Conta de água chega a R$ 13 mil e moradores do Lago Sul reclamam
Moradores da QI 17 do Lago Sul reclamam que as contas da Caesb aumentaram repentinamente nos últimos meses
atualizado
Compartilhar notícia
Ao longo deste ano, diversos moradores do Lago Sul perceberam um aumento na conta de água. Especificamente na QI 17, um grupo de pelo menos 17 pessoas relata que as cobranças enviadas pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) saíram de R$ 800 para R$ 3 mil. Um dos residentes chegou a receber uma conta de R$ 13 mil.
As queixas são diversas. Mari Ângela Canfran, 70, é uma das moradoras que percebeu a mudança repentina. Ela, que mora apenas com o marido em uma das casas da região, conta que o valor da conta do mês de outubro foi de R$ 5 mil.
“Eu fiquei três dias internada por causa de uma cirurgia que fiz; não reguei o quintal este mês; moram só duas pessoas nesta casa. Como nós gastamos isso tudo de água?”, questiona. Segundo ela, o aumento da conta foi gradual e teria começado após uma obra de substituição do relógio de água da rua.
“Eu tinha uma média de gastar, no máximo, 39 m³ de água no mês. Nunca foi além disso. Em setembro, a conta já veio esquisita, porque, do nada, o meu gasto subiu para 96 m³. Na época, achei que tinha sido por causa do jardim. Mas em outubro veio 264 m³. É um absurdo”, relata.
Outros casos
Nancy de Paula Fernandes, 60, também mora na QI 17 e é mais uma que percebeu a alteração na conta de água. Ela afirma que têm o costume de pagar cerca de R$ 800. Porém, em agosto, recebeu uma conta de R$ 3 mil e, desde então, as cobranças estão acima de R$ 1 mil.
“Nós não mudamos nosso comportamento em casa. Não tem vazamento, cano estourado, nada. A gente faz essa checagem periodicamente”, alega. Ela afirma que o valor cobrado seria correspondente ao enchimento de duas piscinas grandes. “Sendo que eu uso cisterna para regar o jardim e encher piscina”, rebate.
Anatólio Rocha, 83, passou pela mesma situação. “Em junho, meu gasto deu 33 m³. Já em agosto saltou para 124 m³. E minha rotina não mudou”, diz.
O que diz a Caesb
Em nota, a Caesb explicou cada uma das situações apresentadas neste reportagem. Leia abaixo, na íntegra:
“Na região da SHIS QI 17, conjuntos 01 e 02, a Caesb registrou apenas três reclamações relacionadas ao valor ou volume medido, considerando um total de 53 inscrições.
No endereço do lote 18, conjunto 01, ocorreu uma reclamação em agosto. Nesse imóvel, o hidrômetro foi substituído em fevereiro. Entre fevereiro e outubro, houve apenas um mês com uma medição ligeiramente acima da média, sem identificação de falha no hidrômetro e sem relato de vazamento pelo usuário.
No lote 08 do Conjunto 02, os volumes faturados estão dentro da média para o imóvel e apresentam oscilações normais. Houve uma reclamação registrada em 01/11/2023, ainda aguardando análise.
No imóvel do Lote 10 do Conjunto 02, não houve reclamações sobre consumo nos últimos 12 meses, mas a conta de agosto de 2023 apresentou uma variação de consumo acima da média.
Na maioria dos imóveis da região, a substituição dos hidrômetros foi realizada de forma preventiva em fevereiro. As contas reclamadas referem-se a consumos registrados após a revisão tarifária de agosto de 2023, que resultou em um reajuste de 5% definido pela Adasa. No entanto, é importante destacar que nessa região em particular, os imóveis têm um consumo médio superior a 99% da população do Distrito Federal, o que os coloca nas tarifas mais altas da tabela.
Portanto, cada metro cúbico medido acima de 30 m³, que é o caso nessa região, representa um aumento de pelo menos R$ 17,70 na conta de água, com um valor equivalente para o esgoto. Assim, um acréscimo de apenas 5 m³ acima da média já implica um aumento de mais de R$ 170 na conta.
Também é importante observar que anualmente nesses imóveis da região, ocorrem registros de consumo elevado durante períodos de seca, devido às altas temperaturas e ao uso de aparelhos como ar-condicionado, piscinas e outros equipamentos que aumentam significativamente o volume medido.
Ressaltamos que o uso racional e controlado da água é responsabilidade de cada usuário. Recomendamos verificações periódicas nas instalações hidráulicas dos imóveis e uma análise dos hábitos de consumo para evitar impactos mensais nas faturas. Caso o usuário tenha dúvidas sobre o volume medido, recomendamos entrar em contato com a Companhia, registrar um protocolo e acompanhar a análise. A Caesb baseia seu faturamento em medições objetivas e sempre considera as demandas dos usuários. A ausência de registro de protocolo torna difícil uma análise detalhada que poderia ajudar a solucionar cada caso.
É importante notar que a Caesb realiza cerca de 780.000 leituras mensais, e a porcentagem de reclamações relacionadas ao consumo e à medição é inferior a 1%. Na maioria das vezes, o aumento no consumo é causado por vazamentos internos, que não estão sob a responsabilidade da Companhia”.