metropoles.com

Como delegado e seus parentes montaram escritório da maconha no DF

Detalhes da investigação mostram que Marcelo Marinho de Noronha e família comercializavam skunk, tipo mais puro da droga

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
Plantas encontrada em lote de delegado preso
1 de 1 Plantas encontrada em lote de delegado preso - Foto: Reprodução

O Metrópoles teve acesso a detalhes da investigação que levou o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Marcelo Marinho de Noronha, a esposa e os filhos para a cadeia. Eles foram flagrados com uma grande plantação de maconha, na região de São Sebastião, e indiciados por tráfico e associação para o tráfico. Informações apuradas pela Corregedoria-geral da PCDF apontam que os filhos mantinham um escritório especializado na comercialização de skunk, tipo mais puro da droga vendido na Europa.

Conforme revelou o Metrópoles, o delegado foi preso em flagrante nessa sexta-feira (4/12). Além dele, estão detidos a esposa, Teresa Cristina Cavalcante Lopes, e os filhos Ana Flavia Rubenich e Marcos Rubenich Marinho de Noronha. O delegado-geral da PCDF, Robson Cândido, pediu a exoneração do policial. Ele e os parentes passaram por audiência de custódia, na tarde deste sábado (5/12), e foram mantidos presos preventivamente pela Justiça do DF.

12 imagens
Teresa Cristina Cavalcante Lopes
Ana Flavia Rubenich
Delegado da PCDF foi preso por suspeita de tráfico de drogas
Plantação de maconha encontrada com delegado e família
Sementes de origem internacional foram encontradas na chácara
1 de 12

Marcelo Marinho de Noronha foi preso acusado de tráfico

Reprodução
2 de 12

Teresa Cristina Cavalcante Lopes

Reprodução
3 de 12

Ana Flavia Rubenich

Reprodução
4 de 12

Delegado da PCDF foi preso por suspeita de tráfico de drogas

Material cedido ao Metrópoles
5 de 12

Plantação de maconha encontrada com delegado e família

Material cedido ao Metrópoles
6 de 12

Sementes de origem internacional foram encontradas na chácara

Material cedido ao Metrópoles
7 de 12

Família do delegado foi presa

Material cedido ao Metrópoles
8 de 12

Polícia apreendeu plantas na chácara da família

Reprodução
9 de 12

A Justiça anulou as provas do caso

Reprodução
10 de 12

11 de 12

Família defende que a cannabis é para fins medicinais

Reprodução
12 de 12

Delegado e esposa têm indicação médica para uso da cannabis, diz advogado

Reprodução

 

O caso chegou ao conhecimento da Corregedoria-Geral por meio de uma denúncia. De acordo com as informações passadas para os investigadores, o tráfico supostamente feito pela família do delegado ocorreria há anos.

A investigação teve início na manhã de 17 de novembro e as equipes passaram a fazer monitoramento da família. Os agentes constataram que o delegado tinha um rotina intensa, se revezando entre sua residência, as atividades no Complexo da Polícia Civil e a chácara em São Sebastião, onde a plantação foi encontrada. Os filhos, de acordo com as apurações da Corregedoria, visitavam o espaço localizado no Núcleo Rural Nova Betânia.

Durante o monitoramento, o filho chegou a ir a uma casa de câmbio no Aeroporto Internacional de Brasília. Um outro fato registrado no decorrer das apurações chamou a atenção dos investigadores. A família fazia compras sucessivas de sacos de gelo. Os policiais fizeram diversas pesquisas em fontes abertas na internet e verificaram que o material pode ser usado na produção da droga, aplicado no processo de secagem e extração para a produção de tipos mais concentrados do entorpecente.

A investigação coordenada com a Corregedoria-Geral contou com a utilização de drones. As imagens captadas pelo equipamento mostraram diversos vasos empilhados no canto do lote, bem como mudas de maconha e demarcações no solo para o plantio.

As imagens foram comparadas a outros registros feitos via satélite do lote e, segundo as investigações, comprovariam uma expansão da plantação. Ainda de acordo com o processo, verificou-se que a iluminação instalada no lote é utilizada para o desenvolvimento da planta. O terreno está em nome de Teresa.

Durante as buscas feitas na noite dessa terça-feira (4/12), foi localizada uma estrutura para produção de maconha em “escala industrial”, conforme o processo. Cômodos foram projetados para servirem de estufas.

“Ao dar cumprimento aos mandados, na chácara em que supostamente estavam sendo plantados os entorpecentes, a Polícia Civil encontrou um complexo de produção de maconha, que segundo o condutor do flagrante, seria em escala industrial e nunca, em 22 anos de polícia, havia visto algo semelhante”, destacou parte do processo.

Apreensão

A polícia apreendeu pés de maconha, grandes e pequenos, fertilizantes, uma pistola da marca Taurus, calibre .40, de propriedade da PCDF, uma espingarda calibre .12, diversas munições calibre .40, contas de água e luz da referida chácara em nome de Teresa Cristina Cavalcante Lopes, rolo de saco plástico para provável, entre outros materiais.

De acordo com o relatório policial, Marcelo Noronha contou ter viajado entre os dias 14 e 21 de novembro, na companhia de sua companheira, para a Colômbia, para  aquisição de sementes de cannabis. Ele admitiu, ainda segundo o documento, que fornecia a substância entorpecente para amigos próximos.

“Vale ressaltar, que na data de hoje, durante o trajeto entre a chácara e sua residência, Marcelo mencionou que a viagem entre os 14 e 21 de novembro, na companhia de sua companheira, esteve na cidade de Bogotá na Colômbia para aquisição de sementes de cannabis, bem como mencionou que fornecia a substância entorpecente para amigos próximos”, diz trecho da investigação.

Noronha é delegado da 1ª classe. Ele já atuou na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) e atualmente integrava a Comissão Permanente de Disciplina (CPD) da PCDF.

O outro lado

Advogado da família, Cleber Lopes disse que a plantação era para consumo próprio e faz parte de um projeto do delegado para desenvolver tecnologia referente à produção do canabidiol (substância derivada da maconha) para uso terapêutico. A defesa refuta a ligação com crime: “A polícia não reuniu nenhum elemento externo que pudesse relevar tráfico”.

Lopes pontuou que “não tem nenhum laudo nos autos dizendo que a quantidade de planta seria capaz de produzir determinada quantidade de entorpecente para consumo”. “Não há nenhuma informação de que eles se dedicassem ao tráfico de entorpecente. O Marcelo é delegado de polícia de classe especial, já foi diretor de presídio. Ele tem receita recebida nos Estados Unidos para uso da cannabis com finalidade terapêutica e achou melhor produzir do que comprar”, afirmou.

Segundo o advogado, o delegado tinha propósito de desenvolver tecnologia a fim de produzir o canabidiol para tratamento contra doenças. “É uma realidade mundial e os juízes no Brasil já estão deferindo liminares para que pessoas façam uso do canabidiol. Ele enxergou nisso uma possibilidade interessante, passou a estudar o assunto, viajou para os EUA várias vezes, participou de congresso sobre o tema. O Marcelo chegou a fazer minuta de contrato social de empresa e estava procurando uma forma de regularizar isso na Anvisa para poder fazer pesquisa. Errou em começar antes da autorização”, assinalou.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?