Coronavírus acaba com empregos e afunda brasilienses na incerteza
Com a previsão de ter 20 mil demissões somente até 2 de abril, o mercado de trabalho sofre para se manter ativo durante a pandemia
atualizado
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O combate ao coronavírus com isolamento social, fechamento de comércios, shoppings, parques e suspensão de aulas atingiu em cheio o emprego do brasiliense. Segundo pesquisa da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF), 40,1% dos empresários avaliam demitir colaboradores após a publicação do decreto governamental que suspendeu as atividades comerciais com intuito de evitar a disseminação da Covid-19 na capital.
O Sindicato de Bares, Hoteis e Restaurantes (Sindhobar) diz que o setor já demitiu 4 mil pessoas e o Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) prevê, pelo menos, 20 mil dispensas até 2 de abril. O Metrópoles conversou com homens e mulheres que viram sua renda mensal ser extinta da noite para o dia e, agora, contam com reservas, rescisão ou ajuda de familiares. Os relatos são de falta de perspectiva em relação ao mercado.
Formado em administração de empresas, Handerson Batista, 38 anos, tinha três rendas mensais. Ele era gerente de um restaurante de sushi no Sudoeste e foi demitido junto com quase toda a equipe, pois o local passou a funcionar apenas com delivery.
Ele também é dono de uma empresa de gerenciamento de estágios, que, agora, parou de gerar receita. Além disso, Handerson mantinha um negócio de venda de doces em parceria com a noiva, mas teve de encerrá-lo.
“Sou da área de alimentação há 15 anos. Estou noivo e vou me casar em julho. Tenho um capital pequeno guardado e família. Não vou passar fome, mas não conseguirei manter o patamar em que vivia. Agora, é parar os projetos em andamento e esperar a crise acabar”, afirmou Handerson.
Confira o depoimento dele em vídeo:
Emprego só depois da crise
O vigilante Napoleão José Ferreira, 54, trabalhava em uma faculdade como vigilante há 9 meses e foi dispensado devido a suspensão das aulas. “O dono falou que precisava reduzir custos”, relatou ao Metrópoles.
Napoleão mora com a mãe, que tem câncer, em Taguatinga. Eles vivem em casa própria e a mãe é aposentada. É com a renda dela que ele tentará atravessar o período de desemprego. “Também sou motorista e era freelancer em festas, como segurança. Agora, sem eventos, também fico sem essa renda extra”, lamentou.
Cleicy Ferreira de Araújo, 18, tinha acabado de começar a trabalhar em uma cafeteria de Águas Claras. Há um mês, ela foi chamada para iniciar o período de experiência e seria contratada com carteira assinada. Porém, com a chegada da doença ao Brasil, o movimento do estabelecimento caiu muito e a jovem perdeu a vaga.
“As pessoas começaram a pedir café em casa”, disse Cleicy, que mora com o namorado, funcionário de um supermercado. Caberá a ele sustentar a casa até a crise amenizar. “Os supermercados não fecharam, ainda bem. Agora é economizar ao máximo para passar por este momento difícil”, ressaltou.
Dicas da especialista para o momento
Professora do Ibmec Brasília e especialista em recursos humanos, Solange de Castro ensina que a primeira dica para quem perdeu o emprego é negociar tudo o que for possível: aluguel, condomínio e prestações. “Está todo mundo aberto e sensível a negociações neste momento de crise”, lembrou a especialista.
Solange alerta ainda que é essencial acompanhar noticiários e medidas tomadas pelo governo. “A Câmara aprovou a ajuda de R$ 600 para informais. A Caixa adiou prestações da casa própria por três meses. A CEB e a Caesb não vão cortar água e luz”, enumerou.
A união da família também ajuda a superar as dificuldades momentâneas. Parentes podem cotizar, por exemplo, compras em mercados que vendem por atacado. Assim, sai mais barato. Uma pessoa compra e divide para as outras.
Sobre as possíveis fontes de renda, a especialista indica a venda de produtos e a oferta de serviços, como passear com o cachorro ou ir ao mercada para quem não pode sair. “É claro que existe uma rede de solidariedade, mas as pessoas ainda estão comprando serviços. Pode ser uma oportunidade”. Vender roupas, objetos e alimentos pela internet são outras alternativas.
Confira as dicas da especialista em vídeo: