Coronavírus: veja como o ponto facultativo do GDF afeta serviços
Servidores concordaram com a medida para evitar contágio, mas cidadãos que estiveram no Na Hora da Rodoviária reclamaram
atualizado
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A pandemia do coronavírus fez o Governo do Distrito Federal adotar medidas de urgência para evitar a propagação da doença. Diversos decretos foram publicados nos últimos dias. O Metrópoles fez um compilado das principais medidas. Veja quais são:
– Ponto facultativo: antecipada pela coluna Grande Angular nessa terça-feira (17/03), o governador Ibaneis Rocha (GDF) decretou ponto facultativo a partir desta quarta-feira (18/03). São três dias. A medida abrange servidores da administração pública direta e indireta do Distrito Federal.
– Saúde, segurança, vigilância sanitária, comunicação e órgãos de fiscalização do consumidor: todos esses serviços não são atingidos pelo ponto facultativo e funcionarão normalmente. No entanto, o que puder ser feito por telefone ou por meio eletrônico, como a Delegacia Virtual, deve ser usado preferencialmente.
– Bombeiros, polícias, Samu e Defesa Civil: dúvidas sobre a doença podem ser tiradas pelos serviços 193 (Corpo de Bombeiros); 192 (Samu); 190 (Polícia) e 199 (Defesa Civil). Todos eles, e principalmente os bombeiros, porém, pedem que só seja solicitado transporte para pessoas com falta de ar aguda e demais sintomas do coronavírus, além de não possuir meio de transporte próprio. Há congestionamento na linha porque há muitos pedidos que poderiam ser evitados.
– Transporte público: de acordo com a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), o serviço de ônibus e metrô segue sem interrupção e com reforço na limpeza.
– Detran: a partir desta quarta-feira (18/03), o horário de funcionamento dos Postos do Detran será das 12h às 18h, de segunda a sexta-feira, pelo menos até 31 de março. Para agilizar o atendimento, serão disponibilizados servidores para o recebimento exclusivo de documentação.
– Na Hora: serviços temporariamente suspensos na Rodoviária do Plano Piloto. Atendimento só volta na segunda-feira (23/03). O Metrópoles tentou contato com todos os outros postos, incluindo o telefone destacado da Subsecretaria de Modernização do Atendimento Imediato ao Cidadão, mas não houve resposta.
– Banco de Brasília: os serviços continuam, mas há restrição da circulação de pessoas nas agências.
– Academias e centros de lazer fechados: no domingo (15/03), o GDF determinou a suspensão das atividades por 15 dias para as academias de esporte de todas as modalidades e para os museus. A Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) ficou responsável por fazer a fiscalização e pode atuar junto às forças policiais.
– Sem aula: depois de decreto na última quinta-feira (12/03), no sábado (14/03), o governo impôs a suspensão pela próxima quinzena dos eventos de qualquer natureza que exijam licença estatal, com público superior a 100 pessoas e atividades coletivas de cinema e teatro. Também ficam suspensas, pelos próximos 15 dias aulas nas escolas da capital do país.
– Sesipe: a visita aos presos da Papuda estão suspensas. Em princípio, a medida vale até a próxima sexta-feira (20/03).
– Junta Comercial: o atendimento presencial está suspenso. Os usuários podem utilizar o chat on-line de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 16h30.
– Caesb: o atendimento presencial nos escritórios externos está suspenso e vale por 15 dias. Os serviços podem ser pedido pelo aplicativo de autoatendimento, disponível para download nos sistemas Android e IOS. O site do órgão também oferece revisão ou segunda via de contas, alteração de titularidade e vencimento, além de informações sobre consumo de água, consulta de protocolos. Há a opção virtual de atendimento pelo telefone 115 ou pelo WhatsApp (61) 98480-5115 (somente para as localidades de Ceilândia, Samambaia, Sobradinho, Planaltina e Taguatinga).
– CEB: o atendimento presencial deve ser evitado. O cidadão deve solicitar serviços pelo aplicativo para smartphone, chamado CEB Distribuição ou diretamente no site.
– Restaurantes comunitários: os 14 restaurantes comunitários do Distrito Federal estão vendendo marmitas para que sejam consumidas fora das unidades e, assim, evitar, a aglomeração.
Servidores aprovam
Após o Governo do Distrito Federal (GDF) decretar ponto facultativo para os servidores da administração pública direta e indireta, o anexo do Buriti amanheceu de portas fechadas nesta manhã. A pausa nas atividades ocorre entre esta quarta-feira (18/03) e a próxima sexta (20/03).
O estacionamento estava vazio e muitas lanchonetes das redondezas também preferiram não funcionar.
“Havia rumores sobre essa possibilidade de ponto facultativo. Em dias normais, a essa hora, isso aqui estaria fervendo de gente. É uma medida necessária para conter a proliferação do coronavírus”, opina o comerciante Rubens Pontes, 42 anos.
Ele tem uma barraquinha de lanches em frente ao prédio. “A maioria dos vendedores não veio porque sabe que o movimento vai ser fraco nos próximos três dias”, arrisca Pontes.
Servidora da Secretaria de Economia, Elaine Cristina Caldas, 43, chegou ao local nesta manhã para resolver uma pendência. “Nós fomos avisados anteriormente sobre o decreto. Vim porque preciso resolver um problema, mas a orientação é para que os servidores sigam a ordem do governo”, define.
“Estávamos trabalhando com receio. Havia rumores de possíveis pessoas com sintomas no prédio e isso assusta a gente. Mas considero uma medida importante. Se cada um fizer sua parte, controlamos o risco”, argumentou a servidora.
A estudante Rayla Alves, 26, começaria um estágio nesta quarta-feira na Secretaria de Economia. “Eu vim porque não sabia do ponto facultativo e achei que, de fato, eu trabalharia hoje. Conversei com o gestor que me orientou a voltar para casa e retornar na segunda-feira (23/03). Espero que não prejudique meu começo no estágio.”
Quem teve que voltar para casa também foi o servidor público José Ribamar Pereira Filho, 30. Ele nem pôde subir. “Leio o DODF (Diário Oficial do DF) todos os dias ao chegar para o serviço, mas não me atentei para a edição extra”, lamenta.
“Agora, vamos aguardar as próximas orientações. É uma medida necessária para não prejudicar a saúde e colocar os servidores em risco. Não faz sentido a gente vir trabalhar sem demanda. Acreditamos que a medida ainda poderá se estender para a próxima semana”, aponta Pereira
Conforme o texto, a pausa só não se aplica às áreas de saúde, segurança, vigilância sanitária, comunicação e órgãos de fiscalização do consumidor.
Na Hora fechado
O Na Hora da Rodoviária do Plano Piloto também amanheceu fechado. O advogado João Paulo Mattei, 24, havia agendado um recadastramento no Sesipe para uma cliente. Como não conseguiu atendimento, criticou a medida.
“Estava agendado há muitos dias. Sem o recadastramento, não existe como fazer visitas ao presídio. Nós entendemos que seja importante para não piorar a contaminação do coronavírus, mas ponto facultativo não é obrigatório. Algumas pessoas poderiam continuar trabalhando. Avisassem. Os que precisam do serviço também correm risco de sair de casas, pegar ônibus e se contaminar nas ruas”, opinou.
A doméstica Kátia Severo das Neves, 40, também precisava do recadastramento no Sesipe nesta manhã. “Fiquei surpresa de estar fechado. Vim do Lago Azul, no Entorno. Perdi uma diária porque havia reservado o dia para resolver esse problema. Agora, não sei quando conseguirei fazer isso novamente”, contou.
A cozinheira Maria Francisca Monteiro da Silva, 44, buscava orientações para fazer uma nova identidade. “Fui roubada e vim aqui para fazer outra. Vou ficar sem documento até o serviço voltar. Eles poderiam, pelo menos, ter avisado que não estaria aberto nos próximos dias. Eu não tinha esse conhecimento.”