as enfermarias possuem uma limitação física de espaço, que comporta um número limitado de leitos e, consequentemente, um número limitado de pontos fixos de oxigênio. Por isso, é necessária a utilização de cilindros de oxigênio portáteis para suportar o volume de atendimento nesse momento”, argumentou.
Iges-DF
O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) informou que não há risco de falta de abastecimento de oxigênio nos hospitais ligados ao instituto, “uma vez que, em média, três vezes por semana, os tanques de grande capacidade de armazenamento são abastecidos pela empresa contratada”, explicou a instituição.
Segundo o Iges-DF, Hospital de Base, HRSM e as UPAs contam com tanque de oxigênio. Veja, a seguir, a listagem dos percentuais aproximados do abastecimento dos tanques de oxigênio das unidades:
Unidade / Percentual de abastecimento / Data / Consumo Médio Diário (m³)HB: 74% – 14/3/2020 – 4.000
HRSM: 64% – 14/3/2020 – 3.000
UPACE: 52% – 14/3/2020 – 850
UPASA: 97% – 14/3/2020 – 850
UPANB: 42% –14/3/2020 – 850
UPASS: 47% – 14/3/2020 – 850
UPARE: 65% – 14/3/2020 – 850
UPASO: 91% – 14/3/2020 – 850
De acordo com o Iges, atualmente, o consumo diário no Hospital de Base é de aproximadamente 4.000 m³. Nas UPAs, de 850 m³. “Isso representa uma autonomia de cinco a seis dias em cada unidade, sendo o abastecimento realizado a cada dois ou três dias de forma regular”, concluiu o instituto.