Salva de tiros e chuva de pétalas de rosas na despedida de agente
Amigos e familiares deram adeus a Rafael Soares, que morreu após assalto em Valparaíso, no Entorno do Distrito Federal
atualizado
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Com honras fúnebres, sob aplausos, salva de tiros, chuva de pétalas de rosas brancas e muita emoção, o corpo do agente de atividades penitenciárias Rafael Soares, 28 anos, foi enterrado na tarde desta terça-feira (26/6) no Cemitério Jardim Metropolitano de Valparaíso, no Entorno do Distrito Federal.
O jovem agente, que era lotado na Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE), morreu após ser baleado em um assalto na terça-feira (19), na mesma cidade. Por volta das 10h20, um comboio de viaturas com as sirenes ligadas chegou ao cemitério. Foi a primeira de uma série de homenagens prestadas a Rafael por cerca de 300 pessoas.
Por volta das 15h, o cortejo seguiu para o sepultamento sob silêncio, que só foi quebrado durante a salva de tiros e os aplausos. Os colegas também fizeram a chamada “oração do guerreiro de intervenção prisional”, que pede proteção e sabedoria para que os agentes possam defender a sociedade.
“Que a força e a coragem sejam sempre nossos escudos protetores”, diz uma das frases ditas pelos agentes. Sobre o caixão, uma bandeira que representa o sistema penitenciário e outra do Brasil. Muitos colegas não conseguiram conter as lágrimas durante o sepultamento.
Rafael foi baleado na porta da casa dos pais. Eles presenciaram o crime, segundo Gabriel Soares, 23, irmão mais novo da vítima. Em seguida, o pai colocou o filho no carro, com a ajuda de outra pessoa, e o levou ao hospital.
Era uma pessoa muito justa e que ajudava todo mundo. Tinha muita vontade de melhorar as coisas. Na hora que fiquei sabendo (do assalto), o sentimento foi de desespero. Agora, fica a saudade. Fazíamos praticamente tudo juntos. É esperar que a Justiça faça a parte dela
Gabriel Soares
Presente no funeral, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Distrito Federal, Leandro Allan, disse que Rafael entrou para a profissão com 18 anos. “Era um jovem de família e com um grau intelectual elevado. Muito amigo e querido por todos. Um cara sereno, ótimo profissional e responsável em suas atribuições”, pontuou.
Entre os colegas, Rafael era conhecido como R. Soares. “Existe a suspeita de que eles (bandidos) já sabiam que ele era agente penitenciário. Entendo que o Estado brasileiro perdeu o controle da segurança pública. Falta investimento em equipamentos e nos próprios servidores”, ressaltou Leandro Allan.
Um agente penitenciário, que preferiu não se identificar, disse ter trabalhado com Rafael durante seis anos. “Era uma pessoa íntegra, honesta e de conduta irrepreensível. Um excelente profissional, pai, marido e filho. Não há nada que o desabone. O sonho dele era seguir a carreira jurídica. Também estava estudando para o concurso da Polícia Federal”, destacou.
O também agente de atividades penitenciárias Erik Marques, 37, trabalhava com Rafael há pelo menos cinco anos. “Pessoa supereducada, inteligente e divertida. Era responsável em tudo que fazia e estava sempre tentando melhorar o ambiente à sua volta. Fazia o trabalho dele com prazer, se dedicando além do esperado. Ficamos assustados”, ressaltou.
O crime
O crime ocorreu no bairro Céu Azul, em Valparaíso, no Entorno do Distrito Federal, na terça (19). De acordo com a Polícia Civil de Goiás, o agente estava em um Corolla branco quando foi abordado pelos assaltantes.
Rafael Soares teria reagido e, assim, iniciado uma troca de tiros. Ele foi baleado no maxilar. Encaminhado ao hospital de Valparaíso, teve que ser transferido de helicóptero ao Instituto Hospital de Base (IHB), a maior unidade de saúde do Distrito Federal. O agente perdeu a batalha pela vida no sábado (23).
Um dos assaltantes ficou ferido e foi levado ao Hospital de Santa Maria, mas não resistiu. Acusado de dar fuga ao comparsa que morreu logo depois do roubo, Rodrigo Dutra de Almeida foi preso na terça (19). Maycon Alef Silva e Melo, o terceiro suspeito, ainda continua sendo procurado.