metropoles.com

Conheça o surpreendente trabalho dos cães das polícias do DF

Companheiro do ser humano no trabalho contra o crime, o dia a dia dos animais envolve operações arriscadas e treinamentos intensos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
Cão Kalel do BP Cães da PMDF
1 de 1 Cão Kalel do BP Cães da PMDF - Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Falcão é um pastor-belga malinois de 1 ano e meio. Quando filhote, era o menor da ninhada, mas já chamava atenção pela persistência e determinação. “Apesar do tamanho, não desistia de brincar com os demais cachorros do canil”, conta o agente Sanlac Machado. O cão cresceu, ficou robusto, enérgico, e, em menos de dois meses de atuação na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), apreendeu mais de 40 quilos de drogas e duas armas de fogo.

Ele foi o primeiro, de três animais, a terminar o treinamento da sessão de cinofilia da Divisão de Operações Especiais (DOE) — outros três estão em formação. A unidade foi inaugurada em agosto deste ano e soma-se aos trabalhos realizados pelo Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães) da Polícia Militar — que conta com 56 cachorros. Em reportagem, o Metrópoles acompanhou a rotina dos perros que realizam funções de grande importância nos órgãos de segurança pública do DF.

O momento decisivo para Falcão conquistar Machado — que é o chefe da sessão da DOE — foi quando, mesmo pequeno, conseguiu saltar até a mão do policial e dar-lhe uma mordida nos dedos. O animal foi levado para o canil da entidade. Cerca de 1 ano e 4 meses depois, teve sua primeira participação numa operação real.

Um dos casos marcantes do cachorro foi quando a PCDF prendeu um traficante de Brazlândia, em setembro. O homem aliciava menores para tráfico de drogas e prostituição, ameaçando as meninas de morte. Falcão foi o responsável por encontrar a arma do criminoso, feito fundamental para fechar o ciclo da investigação.

Os cães entram em cena quando o trabalho se mostra muito difícil de ser realizado por um policial. Além de atuarem em lugares tóxicos ou insalubres para pessoas, eles conseguem encontrar entorpecentes e munições em espaços que ultrapassam os limites da percepção humana.

Antes de adentrarem o ambiente, os agentes fazem uma verificação de segurança. A preocupação com a integridade física dos bichos é muito grande e não pode haver nada que cause dano. 

O trabalho desses animais é fundamental. Um cachorro consegue identificar milhares de tipos de odores a mais que seres humanos. O tempo médio que levam para detectar drogas e munição nas buscas não é maior que cinco minutos, agilizando — e muito — o trabalho da polícia.

5 imagens
Cachorros também passam por treino físico intenso
"Cães da polícia não atacam. Eles defendem e protegem"
Os caninos da polícia começam o treinamento aos 35 dias de idade
A busca por substâncias químicas costuma ser muito rápida e eficaz
1 de 5

A relação entre policiais e cães é de muito afeto

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles
2 de 5

Cachorros também passam por treino físico intenso

Luísa Guimarães/Metrópoles
3 de 5

"Cães da polícia não atacam. Eles defendem e protegem"

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles
4 de 5

Os caninos da polícia começam o treinamento aos 35 dias de idade

Luísa Guimarães/Metrópoles
5 de 5

A busca por substâncias químicas costuma ser muito rápida e eficaz

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles

Ambas as forças de segurança do DF estão constantemente buscando aprimorar o conhecimento na área, participando de seminários e palestras pelo Brasil ou no exterior. Na Civil, os animais são especializados na busca de armas, drogas e munições. Na PM, as formações se estendem a controle de massas, policiamento, captura de pessoas e rastreamento de explosivos.

Nesse contexto, o convívio entre pessoas e cachorros é diário. “O policial tem que fazer parte da matilha”, resume o subtenente Ademar Barros, comandante da companhia de treinamento do BPCães. A relação acaba indo além da profissional e toma uma proporção afetuosa. “Conhecemos muito bem os cães e suas rotinas.” A unidade da PM foi fundada oficialmente em 2011, mas atua desde 1968.

Adaptação e treino
Os filhotes começam o treinamento aos 35 dias de idade, e os que estão aptos a se tornarem farejadores podem ser identificados no 10º mês de vida. São poucos. Mesmo entre os pastores-belgas, uma das principais raças utilizadas nessa função, o percentual é de apenas 8%. As características requeridas são muitas. Coragem, perseverança, foco e sociabilidade são indispensáveis.

A primeira fase do treinamento é crucial e dura aproximadamente um ano. O foco é fazer com o que o cachorro desenvolva um grande interesse em brincar, o que será útil posteriormente. “Para eles, é sempre uma brincadeira. Se não for algo prazeroso, o cão não vai querer fazer”, explica Sanlac. O estímulo por meio de atividades é constante e os exercícios físicos são puxados.

Nessa etapa, é feita também a adaptação a ambientes, pessoas, ruídos e objetos. Dessa forma, é possível prevenir imprevistos, como um cão se assustar com barulhos de tiro no meio de uma operação ou não querer entrar em lugares desconhecidos.

