Contra corte de 50% no Sistema S, Fecomércio-DF pede apoio de congressistas
Entidade também fará ação com o Exército do Brasil para ajudar famílias carentes do Sol Nascente, Itapoã e da Estrutural
atualizado
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Em defesa do Sistema S, a Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF) buscou apoio da bancada federal de Brasília no Congresso Nacional. Segundo a instituição, o governo de Jair Bolsonaro planeja reduzir em 50% a verba de custeio do conjunto de iniciativas para capacitação e apoio social a trabalhadores do comércio e da indústria pelo país. A reunião ocorreu nesta sexta-feira (25/9), na unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Ceilândia.
Mantido a partir de contribuições de grandes empresas, o Sistema S não recebe dinheiro público. Em maio, junho e julho deste ano, por decisão do governo federal, houve corte de 50% nos repasses. A medida comprometeu o desempenho dos projetos sociais e de capacitação. Segundo a Fecomércio, um novo corte dessa proporção pode sepultar os projetos.
O Sistema S oferece aos trabalhadores capacitação profissional, bem como assistência nas áreas de saúde, social e cultural. Também proporciona atividades esportivas e de lazer para a população.
Pandemia
Durante a pandemia do novo coronavírus, o Sesc vendeu aproximadamente 400 mil marmitas ao preço simbólico de R$ 5 para ajudar a população carente. A instituição realizou 62 mil atendimentos médicos.
Para o presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, a ajuda de deputados e senadores de Brasília é fundamental para evitar o corte federal nos recursos das entidades integrantes do Sistema S. Segundo Maia, mais de 50 mil trabalhadores perderam o emprego no DF durante a pandemia.
“E é o papel do Sesc e do Senac ajudar a resolver isso [o desemprego]”, argumentou. Antes da pandemia, o Sesc oferecia atividades esportivas para 26 mil alunos e alunas por mês. Maia espera o apoio da bancada federal do DF para barrar ou reduzir a proporção do corte no Congresso Nacional.
Em parceria com o Exército Brasileiro, a Fecomércio fará uma campanha social no Sol Nascente, Estrutural e Itapoã, entre os dias 3 e 4 de outubro. “Vamos atender a 15 mil pessoas”, disse Maia. A ideia é oferecer testes para detecção da Covid-19, máscaras de proteção facial e serviços médico e social aos moradores dessas regiões.
Repercussão
Participaram da reunião o senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PSB); como também os deputados federais Tadeu Filipelli (MDB), Paula Belmonte (Cidadania), Erika Kokay (PT), Luis Miranda (DEM), Israel Batista (PV) e Julio Cesar (Republicanos).
Para Filipelli, a economia precisa de um vetor de desenvolvimento para se reerguer da crise decorrente da pandemia do novo coronavírus. “O momento exige que as pessoas se reinventem. E nada melhor do que parceiros como o Sesc, o Senac e a Fecomércio, nesse sentido de preparar, principalmente, a formação do trabalhador”, ponderou.
Segundo Izalci Lucas, o Sistema S é uma das poucas coisas que funcionam no Brasil. “Não tem sentido você mexer naquilo que funciona. Tem que tentar corrigir o que não funciona. Eu sei que há uma certa discriminação”, resumiu.
Para Paula Belmonte, o Sistema S opera com transparência e as pessoas beneficiadas nos cursos e ações sociais são a prova viva dos resultados.
A senadora Leila Barros foi aluna do Sistema S no DF. Na leitura da parlamentar, a bancada local tem consciência da importância dos serviços no DF.
Erika Kokay também defendeu a manutenção do Sistema S. Na análise de Israel Batista, a ideia de corte de investimentos nasce de uma visão equivocada e ignora os resultados positivos da base instalada de serviços e capacitação profissional.
“Assim como o governo está encontrando dificuldade na discussão da nova CPMF, também vai encontrar dificuldades [para retirar verba] com o Sistema S. Porque não é só um desejo local. A maioria na Câmara é contra a retirada desse recurso, assim como nós”, argumentou o deputado Júlio Cesar.
Quem integra?
Fazem parte do Sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e Serviço Social de Transporte (Sest).
No DF, o Sesc recebe 417 mil acessos mensais. Por ano, faz 8 milhões de atendimentos. Conta com 1,6 mil colaboradores, tendo capacidade para atender 27 mil pessoas na área de esporte. São 11 unidades físicas, nove móveis, seis teatros, oito academias e 17 piscinas.
O Senac está presente em todas as regiões administrativas do DF, com mais de 1,2 milhão de matrículas, desde a sua inauguração. A estrutura da entidade tem 720 colaboradores. São sete unidades físicas e quatro móveis.