Conheça Mateus: cadeirante e multiatleta que sonha com as Olimpíadas

Qualquer tentativa de definir o morador de Águas Claras Mateus Moreira de Almeida, 16 anos, parece insuficiente. Estudante, skatista, tenista, dançarino: ele é tudo isso junto e misturado. Mateus é um multiatleta, e, talvez, “cadeirante” seja a palavra com que ele menos se identifique.

O adolescente nasceu com mielomeningocele, uma deficiência que causa má formação na coluna vertebral e o impede de andar, e por isso já passou por sete cirurgias. Desde muito cedo, Mateus aprendeu a ver o mundo sob a perspectiva de quem vive sentado. Mas o espírito aventureiro o faz esquecer as dificuldades da cadeira de rodas e conquistar espaço entre os paratletas.

No ano passado, foi o único representante do Distrito Federal a participar da primeira competição de paraskatistas do Brasil: o Campeonato Brasileiro de Street Skate Amador, no Rio de Janeiro. Desde então, ele compõe o time de atletas da Federação de Skate do DF (FSKTDF).

Mateus agora sonha com o dia em que irá representar o Brasil nas Paraolimpíadas. Como o skate ganhará status de esporte olímpico a partir dos jogos de 2020, o jovem aguarda ansiosamente a inclusão da modalidade na versão paralímpica da competição. Enquanto isso não acontece, ele tem intensificado os treinos de tênis.

No skate ou no tênis, com certeza, um dia, representarei Brasília

Mateus Moreira de Almeida, 16, multiatleta e cadeirante

 

 

A rotina do jovem é tão intensa quanto a sua dedicação ao esporte. Incluem o roteiro escola todas as manhãs, duas horas de estudos por dia, treinos de tênis duas vezes por semana, aulas de hip hop às quintas-feiras, prática de stand-up paddle aos sábados e, para relaxar, o rolê de skate aos domingos.

Acompanhado da mãe, Adriana, 47 anos, o estudante do 9º ano do ensino fundamental roda a cidade entre uma atividade e outra. Vai de Águas Claras ao Lago Norte, da Asa Sul à Asa Norte.

 

 

Inspiração
“Ele me dá muita força. É minha inspiração”, diz a mãe, que foi encorajada pelo filho a fazer aulas de dança do ventre, além de stand-up paddle e corrida. A servidora pública aposentada fala com orgulho do jeito desenrolado e radical do filho.

Adriana revela o próximo desafio em família: participar da corrida internacional Wings for life, que ocorre em maio, em Brasília. O evento arrecada dinheiro para financiar pesquisas sobre a cura da lesão na medula espinhal.

Quem vê a agitação com a qual o adolescente leva a vida, nem imagina o diagnóstico dado pelos médicos quando Mateus ainda era um bebê.

Me disseram que ele não teria muito tempo de vida. A partir daí eu falei para mim mesma: ‘meu filho vai ser diferente’

Adriana Moreira de Almeida, mãe de Mateus

E, assim, Adriana fez do filho um atleta. Primeiro, de natação. Depois, do tênis, do basquete, do tiro com arco, do skate e do stand-up paddle. A música e a dança também entraram no currículo do rapaz, que já fez aulas de bateria e hoje se dedica ao hip hop.

Mateus mantém viva a lista de desejos. Depois de conquistar o sonho olímpico, o multiatleta quer se formar em educação física para incentivar pessoas com deficiência a se exercitar. “No futuro, eu me imagino fazendo o que gosto: praticar esporte, seja lá ele qual for”, diz, com determinação.