metropoles.com

Comunidade do DF consome água de rio que corre ao lado de aterro sanitário

Ao longo das últimas semanas, ativista tem registrado os níveis de poluição do Rio Melchior e acionou MPDFT e comissões da CLDF

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
Aterro Sanitário de Brasília (ASB) próximo ao rio Melchior
1 de 1 Aterro Sanitário de Brasília (ASB) próximo ao rio Melchior - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Um ativista ambiental acionou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e as comissões de Defesa de Direitos Humanos e do Meio Ambiente da Câmara Legislativa do DF (CLDF) para apurar a situação do Rio Melchior, na altura da ponte da Vicinal 311 (VC-311).

Ao longo das últimas semanas, Newton Vieira tem registrado os níveis de poluição da parte do rio que fica próxima ao Aterro Sanitário de Brasília, na região de Samambaia. A Defesa Civil classificou o local como área de emergência sanitária.

De acordo com o ativista, o trecho do córrego que fica nas proximidades da comunidade da Antiga Cerâmica, às margens da VC-311, no Sol Nascente, está poluída. A comunidade ribeirinha consome água captada de cisternas, e a probabilidade de contaminação é grande.

O Metrópoles esteve no local e constatou o mau cheiro, além de água turva, assoreamento e presença de espuma espessa na água.

Morador da Antiga Cerâmica desde 1999, o aposentado Antônio Valença da Silva, 81 anos, conversou com a reportagem e disse que a situação piorou após a inauguração do Aterro Sanitário de Brasília, situado nas proximidades.

“Aumentou o volume e o vazamento de chorume. A água ficou escura. Tem dias que a água está preta, cheia de espuma grossa e com cheiro forte”, contou Antônio.

O aposentado diz que no local não há água encanada e, por isso, a comunidade acaba consumindo a água que vem do rio. “Tudo o que usamos vem de cisternas.”

Para o morador da região, o Governo do Distrito Federal (GDF) deveria dar atenção maior à situação. “Quando eu cheguei aqui, essa água era melhor. Ao longo dos anos, foi ficando poluída. Nos dias de chuva, antigamente, nós conseguíamos até tomar banho. Hoje, não sabemos o que ocorre. Os técnicos do GDF aparecem aqui, fazem estudos, medem os níveis, mas não há melhorias”, pontuou.

Carmelina Félix da Silva, 66, se mudou para a comunidade com a família há cerca de um ano. “Desde que chegamos, sabemos que esse rio é poluído e não usamos a água de lá. Sabemos que não é tratada por causa da cor. Tem dias que está mais clara e, outras vezes, muito escura e espumosa. A espuma é alta. Temos a certeza de que há chorume e poluição. O desejo era o de ver esse rio limpo”, comentou Carmelina.

Rio Melchior VC-311

Carcaças de animais

O ativista ambiental Newton Vieira relatou ao Metrópoles que visita a região desde o início de abril. “Em uma das idas até o Rio Melchior, percebemos que em toda a extensão, até a divisa entre o DF e Santo Antônio do Descoberto, no Entorno, ele está poluído. Também encontramos nove carcaças de tartarugas próximas ao aterro e comunicamos o fato à Polícia Civil para investigação. Não sabemos se os animais morreram por causa da poluição, mas tudo indica que sim”, lamentou.

“Na região da Antiga Cerâmica, a nossa preocupação é porque os moradores não têm acesso à água potável. Não sabemos até que ponto o solo está contaminado. Eles falaram que receberam informações para fechar as cisternas, mas é a única fonte de água disponível. Entramos com os pedidos, tanto nas comissões (da CLDF) como no MPDFT, para pedir providências. Esse é um caso não só ambiental, mas de saúde pública”, complementou.

O ativista chegou a encontrar, ainda, cascas de ovo, provavelmente de tartarugas, além de novos registros da espuma grossa e com forte mau cheiro.

Veja as gravações registradas pelo ativista:

Imagens do Rio Melchior:

9 imagens
1 de 9

Nathália Cardim/Metrópoles
2 de 9

Imagem cedida ao Metrópoles
3 de 9

Nathália Cardim/Metrópoles
4 de 9

Nathália Cardim/Metrópoles
5 de 9

Nathália Cardim/Metrópoles
6 de 9

Nathália Cardim/Metrópoles
7 de 9

Nathália Cardim/Metrópoles
8 de 9

Nathália Cardim/Metrópoles
9 de 9

Michael Melo/Metrópoles
O outro lado

Acionada pela reportagem, a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Prodema), do MPDFT, informou não ter conhecimento do ato da Defesa Civil. Porém, diante dos fatos e das providências tomadas em relação a outras notícias quanto à poluição do Rio Melchior, vai instaurar procedimento administrativo a fim de acompanhar o caso e adotar demais medidas necessárias.

A Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil, vinculada à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), comunicou que está prevista, para a próxima semana, vistoria na área.

O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) informou que realiza diversas ações fiscais no local, autuando todas as infrações ambientais encontradas. “É importante ressaltar que a Caesb possui licenciamento ambiental e apresenta periodicamente a análise dos diferentes aspectos dos efluentes lançados no Rio Melchior”, assinalou.

O Rio Melchior está classificado com Classe IV, segundo Resolução nº 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que proíbe contato humano, pesca ou irrigação no local.

A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa) realiza o monitoramento da qualidade da água por meio dos dados coletados em estações superficiais e em pontos específicos situados acima e abaixo das estações de tratamento de esgoto da Caesb. O objetivo é verificar se os corpos hídricos estão compatíveis com os padrões esperados para o seu enquadramento.

Os dados disponíveis no portal de qualidade das águas superficiais do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos do DF demonstram que a carga orgânica remanescente e a concentração de oxigênio dissolvido, medidas nos pontos de controle dessa unidade hidrográfica, atendem ao que foi estabelecido pelo enquadramento.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?