Covid-19: briga entre empresa e Iges faz UPA do DF perder leitos de UTI
Instituto rescindiu o contrato com Imas por alegar problemas. Com isso, 10 vagas para pacientes graves foram fechadas
atualizado
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A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia não terá mais leitos de UTI para o tratamento de Covid-19. Os 10 leitos instalados e administrados pelo Instituto Med Aid Saúde (Imas) serão retirados do local. Os pacientes internados em estado grave serão removidos e transferidos para outra unidade. A quebra contratual ocorreu nessa sexta-feira (18/9).
Em documento ao qual o Metrópoles teve acesso, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) diz ter notificado o Imas a rescindir o contrato em razão de inconformidades contratuais. O Imas, porém, alega que o Iges deve R$ 2 milhões pelo serviço prestado e que somente duas das sete notas apresentadas pela empresa foram pagas.
Os leitos foram instalados em 2 de julho para atender os pacientes gravíssimos contaminados com o novo coronavírus. A intenção inicial era que 20 leitos funcionassem no local. “A contratação era para 20 leitos, mas não tinha espaço. A rede de oxigênio não funcionava e a rede de água para realizar hemodiálise era precária. Assim, instalamos 10 leitos com ótimas condições de atender os pacientes e salvar vidas de fato”, ressalta a presidente do Imas, Cinthya Telles.
O acordo firmado com o Iges era de que o serviço seria pago por meio de notas apresentadas a cada 10 dias. Segundo Cinthya Telles, as duas primeiras foram pagas e 75% da terceira foi depositado.
“Depois disso, foram mais cinco notas, nenhuma paga. Nós pedimos a transferência dos pacientes porque nem remédio conseguíamos mais para tratamento. Pedimos o pagamento atrasado ou a remoção dos doentes e o Iges optou por cancelar o contrato sem pagar. Cancelou algo que estava dando certo”, lamentou a presidente do Imas.
O Iges reconhece que pagou apenas parte do valor devido à empresa e afirma que os valores pendentes estão sendo calculados.
Desde 2 de julho, 38 pacientes ocuparam os leitos da UPA de Ceilândia para Covid-19. Alguns deles ficaram internados por 60 dias em tratamento.
Sem UTI
Porém, o Iges alega que “de qualquer forma, a redução dos leitos e transferência de pacientes já era uma estratégia planejada pelo instituto em razão da redução da ocupação dos leitos de UTI, o que foi alinhado com a Secretaria de Saúde do DF”, disse ao Metrópoles por meio de nota.
O instituto justificou que, nesta sexta-feira (18/9), conforme a Sala de Situação, a taxa de ocupação dos leitos de Covid-19 estava em 49,85%, ou seja, 326 vagos e 324 ocupados no DF.
“A UPA de Ceilândia continuará com leitos disponíveis de medicação, de sala vermelha, amarela e verde para atendimento clínico geral. Casos de Covid-19 continuarão sendo atendidos e pacientes graves estabilizados, se necessário, encaminhados para outras unidades com leitos vagos”, disse o instituto.
Até essa sexta-feira (18/9), três dos nove pacientes que estavam na UPA de Ceilândia tinham sido transferidos para outras unidades. Os outros seis aguardavam a oportunidade de ir para outras unidades pelo Complexo Regulador da Secretaria de Saúde, que administra os leitos.