Confira como é a rotina de Eduardo Cunha na carceragem da PCDF
Ele não tem contato com outros presos, mas conversa com agentes e disse que o clima de Brasília é mais agradável que o de Curitiba
atualizado
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Preso há 25 dias no Departamento de Polícia Especializada (DPE) da Polícia Civil, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aparenta tranquilidade. Ele não tem contato com outros presos, mas conversa com agentes. Em uma oportunidade, chegou a dizer que o clima de Brasília é mais agradável que o de Curitiba, pois lá é muito frio. Por ser preso especial, fica em uma sala separada dos demais.
Cunha saiu de Curitiba em 15 de setembro para prestar depoimento sobre desvios de dinheiro do Fundo de Investimentos da Caixa Econômica Federal (FI-FGTS). A oitiva, na 10ª Vara Criminal Federal, foi adiada diversas vezes e, até esta publicação, ainda não tinha uma nova data marcada. Neste processo, ele responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em operações fraudulentas. Após o depoimento, Cunha voltará ao Complexo Médico-Penal, em Pinhais (PR), onde estava detido.
Para variar um pouco o cardápio da carceragem, onde são servidas três refeições, ele compra lanches na cantina. No comércio, encontram-se enlatados, salgados, macarrão instantâneo, sucos e refrigerantes. Como ele está detido há mais de 10 dias, o peemedebista obteve o benefício de receber visitas. A filha, Barbara Cunha, vai ao local com frequência.
A sala de Cunha tem vista para o corredor e espaço suficiente para acomodar quatro detentos. Dois servidores do Governo do Distrito Federal, presos na última semana na Operação Mobilidade, estão alojados próximo ao cômodo de Cunha. Por serem servidores públicos, Pedro Brasil e Cláudio Pinheiro estão em unidades individuais. Nos cubículos, há dois beliches e um banheiro com dimensões de 2m x 3m. O chuveiro tem água quente apenas durante o dia. À noite, o banho é muito frio.
As salas são as mesmas onde ficaram detidos o ex-governador do DF Agnelo Queiroz e o ex-vice Tadeu Filippelli, presos na Operação Panatenaico e investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e fraude nos contratos das obras do Estádio Mané Garrincha.
Condenação
Em março deste ano, o juiz federal Sérgio Moro condenou Cunha (PMDB) a 15 anos e 4 meses de prisão por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas. O peemedebista foi sentenciado pelo recebimento de propina na compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobras, em 2011.
“Entre os crimes de corrupção, lavagem e evasão fraudulenta de divisas, há concurso material, motivo pelo qual as penas somadas chegam a 15 anos e 4 meses de reclusão, que reputo definitivas para Eduardo Cosentino da Cunha. Quanto às penas de multa, devem ser convertidas em valor e somadas”, condenou Moro.
Eduardo Cunha foi preso preventivamente por ordem de Moro em 19 de outubro de 2016, em Brasília. O deputado cassado teria recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5 milhões referentes à aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin. O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção.