Coronavírus: suspensão de aulas divide opiniões nas escolas do DF
Alguns pais e funcionários não tomaram conhecimento do decreto de Ibaneis Rocha e outros quiseram confirmar pessoalmente a situação
atualizado
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Estudantes e funcionários de escolas públicas e particulares do Distrito Federal que não acompanharam a publicação de suspensão das aulas na cidade encontram portões fechados na manhã desta quinta-feira (12/03). Na noite dessa quarta-feira (11/03), o governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou o fechamento dos colégios nos próximos cinco dias para evitar a propagação do novo coronavírus.
As opiniões se dividiram sobre a efetividade da medida. Clique aqui para saber quais colégios e faculdades estão sem aulas.
Na Faculdade Unip, na 914 Sul, o universitário do 6° semestre de educação física Marcos Barbosa, 23 anos, foi à faculdade para se certificar de que não haveria aula. “Eu até recebi informações nas redes sociais, mas vim para ter certeza e me deparei com o comunicado na grade. Acredito que seja uma medida necessária e preventiva contra o coronavírus. Por isso, estou de acordo.”
O servidor público Ismael Soares, 45, foi levar a filha Clarisse Cunha, 10, aluna do 5° ano, ao colégio La Salle da 906 Sul, na manhã desta quinta-feira. “Ficamos estudando ontem a noite para uma prova que ela iria fazer hoje e não olhei as redes sociais nem acessei meu e-mail, mas a escola mandou o comunicado. Acredito que paralisar as escolas seja válido pela gravidade e velocidade com que a doença se propaga. Apesar de deixar a gente mais apreensivo, é para o bem. Esperamos que seja efetivo.”
No Centro de Ensino Fundamental 1 do Riacho Fundo II, Sharon de Lima, aluna do 6° ano, disse que não foi avisada pelos professores do cancelamento e, por isso, chegou ao colégio. “Agora, vou voltar para casa e descansar de novo”, conta. Avisada de que o coronavírus era o motivo dos cancelamentos, ela discordou da decisão. “Não precisava disso, era melhor ter aula mesmo”, diz.
Na Escola Classe 102 do Recanto das Emas, alguns responsáveis fizeram questão de confirmar o cancelamento das aulas. O aposentado José Paulo dos Santos, 52, por exemplo, acompanhou os netos. “Há muita especulação, né? E esses meninos passam o dia todo vendo desenho, não consegui confirmar”, brinca.
Outro avô que acompanhou o neto para confirmar a suspensão das aulas foi José Ramos, 71, com Pietro, 9. Segundo ele, a família ficou sabendo da situação, mas achou melhor ir presencialmente até o colégio. “Vimos que não vai ter a escola de futebol do garoto, então, o jeito é ficar quieto”, diz.
O aposentado não vê necessidade de as aulas serem canceladas por causa do coronavírus, mas espera que a medida seja suficiente para evitar o contágio de outras pessoas. “No momento, acho que não seria preciso, mas não sou eu quem julgo”. Quem comemora é Pietro, que poderá voltar para cara e descansar. “Estou achando uma beleza”, diz.
Portas fechadas
Na 912 Sul, o colégio Santo Antônio amanheceu de portas fechadas. Ao lado, no Sigma, por volta das 6h40, também não havia movimentação de pais e alunos. Dois funcionários que estavam na entrada da instituição disseram não ter sido avisados sobre a suspensão das atividades. “Como as aulas começam pontualmente às 7h, a essa hora já teríamos bastante movimento. Hoje, está praticamente zero”, explicou um deles.
Aluna do 2° ano do ensino médio do Sigma, Amanda Martins disse que não olhou as redes sociais antes de chegar ao local e não sabia sobre o decreto. “Quando liguei meu celular e entrei no grupo da turma, o pessoal estava comentando. Agora, só terça-feira. Estou voltando pra casa”, consolou-se.
O Olimpo também amanheceu vazio e sem alunos. Apenas um funcionário da unidade chegou para trabalhar na manhã desta quinta-feira (13/03) e disse que todos já estavam cientes sobre a determinação para as escolas.
A capital do país tem dois casos confirmados: uma mulher de 52 anos, que está internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e o marido dela, isolado em casa. A Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Federal de Brasília (IFB), por enquanto, seguem com as aulas normalmente.
Nessa quarta-feira (11/03), a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou a classificação das infecções e reconheceu como pandemia o avanço da doença Covid-19. A reclassificação ocorre horas após o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarar que a ameaça de uma pandemia do coronavírus se tornou “bastante real”. Até então, ele afirmava, em seguidos pronunciamentos, que a doença poderia ser contida.