Coren aciona Comissão de Ética do HBDF após paciente denunciar agressão de enfermeiras
Conselho Regional de Enfermagem do DF confirma que tomou conhecimento da denúncia feita por uma paciente contra duas enfermeiras do HBDF
atualizado
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O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) confirmou ao Metrópoles, nesta terça-feira (31/8), que tomou conhecimento, por meio das redes sociais e da imprensa, de uma denúncia de agressão e maus-tratos feita por uma paciente contra duas enfermeiras do Hospital de Base.
De acordo com a instituição, “a Comissão de Ética do Hospital de Base já foi acionada e vai iniciar a apuração do caso, com a tomada de depoimentos das testemunhas e pessoas envolvidas, coleta de provas e outras diligências necessárias para a elucidação do caso”, informou o órgão, por meio de nota oficial.
O resultado da apuração deverá ser encaminhado ao Coren-DF, que é a autarquia responsável pelo julgamento de eventuais infrações éticas cometidas no exercício profissional da enfermagem.
“Como é instância julgadora, o Coren-DF não pode emitir opinião prévia sobre a denúncia. Continuaremos acompanhando o caso de perto e tomaremos todas as medidas que o processo requer”, esclarecem.
O caso
Nessa segunda-feira (30/8), o Metrópoles divulgou reportagem de uma paciente relatando a agressão de duas enfermeiras: “Batia na minha cara”.
Segundo Lays Natália Alves, 34 anos, ela estava internada por duas semanas no Hospital de Base do Distrito Federal e denunciou ter sido agredida por funcionárias da unidade de saúde, na madrugada de segunda. Lays conta que, ao passar por uma crise de ansiedade, ela foi puxada pelo cabelo, pelos braços e pelas pernas.
Conforme a paciente, foi realizada uma operação no tendão de Aquiles dela durante a tarde de domingo (29) e, na mesa de cirurgia, começou a se sentir mal. Depois do procedimento, chegou a pedir para que tivesse um acompanhante com ela, o que foi negado. “Com ar de deboche, a enfermeira disse que não poderia liberar, pois eu era ‘maiorzinha’ e conseguia me cuidar”, conta.
Durante a madrugada, uma nova crise ocorreu. Lays começou a se sentir sufocada, e as colegas de quarto passaram a gritar por ajuda. Uma enfermeira apareceu, mas não fez nada. Com a insistência, a funcionária retornou e deu um remédio. “Tomei, mas vomitei, pois estava vomitando muito. Aí, ela disse que tinha me dado a medicação, mas, se eu não quis, o problema era meu.”
Ainda passando mal, a paciente ouviu da enfermeira que deveria aguardar o médico ou que ela mesma fosse atrás de um. “Por causa da cirurgia que eu fiz, não posso andar. Eu desci da cama, sentei num lençol e fui me arrastando nos corredores do Hospital de Base até conseguir entrar no elevador”, revela.
Um enfermeiro tentou acalmar Lays, mas a chefe de enfermaria apareceu durante a conversa e começou a puxá-la de volta para o quarto. “Começou a puxar pelos cabelos, tentava me pegar e batia muito na minha cara. Depois, começou a pegar pela perna, e eu comecei a gritar de dor, pois eu tinha acabado de fazer a cirurgia, mas só me largou quando acertei com a minha outra perna o pescoço dela”, lembra.
A técnica que tinha maltratado a paciente anteriormente reapareceu e ameaçou pegar no local da cirurgia para apertar. “Ela olhava para mim, ria e falava que não estava puxando até largar meu pé de uma altura de meio metro e bater com tudo no chão”, detalha.
Veja imagens das agressões:
Lays tentou, então, descer pelas escadas, mas a chefe da enfermagem voltou dizendo que a amarraria pelo pescoço. “Ficou um movimento como se fosse de forca, a outra tentou me pegar pela perna, mas eu disse que ia buscar meus direitos. Foi aí que apareceu um vigilante, e um enfermeiro me levou de volta.”
Veja o relato
Confira momentos após as agressões
Ela recebeu alta nessa segunda-feira e foi à direção do Hospital de Base registrar a reclamação. Fez a mesma coisa na Ouvidoria e informou ao Metrópoles que registrou uma ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia (área central), como lesão corporal.
O que diz o Iges-DF
Procurado, o Instituto de Gestão Estratégica do DF (Iges-DF), responsável pela direção do Hospital de Base, disse em nota que após análise preliminar da Comissão de Ética e outras áreas atuantes, “não foi constatada nenhuma agressão por parte de profissionais de saúde contra a paciente”.
O instituto diz que imagens registradas nas câmeras de seguranças da unidade foram avaliadas, bem como os relatos das equipes assistenciais de segurança institucional. “O HB não vai divulgar mais informações para preservar a imagem da paciente”, completaram.
“A Superintendência do HB reforça que a conduta de seus profissionais é baseada em respeito, empatia, nos códigos de ética, legislações vigentes e humanização do atendimento. O HB ressalta, ainda, que repudia qualquer ato de agressão dos colaboradores”, finalizam.