5 imagens
Subtenente Ademar Barros, que comanda a parte de treinamento dos cães da Polícia Militar
As buscas são realizadas em diversos tipos de ambientes
Brinquedos utilizados no treinamento
O BPCães realiza em média 50 operações por mês
1 de 5

Sanlac e Falcão, cão destaque

Luísa Guimarães/Metrópoles
2 de 5

Subtenente Ademar Barros, que comanda a parte de treinamento dos cães da Polícia Militar

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles
3 de 5

As buscas são realizadas em diversos tipos de ambientes

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles
4 de 5

Brinquedos utilizados no treinamento

Luísa Guimarães/Metrópoles
5 de 5

O BPCães realiza em média 50 operações por mês

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles

Ao atingir a maturidade, é hora de o cachorro ser preparado para a ação real. Passam meses aprendendo que, ao identificarem determinados odores, serão recompensados. Por exemplo: se o animal encontra a droga pelo cheiro, ele imediatamente recebe a bolinha com a qual está acostumado.

Daí surge um mito popular comum: o de que os cães seriam viciados nas substâncias. Na verdade, conforme destaca o subtenente Ademar, eles não têm nenhum contato direto com os entorpecentes, seja nos treinos ou nas operações.

Ele destaca ainda que o verdadeiro aprimoramento acontece nas ruas, diariamente, e que é fundamental que o policial entenda o comportamento canino. “Outra aspecto importante é que os nossos cachorros não atacam. Eles protegem e defendem. São coisas muito distintas.”

 

6 imagens
Falcão e Sanlac
Os cachorros crescem acostumados ao treinamento policial
Arma encontrada por Falcão em Brazlândia
Material apreendido durante a operação em Ceilândia
Drogas encontradas sob o chão
1 de 6

Falcão, o cão destaque da Polícia Civil

PCDF/Divulgação
2 de 6

Falcão e Sanlac

PCDF/Divulgação
3 de 6

Os cachorros crescem acostumados ao treinamento policial

PCDF/Divulgação
4 de 6

Arma encontrada por Falcão em Brazlândia

PCDF/Divulgação
5 de 6

Material apreendido durante a operação em Ceilândia

PCDF/Divulgação
6 de 6

Drogas encontradas sob o chão

PCDF/Divulgação

Aposentadoria
Depois de aposentados, os cachorros são doados aos policiais, que se comprometem a ter o máximo de cuidado com os animais. Com 8 anos de idade, Kaleo deve deixar em breve do BPCães, mas a contribuição que prestou à Polícia Militar ao longo do tempo de serviço é inestimável.

Kaleo atua principalmente na busca de entorpecentes. Só em setembro deste ano, apreendeu 100 quilos de maconha, um número muito acima da média. Assim como vários, ele é capacitado também para o policiamento.

2 imagens
Kaleo deve se aposentar em breve
1 de 2

Em apenas um mês, Kaleo apreendeu 100 quilos de drogas

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles
2 de 2

Kaleo deve se aposentar em breve

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles

Recuperação
O cão de faro Django não pertence à PCDF, mas auxilia nas buscas da 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião). Ele mora com o treinador Ricardo Textor desde que nasceu. Hoje, com 3 anos de idade, coleciona apreensões pela corporação. Só em 2018, foram 10.

Django teve destaque na mídia após ficar 18 dias desaparecido, quando fugiu do canil onde estava, em Sobradinho. O animal foi encontrado 11kg mais magro, desidratado e machucado. Segundo Textor, ele está se recuperando bem e deve ser liberado da internação em breve. 

4 imagens
A relação entre os treinadores e os cães é de muito afeto
Apenas em 2018, Django já participou de 10 operações
Django e seu treinador, o policial civil Ricardo Textor
1 de 4

Django, o cão da 30ª DP

Material cedido ao Metrópoles
2 de 4

A relação entre os treinadores e os cães é de muito afeto

Material cedido ao Metrópoles
3 de 4

Apenas em 2018, Django já participou de 10 operações

Material cedido ao Metrópoles
4 de 4

Django e seu treinador, o policial civil Ricardo Textor

Material cedido ao Metrópoles

Aspirante
A cadela Suri, de 8 meses, está em treinamento. Ela veio para Brasília com o subtenente Araújo, do 16º Batalhão da Polícia Militar de Goiás, do município de Formosa, e os soldados Aurélio e Gabriel. No momento, a equipe realiza um curso em conjunto com a PMDF.

Em três semana de adaptação, Suri demonstrou um crescimento excepcional. Ela é capaz de focar na busca em diferentes tipos de ambientes sem se ater às distrações. Ruídos e movimentação não são obstáculos para que ela realize seu trabalho. “Está evoluindo a passos largos”, definiu o subtenente.

3 imagens
Suri e sua equipe, vinda de Formosa
Rapidamente, ela encontra entorpecentes escondidos, sem perder o foco na tarefa
1 de 3

Suri, de 8 meses, já evoluiu muito

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles
2 de 3

Suri e sua equipe, vinda de Formosa

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles
3 de 3

Rapidamente, ela encontra entorpecentes escondidos, sem perder o foco na tarefa

Filipi Cardoso/Especial para o Metrópoles

Assim que estiver apta, Suri retornará a Formosa e começará a atuar em operações no estado goiano.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?