Comércio da Asa Sul vive crise com viadutos fechados para obra há 5 meses
Segundo lojistas das quadras 107/108 Sul e 111/112, a demora nas reformas dos elevados tem contribuído para a forte queda nas vendas
atualizado
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Lojistas da Asa Sul passam por transtornos com a interdição de viadutos de tesourinhas para obras há pelo menos cinco meses. Segundo comerciantes das quadras 107/108 e 111/112 Sul, a demora na liberação das pistas situadas embaixo dos elevados tem dificultado a entrada de clientes nas ruas e, consequentemente, contribuído para a queda nas vendas do comércio local.
Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), na 107/108 Sul, as obras estruturais tiveram início no dia 22 de maio e foram concluídas em 24 de agosto. Contudo, os trabalhos de urbanização — que dizem respeito a serviços de asfaltamento das vias, plantio de grama e poda de árvores, por exemplo — começaram em 1º de setembro e só devem ser finalizados “na segunda quinzena de novembro”. Até lá, as tesourinhas seguem fechadas.
Flauene Almeida, 32, é supervisora da lanchonete Bolos do Flávio, na 108 Sul. Ela relata que, desde a interdição do viaduto, clientes reclamam da dificuldade para chegar ao local de carro.
“Tem gente que vinha três vezes na semana e, agora, só vem uma, porque pensa na volta que precisa dar para chegar aqui. Infelizmente, temos de esperar alguma conclusão dessa obra para as vendas voltarem ao normal”, comenta.
Também comerciante na quadra, a gerente da loja de utensílios Multicoisas, Meire Sevioli, 46, chegou a gravar um vídeo comentando sobre a situação no local. Veja abaixo:
“Temos clientes fidelidade da loja que não estão conseguindo acesso e reclamam muito. A gente está para enlouquecer. Estamos apavorados mesmo, pois está muito complicado”, disse Meire ao Metrópoles.
Lojas fechadas
Na 111/112 Sul, as obras estruturais no viaduto começaram no dia 15 de julho e foram concluídas em 15 de outubro, de acordo com a Novacap. As reformas urbanísticas, por sua vez, tiveram início nessa segunda-feira (26/10), com serviços de jardinagem, e devem ser entregues “na primeira quinzena de novembro”. Segundo os comerciantes, ao menos quatro estabelecimentos da região fecharam em 2020.
Para Paula Carneiro, 45, dona de uma loja de roupas no local, a obra é necessária, mas a demora na finalização é o que tem preocupado os empresários. “Nós fechamos a loja em março por conta da pandemia. Retomamos em maio e, logo depois dessa volta, eles fecharam a tesourinha”, relata.
“A gente não está suportando mais, porque foi uma coisa atrás da outra. Como a rua fica fechada, o cliente não passa por aqui. Estamos tentando segurar os funcionários, mas no último suspiro já”, afirma.
Morador da Asa Sul, Marcos Simas, 57, é dono da sorveteria Moka’s, que está há 40 anos na 111/112. Neste ano, ele vive o drama de uma crise financeira sem precedentes. “A obra já está pronta, mas essa segunda fase é que demora muito e não conseguimos entender. Por que ainda temos de esperar uma máquina vir recapear uma coisa que já está boa?”, desabafa.
Entidades reforçam problema
Conforme considera o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF), José Magalhães, “falta celeridade do governo nesse quesito”. “A estrutura [obra no viaduto] precisa ser feita porque, se não cuidamos hoje, amanhã podemos pagar mais caro. Mas a questão é a demora na entrega. Se o cliente que costumava ir na quadra perde esse hábito da compra, para ele voltar depois é mais difícil”, pontua.
Assim como ele, o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, avalia que a crise financeira na lojas “tem a tendência de piorar”. “O assunto atual entre os comerciantes é praticamente só esse: a falta de movimento porque as tesourinhas estão interditadas.”
“Os bares e restaurantes nessas quadras estão altamente prejudicados. Já tem a questão da pandemia, que leva os estabelecimentos a só permitirem 50% da capacidade. Agora, com isso, tem lugar que você vai e está totalmente vazio. Esses serviços [obras] precisam ser agilizados”, enfatiza.
O que diz a Novacap
Em nota, a Novacap detalhou os dois trabalhos que estão sendo realizados nos conjuntos de viadutos da Asa Sul:
- Reforma estrutural: realizada por empresa contratada após processo licitatório. São os serviços de reforço estrutural, revitalização e pintura dos viadutos.
- Serviços de urbanização: realizados por equipes compostas por empregados da Novacap, que se revezam entre tesourinhas e serviços emergenciais. São os trabalhos de reforma no pavimento e asfaltamento das vias que passam pelo conjunto de viadutos, plantio de grama, poda de árvores, limpeza, troca ou reforma das bocas de lobo existentes (se necessário) e recuperação das calçadas. Em parceria com o Detran-DF e o SLU, também são realizados os serviços de implantação da sinalização de trânsito e limpeza geral.
Na Asa Sul, o contrato vigente de reforma de viadutos, com investimento de R$ 3.382.888,95, contemplou as tesourinhas das quadras 103/104, 107/108, 111/112 e 115/116. As das quadras 101/102, 105/106, 109/110, 111/112 (agulinha) e 113/114 serão reformadas por empresa a ser escolhida em uma nova licitação.
Ainda segundo a Novacap, “a situação das tesourinhas da Asa Sul estava muito mais complicada que o previsto, o que fez com que a estimativa de prazo de término das obras fosse aumentada”. Veja como andam as obras em cada uma delas:
- 101/102: a licitar
- 103/104: entregue
- 105/106: a licitar
- 107/108: obras estruturais concluídas. Iniciadas obras de urbanização, com prazo para entrega de três semanas.
- 109/110: a licitar
- 110/111: a licitar (agulinha)
- 111/112: obras estruturais concluídas
- 113/114: a licitar
- 115/116: entregue