Conta milionária de água do Mané pode ser paga por consórcio
Controladoria-Geral do DF decide abrir processo e tomada de contas especial para cobrar danos que teriam sido provocados por erro em obra
atualizado
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Oito meses depois de vir à tona a conta de água milionária do Estádio Mané Garrincha referente ao mês de junho de 2017, a Controladoria-Geral do Distrito Federal julgou sindicância aberta para analisar o motivo de a fatura ter ultrapassado R$ 2 milhões em um só mês. O órgão vai abrir processo administrativo e fazer uma tomada de contas especial para que os danos possam ser ressarcidos ao erário público.
De acordo com o resultado do julgamento publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) nesta sexta-feira (23/3), a Controladoria vê “fortes indícios” de que o Consórcio Brasília 2014, formado pelas empresas Andrade Gutierrez e a Via Engenharia, “deixou de fazer os ajustes necessários às normas de sistema de aproveitamento da água permitidas pela Companhia de Saneamento do DF (Caesb)”.A Controladoria aponta ainda que uma conexão cruzada instalada em desacordo com o projeto básico teria, em tese, contribuído para o dano. O prejuízo, até agora, está na conta do contribuinte. Depois de negociar com a Caesb, o governo teve de arcar com uma fatura de R$ 1,1 milhão, que deverá ser paga em parcelas de R$ 188 mil. Acionado, o consórcio ainda não se pronunciou até a última atualização desta reportagem.
Como mostrou o Metrópoles com exclusividade no dia 18 de julho, a conta de água e esgoto do estádio, com vencimento no último dia 20 de junho, atingiu o valor milionário impressionante, suficiente para pagar a fatura por quase cinco anos. Até então, a média não ultrapassava R$ 37 mil. O que chamou a atenção é que o último jogo no Mané foi em 6 de maio.
Os 94.295m³ (ou 94,2 milhões de litros de água) gastos pelo Estádio Mané Garrincha no mês de junho bastavam para abastecer cerca de 20 mil pessoas durante um mês. A quantidade garantiria água nas torneiras por 35 dias para moradores de uma cidade do porte da Candangolândia, que tem 16.848 habitantes, de acordo com a última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD), da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
Para se ter ideia, um morador do DF usa, em média, 4.590 litros a cada mês. Somente essa fatura cobrada pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) supera em três vezes o gasto mensal de manutenção do estádio: R$ 700 mil.