Coronavírus: brasilienses denunciam preços abusivos em mercados
Procon notificou 530 farmácias e fará inspeção em estabelecimentos acusados de aumentar valores de itens como ovos, arroz, sabão e biscoito
atualizado
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Consumidores denunciam a cobrança de preços abusivos nos supermercados do Distrito Federal. Em plena crise do novo coronavírus, os valores do álcool em gel e máscaras dispararam nas farmácias, e 530 foram notificadas. Agora, o problema também foi detectado nos mercados.
Estabelecimentos estariam cobrando preços acima dos usuais para alimentos e produtos de higiene. Segundo relatos de diversos clientes, os valores de muitos itens dispararam nas prateleiras após o início da quarentena para conter a disseminação da Covid-19.
Em um supermercado da Asa Norte, a bandeja com 30 ovos estava sendo vendida por R$ 17,90 – antes custava em torno de R$ 10.
No mesmo bairro, outro estabelecimento passou a cobrar quase R$ 4 pela unidade do sabão – necessário para a prevenção do coronavírus –, anteriormente era negociada pela metade do valor.
Segundo decreto do Governo do DF (GDF), a alta de preços durante a crise do novo coronavírus será considerado abuso de poder econômico.
Denúncias
Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor do DF (Procon-DF), fiscais preparam uma inspeção em todos os supermercados locais.
“Já estamos recebendo denúncias desse tipo e estamos atentos ao cenário de aumento de preços, organizando o melhor modo para operacionalizar esta fiscalização”, informou o instituto em nota enviada ao Metrópoles.
Até então, o foco estava nas farmácias. Na manhã dessa quinta-feira (26/03), o total de notificações de drogarias era de 480. Fiscais do Procon flagraram álcool em gel de 500 ml por R$ 49,90 e de 60 ml ao preço de R$ 16,00.
A população pode fazer denúncias enviando mensagens para fiscalizacao@procon.df.gov.br ou 151@procon.df.gov.br, ou pelo telefone 151, disponível entre 12h e 17h, de segunda a sexta. É importante deixar claro o produto e o nome do estabelecimento.
As sanções administrativas aplicáveis incluem multa, apreensão do produto, inutilização do item e cassação do registro do produto junto ao órgão competente.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Economia do DF (Corecon-DF) e professor Mercado Financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo, há indícios de que os preços cobrados para os itens de limpeza e higiene estão acima do mercado. “A gente fica com a pulga atrás da orelha. Esse produtos começaram a sumir depois do coronavírus”, pontuou.
Sem repasse para consumidor
Procurada pelo Metrópoles, a Associação de Supermercados de Brasília (Asbra) condenou a prática abusiva contra os consumidores.
“Não é possível jogar com os preços agora. Este é um momento de crise, no qual o dinheiro fica mais escasso. Não é hora de repassar preço. A orientação é não mexer nas margens”, ressaltou o presidente da Asbra, Gilmar Pereira.
Leite e derivados
A Asbra identificou preços abusivos no leite e derivados, não apenas no DF, mas em todo o Brasil. Segundo Pereira, os valores aumentaram nos fornecedores. “Nossa cadeia compra e vende. Não fabricamos e não temos acesso aos custos de produção”, assinalou.
Nesse sentido, a associação formalizou denúncia na Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) para investigação. A Asbra recomendou que os supermercados não comprem produtos com preços inflacionados.