Corretor do DF aplicava golpes em transações com imóveis de luxo
Homem é acusado de enganar diversos clientes. Esta semana, dois casais foram vítimas, em negócio envolvendo apartamento de R$ 2,5 milhões
atualizado
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Um homem que se passava por corretor de luxo, trabalhando com compra e venda de imóveis de alto padrão no Distrito Federal, foi preso pela Polícia Civil (PCDF) quando estava prestes a fazer mais uma transação fraudulenta no mercado imobiliário. Leandro Fernandes de Sousa, 40 anos, teve a prisão preventiva cumprida por policiais da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) no momento em que mostrava uma mansão, no Lago Sul, para clientes.
Ele é acusado de vários golpes. O último foi aplicado nesta semana, contra dois casais, envolvendo um imóvel avaliado em R$ 2,5 milhões. Após desconfiar do corretor, um dos casais pesquisou na internet e viu uma matéria do Metrópoles, publicada em 2017, que noticiava mais um estelionato de Leandro. Em seguida, as vítimas procuraram a polícia.
A reportagem apurou que a 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) vai instaurar inquérito sobre as circunstâncias do último golpe aplicado pelo falso corretor. Ao procurar o cadastro de Leandro no site do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do DF (Creci-DF), consta que a situação do suspeito está irregular: ele teve o registro suspenso em abril de 2017. Isso significa que o suspeito estava exercendo a profissão irregularmente.
O golpista fraudava contratos, aletrava valores dos imóveis e superestimava as quantias pagas em comissões de corretagem, tudo à revelia tanto dos vendedores quanto das pessoas que iriam comprar. O casal que pretendia adquirir o apartamento na Quadra 112 Sul fecharia o negócio por meio dos serviços prestados por Leandro.
A compra seria realizada, supostamente, com parte do pagamento em dinheiro e outra em imóveis. Seria entregue um apartamento na 210 Sul, uma sala na 302/303 Sul, outro apartamento na cidade de Porto de Galinhas (PE) e R$ 250 mil em espécie.
Ao golpista, como sinal da compra, foi entregue, na última quarta-feira (19/02/2020), dois cheques que totalizaram o valor de R$ 250 mil e mais dois cheques de R$ 28,5 mil, como parte do valor da corretagem. Os quatro documentos foram descontados no dia seguinte.
De acordo com as apurações, Leandro solicitou que no contrato constasse o valor total de R$ 2,5 milhões para que uma terceira pessoa recebesse o apartamento nesse valor. No entanto, como o casal comprador não estava efetivamente pagando essa quantia, o contrato de corretagem deveria constar o valor efetivamente pago, de R$ 2,4 milhões.
Golpe descoberto
No sábado (22/02/2020), o casal comprador entrou em contato com os proprietários do apartamento da SQN 112 para ajustes e conhecimento da planta do imóvel. No entanto, eles descobriram que os imóveis dados como forma de pagamento não estavam realmente envolvidos no negócio e que os vendedores não teriam conhecimento da permuta, o que levantou desconfiança.
Dessa forma, os proprietários do apartamento afirmaram que a venda seria paga em dinheiro, que entraria na conta em 30 dias. Diante da divergência da forma de pagamento, os dois casais procuraram a delegacia.
As vítimas afirmaram aos policiais que o homem que se apresentava como corretor ficou com a posse de todos os documentos originais das escrituras dos apartamentos que fizeram parte do pagamento, para registro em cartório.
Em nota encaminhada ao Metrópoles nesta quarta-feira (26/02/2020), o diretor de Fiscalização do Creci-DF, Marcus Vinicius Scalercio, disse que, diante dos novos fatos, o departamento vai instaurar processo administrativo para subsidiar o Ministério Público e a Polícia Civil na investigação sobre o ex-corretor.
“Na condição de guardião da higidez do mercado imobiliário, mediante a fiscalização da atividade de intermediação imobiliária, o Creci-DF disponibiliza à sociedade mecanismos de busca dos corretores e imobiliárias aptos ao exercício profissional por meio do portal: http://crecidf.gov.br/espaco-do-corretor/localizar-corretor/ e por meio do telefone (061) 3321-1010 também é possível solicitar a certidão de regularidade profissional através do site: http://crecidf.gov.br/para-o-cidadao/certidao-de-regularidade/”, informa a nota.
Reportagens
Em março de 2017, o Metrópoles havia publicado matéria sobre um dos golpes aplicados por Leandro. Na época, uma advogada acusou o ex-corretor de ter usado documentos falsos em um negócio envolvendo a compra de um apartamento. O processo nunca foi concretizado. O prejuízo, segundo ela, chegou a quase R$ 500 mil.
O negócio teve início em outubro de 2016. Entretanto, a vítima só tomou conhecimento do suposto golpe em março de 2017. Nessa data, eles voltaram de viagem e, após contato com os proprietários do imóvel que pretendiam comprar, descobriram que a proposta feita não havia sido aceita.
Em seguida, teriam ouvido do próprio corretor que ele havia pegado para si R$ 260 mil em dinheiro e um Audi A5, modelo 2015, avaliado em R$ 128 mil, dados pela família como parte do negócio.
Segundo a vítima, o ex-corretor sacou no banco os R$ 182 mil pagos em cheque nominal, além de ter ficado com o Audi. Ele teria vendido o veículo pouco depois.
Leandro também havia recebido das vítimas o documento de transferência, que deveria ser repassado para os novos donos, e R$ 78 mil, que seriam usados no pagamento de uma uma guia para transferência do imóvel. O documento, supostamente falso, foi apresentado como se fosse emitido pelo Ministério da Fazenda.