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“Contas da UnB estão equilibradas”, diz reitora, Márcia Abrahão

Em dois anos à frente da instituição, a gestora enfrentou diversos desafios. O maior, financeiro. Agora, quer modernizar a universidade

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Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
marcia abrahão
1 de 1 marcia abrahão - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

A grave crise financeira enfrentada pela Universidade de Brasília (UnB) começa a se dissipar. Depois de enfrentar turbulências variadas, como ocupações em prédioscortes no orçamento feitos pelo governo federal, a reitora da instituição de ensino superior, Márcia Abrahão, avalia que a sombra de um déficit orçamentário previsto em R$ 92 milhões ficará no passado. “As contas da UnB estão equilibradas”, afirmou.

A gestora concedeu entrevista ao Metrópoles e fez um balanço da primeira metade do mandato como reitora. Ela ainda tem pela frente mais dois anos para completar o quadriênio da gestão, até 2020.

Assista à entrevista completa:

Márcia Abrahão tomou posse no cargo em 24 de novembro de 2016. Ela assumiu o lugar de Ivan Camargo ao ser eleita pela comunidade acadêmica com 53,34% dos votos, na chapa Diálogo para Avançar.

Primeira mulher a comandar a universidade, ela aponta como marca desse primeiro biênio a modernização de processos burocráticos, como a emissão de diplomas e a equalização do orçamento. E estipula como desafio para os próximos anos conseguir recursos para a UnB e estimular o desenvolvimento científico.

Para estancar a crise que ameaçava o funcionamento da tradicional universidade pública do DF, Márcia precisou negociar a redução de contratos terceirizados, aumentar o valor das refeições do Restaurante Universitário, mantendo a gratuidade para estudantes em vulnerabilidade social, e conseguiu zerar as contas.

“Quando assumi, a UnB tinha um total desequilíbrio na questão orçamentária. Já havia a previsão de redução da receita para 2017. As contas eram incompatíveis com a receita. Tivemos que fazer um grande trabalho de ajustes”, disse Márcia Abrahão.

A diferença entre a verba liberada pelo governo federal em 2016 e a do ano seguinte chegou a R$ 82 milhões a menos.

“Tivemos que cortar estagiários, 50% dos contratos de limpeza, reorganizar os serviços de vigilância e de jardinagem. Não teve aumento no Restaurante Universitário por 24 anos, tivemos que reajustar”, lembrou.

Segundo ela, esse foi o momento mais difícil e dramático. “Porém, fizemos questão de manter a gratuidade para todos os estudantes cujas famílias recebem até 1,5 salário mínimo per capita. Hoje, são 7 mil nessa situação”, contabiliza a reitora.

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Márcia Abrahão: com a crise equacionada, é hora de captar recursos

 

Garfada na poupança
Mesmo com todas as dificuldades financeiras vividas pela instituição nos últimos dois anos, a UnB mantém uma reserva a partir da arrecadação com recursos próprios, como os adquiridos com aluguel. Segundo o último Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal, a instituição conquistou um superávit de R$ 98,9 milhões.

Porém, portaria editada pelo Ministério do Planejamento pretende mudar a destinação dessa verba na “poupança” da UnB para pagar inativos. A previsão é que R$ 80 milhões sejam usados para esse fim. Com o objetivo de não perder recursos voltados para execução de projetos, compra de livros e reformas, entre outras metas, a reitora tenta negociar com o governo federal.

“Há uma alegação de perda de receita. Já conseguimos reverter R$ 8 milhões. Esperamos conseguir a verba até a semana que vem”, afirmou Márcia. Veja abaixo outros tópicos comentados pela reitora.

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Inovação
Até 2016, para conseguir uma declaração, histórico ou até o procedimento para diplomação, era necessário ir ao balcão da UnB. A situação mudou graças à atuação de uma força-tarefa organizada pela atual gestão para modernizar os processos. Foi criado o Simplifica UnB.

“Tínhamos uma universidade que estava com práticas de gestão do século 20. Hoje, temos diversos documentos digitais: diploma, histórico, declaração… Isso facilita a vida do estudante e traz mais segurança”, ressaltou Márcia.

Internamente, também foi reduzido o tempo no processo de contratação de professores substitutos. “Antes, demorava quatro meses. Agora, são 30 dias”, contabilizou a reitora.

Festas nos campi
Depois da morte de Renan Rafael da Silva Barbosa, 19 anos, assassinado na madrugada do dia 2 de novembro no campus da Asa Norte, as festas foram suspensas na UnB. Ele morreu com pelo menos quatro tiros, um deles no rosto, após evento realizado no estacionamento da Faculdade de Direito.

A reitora decidiu impedir festas até que o Conselho Superior (Consuni) delibere sobre o assunto. A venda de bebidas alcoólicas já é proibida na UnB desde 2012, mas há desrespeito das normas.

“Tivemos essa tragédia, uma morte no campus, às 3h da manhã. Festa que não tinha autorização da prefeitura. Uma das nossas câmeras já instaladas filmou a ocorrência, e a polícia conseguiu dar o flagrante. A suspensão vale até nova decisão do Consuni. Até lá, as festas estão suspensas”, reiterou Márcia Abrahão.

Hugo Barreto/Metrópoles

Perspectivas para o futuro
Para o próximo biênio, a reitora afirma que a UnB continuará se abrindo para a sociedade, com um trabalho forte de ingresso aos estudantes. Manterá o esforço para digitalização dos documentos e atuará para garantir o acesso à moradia para estudantes em vulnerabilidade econômica.

Ela pretende também voltar esforços para melhorar a qualidade do ensino. “Passamos da 18ª para a 8ª universidade mais empreendedora do Brasil. Vamos ampliar ações assim. Queremos a UnB como principal mecanismo de modernização da sociedade. A melhor pesquisa, o melhor ensino e extensão são realizados nas instituições públicas”, ressaltou.

Além disso, Márcia vai iniciar o diálogo com os novos governos federal e distrital para angariar recursos. “Aguardamos a previsão orçamentária para o próximo ano. Na área local, queremos o fortalecimento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP), que é uma base importante para pesquisa”, concluiu.

Equipe
A Universidade de Brasília reúne hoje uma comunidade acadêmica com cerca de 50 mil pessoas. Entre elas, 39.624 são estudantes de graduação, 8.048 de pós-graduação, 2.557 professores e 3.198 técnicos.

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