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Convocação de militares abre crise entre Planalto, Congresso e GDF

Rodrigo Rollemberg criticou duramente a atitude de Temer, que também repercutiu muito mal no Congresso e em entidades de classe

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Exercito nas ruas
1 de 1 Exercito nas ruas - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Ao decretar nesta quarta-feira (24/5) o emprego das Forças Armadas para “garantir a lei e a ordem” no Distrito Federal, o presidente Michel Temer e os ministros da Defesa, Raul Jungmann, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, conseguiram desagradar deputados federais, senadores e o Governo do Distrito Federal.

O ato motivou uma dura nota de desagravo publicada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) à noite. Segundo o socialista, “em todas as 151 manifestações realizadas nos últimos dois anos, as forças de segurança federal e distrital agiram de maneira integrada e colaborativa”. No entanto, acrescenta a nota, “para surpresa do Governo de Brasília, a Presidência da República decidiu, na tarde de hoje, recorrer ao uso das Forças Armadas, medida extrema adotada sem conhecimento prévio nem anuência do GDF e sem respeitar os requisitos da Lei Complementar nº 97/99 (artigo 15, parágrafos 2º e 3º). Os fatos de hoje em Brasília retratam a grave crise política do país. Não é a violência e nem a restrição de liberdade que a resolverão”.

Deputados da oposição criticaram a convocação da Garantia de Lei e de Ordem (GLO) e consideraram a decisão do presidente Michel Temer grave e inédita desde a redemocratização. O decreto prevê o uso das tropas nacionais de 24 a 31 de maio. Ao todo, serão 1,3 mil homens do Exército e 200 da Marinha. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que vai tentar reverter essa decisão. “Se não puder cancelar o decreto, pelo menos que o governo pudesse restringi-lo ao dia de hoje”, disse.

Segundo relatos de líderes da base aliada e da oposição, Maia demonstrou bastante irritação com a atitude do ministro da Defesa durante reunião com parlamentares. No Senado, as votações foram suspensas após o ato do governo federal.

Críticas
Para especialistas em segurança pública consultados pelo Metrópoles, os representantes do Executivo teriam cometido um erro formal – o que está em análise pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

De acordo com o decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial da União, a tropa ficaria à disposição do Ministério da Defesa para atuar no Distrito Federal de 24 a 31 de maio deste ano. E aí estaria uma ilegalidade. O ato contraria o parágrafo 4º do 15º artigo da Lei Complementar nº 97, de junho de 1999, que dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.

Esse trecho deixa claro que uma “decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO)” – nome formal da medida adotada por Temer, Jungmann e Etchegoyen – deve estabelecer tanto o período de atuação quanto a área onde a tropa vai operar. Assim, o decreto não poderia repassar ao Ministério da Defesa a prerrogativa dessas definições.

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Vândalos não pouparam os ministérios
Ministérios incendiados foram evacuados
Parada de ônibus destruída
Fachada do Ministério da Cultura
Rapaz ferido por bala de borracha
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Confira momentos marcantes dos protestos de 24 de maio: ministérios protegidos por tapumes foram incendiados

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Vândalos não pouparam os ministérios

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Ministérios incendiados foram evacuados

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Parada de ônibus destruída

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Fachada do Ministério da Cultura

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Rapaz ferido por bala de borracha

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Rapaz com mão machucada após rojão estourar

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Protesto termina em confusão na Esplanada

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Pessoa sendo socorrida na Esplanada

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Manifestantes atacam policiais

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Manifestante fica ferido em confronto na Esplanada

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Protesto na Esplanada termina em confusão

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Manifestantes derrubaram grade colocada pela PM na Esplanada

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Ministério da Cultura depredado

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Biblioteca do Ministério da Cultura

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Banheiros químicos foram transformados em barricadas

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Protesto termina em confusão na Esplanada

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Protesto termina em confusão na Esplanada

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Protesto termina em confusão na Esplanada

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Policiais tentam controlar manifestantes

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Manifestantes gritam palavras de ordem

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Cavalaria da PM foi acionada e entrou em confronto com os manifestantes

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Manifestante preso pelos policiais militares

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Ferido foi atendido pelo Corpo de Bombeiros

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Banheiros químicos serviram de barricada para os manifestantes

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Manifestantes atiraram pedras e pedaços de pau nos policiais

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Ministérios incendiados

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PM e manifestantes em confronto

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PM e manifestantes em confronto

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Manifestação na Esplanada

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Esplanada virou uma praça de guerra

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Manifestantes no gramado da Esplanada

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Protesto na Esplanada

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Policiais reagem

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Fogo tomou conta da Esplanada

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Quebra-quebra

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Policiais se reúnem para contraofensiva

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Policial é ferido

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Banheiros químicos viraram proteção

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Manifestantes colocam fogo nos banheiros químicos

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Policiais lançam bombas de efeito moral

