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Conselho pede explicação a academia por repreensão a “short curto”

O presidente do Conselho Regional de Educação Física, Patrick Aguiar, afirmou que a entidade não compactua com nenhum tipo de discriminação

atualizado

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Personal Vanessa Del Solar
1 de 1 Personal Vanessa Del Solar - Foto: Imagem cedida ao Metrópoles

Conselho Regional de Educação Física (Cref-7) procurou a Bluefit após tomar conhecimento sobre o caso da personal trainer Vanessa Martin Del Solar, 35 anos, que acabou repreendida por um funcionário da academia, na 516 Norte, pelo fato de estar usando um “short curto”. Ela foi barrada quando chegava à recepção para dar aula para um aluno na unidade. O caso aconteceu na noite de segunda-feira (19/7), como revelou o Metrópoles.

Ao Metrópoles, o presidente da unidade regional da entidade no DF, Patrick Aguiar, criticou e lamentou o fato. Ele disse que o Cref-7 não compactua com nenhum tipo de discriminação. “Seja por cor, seja por sexo, seja por vestimenta. Todas as empresas têm as regras internas sobre o que aceita e não aceita nos estabelecimentos, mas o Cref-7 não coaduna com a postura”, ressaltou.

“Entramos em contato com a Bluefit para buscar explicações, e fomos informados que eles também estão apurando o ocorrido”, completou.

Após a repercussão do caso, a rede retratou-se com a profissional. “A diretora responsável pelas unidades Bluefit no DF me ligou nessa terça, pediu desculpas e disse que o comportamento da recepção foi inadequado”, relatou Vanessa.

Ainda segundo ela, a academia informou que vai averiguar e orientar os colaboradores sobre o que houve na recepção. “Também comentou que, na verdade, eles não quiseram questionar o tamanho do meu short. E, sim, serem fieis ao cumprimento da regra no contrato. A ideia não era abrir discussão sobre o tamanho do short”, completou.

Nesta manhã, a personal publicou um texto em suas redes sociais. Veja:

“Independentemente da situação, olhar e andar para frente. Atividade física sempre foi minha terapia diária, ali que me acalmo, me centro e sigo adiante! Agradeço todo apoio que tenho recebido”, escreveu.

Vanessa é brasiliense e atua como personal trainer em academias de ginástica do DF há 17 anos. A profissional prestava serviço na Bluefit da 516 Norte havia cerca de um ano.

De acordo com Vanessa, existe uma regra da rede de academias, firmada em contrato com profissionais, que determina o vestuário a ser adotado no estabelecimento. A norma estabelece que os profissionais devem trajar bermuda ou calça preta, e a personal trainer sempre respeitou isso.

“Não tenho dificuldade em me adequar ao proposto pela rede. Uma vez, fui com uma calça cor de chumbo e me pediram para não usá-la novamente. De duas semanas para cá, eles estão extremamente exigentes. Quando eu cheguei para dar aula na segunda, o recepcionista disse que eu não poderia entrar por causa do meu ‘short, que era muito curto’. Sou muito responsável com o meu trabalho. Fui surpreendida”, pontuou.

A abordagem se deu porque o recepcionista informou ter sido orientado sobre as regras de vestuário na academia por parte dos profissionais.

“Depois que ele disse que eu seria impedida de entrar para trabalhar, chamou a gerente e eu fiquei na catraca para que ela pudesse ver a minha roupa. De longe, ela falou algo para outra recepcionista, que voltou e confirmou que eu teria de ir embora. Eu respondi que eles deveriam ter tido outra conduta, que eu havia trabalhado com a mesma bermuda no local. A outra atendente respondeu que trocou a gerência da unidade e que estão bem criteriosos com isso”, lamentou Vanessa.

Veja o desabafo da profissional nas redes sociais:

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Personal Vanessa: "Meu sentimento é de ter sido amparada pela lei e acolhida pela Justiça"
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Personal Vanessa: "Meu sentimento é de ter sido amparada pela lei e acolhida pela Justiça"

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Segundo a personal, ela ainda tentou dialogar, educadamente, sobre uma orientação que deveria ter sido oferecida aos profissionais, com prazo mínimo de tolerância e adequação às novas regras para frequentar a rede.

“Neste momento, eu solicitei o cancelamento. O meu aluno, que assistia a tudo, também pediu para rescindir o contrato. Eles disseram que eu estava alterada e nervosa, mas, em momento nenhum, eu me alterei. Ainda vão me cobrar uma taxa pelo cancelamento, porque eu não avisei com prazo de 30 dias”, acrescentou.

“Senti-me inadequada, como se eu não pudesse escolher que roupa escolho para trabalhar. Fiquei envergonhada. Outras pessoas estavam olhando. Determinaram que o meu short era curto. Muito desagradável”, continuou a profissional.

A personal trainer disse também que não teria problema em aceitar o que fosse pedido. “Se me chamassem em um local reservado para conversar… Não da forma como aconteceu. Não teve conduta ética”, avaliou.

Vanessa comenta que resolveu expor o caso para que outros profissionais saibam se posicionar com atitudes como a relatada por ela.

“Sempre me preocupei com a minha imagem profissional. Para mim, o que eu estava usando é uma bermuda. Eu não pude trabalhar. Pago para prestar o serviço na BlueFit, assim como outros profissionais. Não quero que outras pessoas sejam prejudicadas se eu ficar calada e não fizer nada.”

O que disse a academia

Procurada, a BlueFit esclareceu, em nota, que a rede de academias dispõe, em contrato, sobre as regras relacionadas a vestimenta e caracterização do profissional externo, sendo obrigatório o uso de camiseta com a identificação de personal, calça ou bermuda de cor preta.

“Por fim, estamos averiguando a situação ocorrida na unidade 516 Norte e entraremos em contato com a personal para mais esclarecimentos”, informou o texto.

Outro constrangimento

Em março deste ano, caso parecido aconteceu com uma moradora do Sudoeste. A estudante de odontologia Najhara de Mello, 36 anos, recebeu o e-mail de um suposto “Conselho de Mulheres do Edifício” tendo como assunto “Solicitação de vestuário apropriado”.

A pessoa que escreveu a mensagem reclamou do uso de “roupas de academia” e “shortinhos” pela estudante no prédio onde ela mora, pois casais estariam se sentindo “constrangidos”.

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