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Consciência Negra: escola do DF expõe mural que revolta alunos

Após a repercussão negativa nas redes sociais, o painel foi retirado do colégio particular. Estudantes expuseram uma nova homenagem

atualizado

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1 de 1 consciencia-negra - Foto: reprodução/twitter

Um mural fixado em uma parede do colégio Leonardo da Vinci na Asa Norte gerou revolta nas redes sociais nessa terça-feira (19/11/2019). No Twitter, alunos da instituição privada de ensino criticaram o painel, feito por professores em homenagem ao Dia da Consciência Negra, por causa da frase que dizia: “Não precisamos de um Dia da Consciência Negra. Precisamos de 365 dias de consciência humana” (foto em destaque).

Após a repercussão negativa, o mural instalado na semana passada foi retirado. Aluno do 3° ano do ensino médio, Henrique Brito Silva, 18 anos, relatou ao Metrópoles que estudantes da unidade de ensino tiraram o painel pelo fato de os alunos discordarem da citação. “Quando eles colocaram, o pessoal já tirou foto e postou nas redes sociais, porque a gente não concorda com o que foi dito”, afirmou.

“Uma arte com o tema da Consciência Negra deveria lembrar que ainda há racismo no Brasil e não dizer o contrário. Acredito que eles tiveram uma intenção, mas que não passaram aquilo da forma correta”, considerou o estudante.

Veja a seguir a repercussão no Twitter:

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Internautas reforçaram as críticas nos comentários
Alunos da instituição defenderam que a frase exposta no painel desmerecia a luta da população negra
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Esta publicação, feita por uma aluna da escola, gerou grande repercussão no Twitter

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Internautas reforçaram as críticas nos comentários

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Alunos da instituição defenderam que a frase exposta no painel desmerecia a luta da população negra

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Novo mural

Retirado o painel, alunos já expuseram o novo mural produzido por eles, que chama a atenção para a discriminação racial no país. “Existe racismo no Brasil”, diz uma das frases.

A ideia inicial foi de uma aluna do 2° ano do ensino médio. Como uma adolescente negra, ela considerou o primeiro painel “uma atitude ruim da escola”. “É uma pena que tenha sido exposto daquela forma”, avaliou a menina, de 16 anos.

A adolescente, que já sofreu racismo em sala de aula, explicou que na nova exposição buscou contar um pouco da história de importantes personalidades negras e destacar a existência do preconceito no Brasil ainda nos dias de hoje.

“Eu sou de descendência negra, então tenho traços negros e já sofri racismo, inclusive na escola. Já escutei coisas como ‘cabelo duro’, ‘cabelo pixaim’, porque tenho cabelo cacheado. Uma vez, um professor se recusou a responder uma pergunta que fiz e, logo em seguida, respondeu a dúvida de um outro aluno, branco”, lembrou.

Após conversar com a coordenação do colégio, ela relatou que teve apoio de professores e da própria direção para expor o trabalho que fez com colegas. “Eu já estava fazendo um novo [mural] de qualquer forma, então pensei que era agora que iria colocá-lo mesmo. Falei com a coordenação, e eles já tiraram [o painel dos professores] na mesma hora. Aí pude colocar o que fiz com ajuda de amigos”, disse a estudante.

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O estudante Henrique disse discordar da frase colocada no painel
Para ele, a escola teve uma intenção diferente, mas não conseguiu expor isso da forma correta
Nessa terça (19/11/2019), um novo mural foi exibido no colégio
O trabalho foi feito por alunos que buscaram destacar a existência da discriminação racial no Brasil ainda hoje
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Mural exposto pela escola foi criticado por alunos da instituição

Myke Sena/Especial para o Metrópoles
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O estudante Henrique disse discordar da frase colocada no painel

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Para ele, a escola teve uma intenção diferente, mas não conseguiu expor isso da forma correta

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Nessa terça (19/11/2019), um novo mural foi exibido no colégio

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O trabalho foi feito por alunos que buscaram destacar a existência da discriminação racial no Brasil ainda hoje

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Poucos estudantes negros

Na unidade de Taguatinga do Leonardo da Vinci, há 1.697 alunos declarados, sendo: 78,26% brancos; 19,03% pardos; 1% pretos; e 1,7% amarelos ou indígenas. Já na Asa Sul, são 496 estudantes: 85,48% brancos;  12,9% pardos; 0,6% pretos; e 1% amarelos ou indígenas. Na unidade da Asa Norte, onde ocorreu a polêmica do mural, são 1.213 alunos: 82,44% brancos; 14,67% pardos; 1,15% pretos; e 1,7% amarelos ou indígenas.

Ao todo, de 5.720 alunos, 3.406 estudantes da rede de ensino declararam cor da pele – 2.314 não declararam. Somadas, as três unidades da escola particular têm então 80,8% de alunos brancos, 16,6% de pardos, 1% de pretos e 1,6% de amarelos ou indígenas.

Em levantamento feito pelo (M)Dados, o Metrópoles mostrou nesta quarta-feira (20/11/2019) que 78% dos estudantes negros estudam em escolas públicas. A pesquisa usou como base o Censo Escolar de 2018, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Ao separar as informações relacionadas aos ensinos médio e fundamental do DF, verifica-se que apenas 14% dos alunos pretos estão na rede privada de educação. Para especialistas, esse é apenas um dos vários reflexos do racismo institucionalizado no Brasil. Por esse motivo, pontuam, esta quarta-feira, Dia da Consciência Negra, não deve ser comemorada, mas marcada por luta.

O que diz a escola

Em nota enviada ao Metrópoles nesta quinta-feira (21/11/2019), o Centro Educacional Leonardo da Vinci pediu “sinceras desculpas pelo episódio”. A escola disse ainda que reconhece que o racismo é um problema presente na sociedade brasileira e que deve ser combatido.

“Em seus 50 anos de atividade educativa, [a escola] teve e sempre terá como missão formar pessoas éticas e competentes. Tem como valor pautar suas ações sob princípios éticos e morais. Reconhece que o racismo é um problema que existe estruturalmente em nossa sociedade e que deve ser combatido, bem como qualquer tipo de discriminação. Nesse sentido, a Escola busca promover um ambiente de vivência da empatia, solidariedade e respeito, no convívio diário entre colaboradores, alunos e famílias”, informou.

O colégio afirmou ainda acreditar “na boa intenção de nossa equipe ao elaborar a atividade” e reforçou que a mensagem negativa percebida na interpretação da frase “não reflete nem os valores nem o posicionamento de nossa Instituição”.

“Lamentamos também que o fato tenha ofuscado vários trabalhos de excelência acadêmica sobre essa temática, elaborados por nossos professores e alunos. Por fim, reafirmamos nosso compromisso em defender a ética, o respeito, a justiça social e a valorização dos mais nobres valores humanos”, finalizou a nota.

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