Contra derrubadas, moradores ateiam fogo em ônibus em São Sebastião
O clima está tenso na cidade. Agefis faz operação na região do Núcleo Rural Morro Azul. Durante os ataques, uma passageira ficou ferida
atualizado
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O dia começou quente nesta quinta-feira (10/11) em São Sebastião. Contra operação de derrubada no Núcleo Rural Zumbi dos Palmares, moradores atearam fogo em três ônibus da Viação Pioneira. Dois coletivos tiveram perda total. O terceiro ficou queimado parcialmente. A empresa informou que os ônibus não circularão na cidade nesta quinta. A Polícia Militar está na cidade para conter os ânimos e a população está revoltada porque ficou sem transporte público.
Segundo o Corpo de Bombeiros, no momento em que um dos ônibus foi abordado por populares, havia 20 passageiros dentro do ônibus. Ninguém se feriu. Na saída da cidade, próximo ao Morro Azul, outro coletivo foi incendiado. Uma passageira contou que pessoas chegaram a jogar combustível no veículo, porém foram impedidos de atear fogo pelos policiais militares.
Nessa ocorrência, uma passageira se feriu. Roseli Rodrigues da Silva, 47 anos, foi atendida pelos bombeiros e transportada para o Hospital Regional do Paranoá (HRPa), com dores nas costas e na perna direita.
Assista ao vídeo do momento em que um dos ônibus seria incendiado. Passageiros em pânico pulam da janela:
De acordo com informações da Polícia Militar, a DF-463, saída da região administrativa, foi parcialmente interditada por alguns minutos até que a situação fosse controlada. O policiamento na cidade foi intensificado pela corporação.
Derrubadas
Desde terça (8), a Agência de Fiscalização (Agefis) faz operação na região de São Sebastião para desocupar área pública no Núcleo Rural Zumbi dos Palmares.
Segundo o comerciante Daniel Muniz, a operação de derrubada tem sido realizada com truculência. “Tem gente que mora aqui há cinco anos. Eles estão agredindo moradores. Até galinha estão matando”, afirma.
Anjuli Tostes, advogada dos moradores, tenta uma liminar para impedir o prosseguimento da operação. Segundo ela, o ato foi realizado de forma arbitrária e sem notificação. “O GDF não deixou claro quais critérios usou para escolher o local. Quase toda São Sebastião é constituída por cessão de posse. Além disso, processos de desocupação devem ser humanizados, oferecendo alternativas aos moradores. As pessoas daquela região não têm para onde ir. E usaram apenas força bruta para expulsá-las”, alega.
A Agência de Desenvolvimento (Terracap), que se diz dona do terreno, informou que o local tem aproximadamente 66 mil metros quadrados. A programação da Agefis é terminar a operação até sexta (11). O órgão explicou que as chácaras 40 e 41, que somam 66 mil metros quadrados de área considerada pública, são o alvo da operação. Foram desocupados 30 mil metros quadrados.