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Confronto na Esplanada

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Ministério da Fazenda foi depredado pelos manifestantes

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Pichação no Museu da República

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Ministérios atacados durante o protesto

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Bombeiros acionados

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Ministério atacado

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Policiais impedem manifestantes de avançarem sobre o Congresso

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Ponto de ônibus destruído

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O Museu da República voltou a ser fechado

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Policiais fazem revista na altura da Catedral

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Manifestantes estão concentrados perto do Mané Garrincha

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Protesto é organizado por centrais sindicais

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Manifestante ferida recebe atendimento

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Com bandeiras, manifestantes estão perto do Mané Garrincha e da Torre de TV

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Camisetas com o rosto de Lula estampado: "O cara está voltando"

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Manifestação contra reformas e o governo Temer

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Ricardo Ferreira (de camiseta preta): "Reformas de um governo golpista"

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Distribuição de água para os manifestantes

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Luciana Genro fala no carro de som

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Material apreendido pela Polícia Militar do DF

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Material apreendido com os manifestantes pela PMDF

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Pelo menos 500 ônibus vieram para Brasília

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Jorge Bastos: "Essa reforma (da Previdência) é nefasta"

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Material apreendido pela PMDF com os manifestantes

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Material apreendido pela PM

PMDF/Divulgação

 

Situação delicada
O presidente da República tem a prerrogativa de decretar uma GLO, tanto unilateralmente quanto a pedido de presidentes de outros poderes ou de governadores das unidades da Federação. De acordo com o Planalto, o reforço das Forças Armadas no DF pelo período no qual estão previstos protestos contra o governo Temer e suas propostas de reformas Trabalhista e Previdenciária teria atendido pedido do presidente da Câmara, o que foi negado por Rodrigo Maia.

Ao saberem que o chefe do Legislativo fez a solicitação, deputados federais, tanto da base governista quanto de oposição, cobraram explicações de Maia e interromperam a sessão plenária da tarde. Senadores anunciaram que recorrerão ao STF para revogar o decreto. Para os políticos, foi uma medida extremada, unilateral e de afronta à democracia. Desde 1999, quando a lei complementar sobre o tema passou a vigorar, não se tem notícia de uma intervenção como essa ser decretada sem a solicitação e/ou anuência de um governador.

“O governador Rollemberg foi atropelado. Isso é uma desmoralização tanto ao governador quanto às polícias (Militar e Civil) do Distrito Federal”, comentou um servidor do Ministério da Defesa, que preferiu não ter o nome divulgado por temer represálias.

Medida de exceção
O servidor explica: a GLO é uma medida de exceção, que deve ser adotada em situação de excepcionalidade, após superadas todas as tentativas de as forças de segurança da Unidade da Federação em controlar uma crise. Este não é o caso do Distrito Federal.

Apesar dos violentos confrontos registrados durante o protesto desta terça na Esplanada dos Ministérios, as tropas da Polícia Militar conseguiram dispersar os manifestantes e liberar as vias da região central do Plano Piloto. “Houve embate entre PMs e manifestantes, mas a corporação conseguiu recuperar o controle da situação sem a intervenção dos homens da Força Nacional e do Exército, que estavam de prontidão”, disse o especialista.

Até a publicação desta matéria, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ainda avaliava o decreto e sua legalidade. Já o Sindicato dos Jornalistas do DF disse, por meio de nota, que “repudia veementemente a ação autoritária de designação das Forças Armadas para conter protestos por parte do governo federal. Essa é uma medida que confirma o estado de exceção em diversos âmbitos do Estado brasileiro. Vale lembrar que, em 2013, os atos foram maiores e com inclusive maior violência e nenhuma iniciativa nesse sentido foi tomada. A contenção dos excessos deve ser feita pela polícia”.

Nota do Planalto
Por volta das 20h30, após o imenso desgaste causado com a GLO, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) divulgou nota oficial para justificar a medida e salientar que o Exército sairá das ruas assim que a situação voltar à normalidade.

Confira a integra do documento:

“Nota à imprensa

As manifestações ocorridas em Brasília nesta data, como largamente apresentado aos meios de comunicação, produziram atos de violência e vandalismo que, lamentavelmente, colocaram em risco a vida e a incolumidade de servidores que trabalham na Esplanada dos Ministérios nesta capital federal.


Diante de tais circunstâncias, o presidente da República, após confirmada a insuficiência dos meios policiais solicitados pelo presidente da Câmara dos Deputados, decidiu empregar, com base no artigo 142 da Constituição Federal, efetivos das Forças Armadas com o objetivo de garantir a integridade física das pessoas, proporcionar evacuação segura dos prédios da Esplanada e proteger o patrimônio público, tal como foi feito anteriormente em vários Estados brasileiros. Restabelecendo-se a ordem, o documento será revogado.


O presidente da República ressalta que não hesitará em exercer a autoridade que o cargo lhe confere sempre que for necessário.”

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